Jogos vorazes: Desclassificados, lesionados ou suspensos, nomes de peso ficarão de fora da Olimpíada

Felippe Drummond Neto
fneto@hojeemdia.com.br
Publicado em 02/06/2016 às 19:24.Atualizado em 16/11/2021 às 03:43.
 (Timothy A. Clary/ AFP)
(Timothy A. Clary/ AFP)

Faltando pouco mais de dois meses para a Cerimônia de Abertura da Olimpíada do Rio, marcada para o dia 5 de agosto, no estádio Maracanã, as listas de esportistas classificados para a maior competição do planeta estão quase fechadas. Mas, apesar de reunirem os principais atletas em atividade, a ausência de alguns nomes de peso já são sentidas entre desclassificações, lesões, suspensões e até o medo do Zika vírus.

Entre os brasileiros, o caso mais simbólico é o do nadador Cesar Cielo. Atual recordista mundial e campeão em Pequim-2008, o nadador da Fiat/Minas ficou em terceiro lugar na final dos 50m livre do Troféu Maria Lenk e não conseguiu a vaga na Olimpíada. Foi superado por Bruno Fratus e Ítalo Manzine, que serão os representantes brasileiros na prova.

Outro nome de peso do esporte brasileiro que também não conseguiu se confirmar para disputar os Jogos do Rio foi o judoca Luciano Corrêa, da Belo Dente/Minas. Campeão mundial e medalhista de bronze em 2007 e 2005, respectivamente, Luciano ficou de fora da convocação da equipe brasileira de judô para a Olimpíada, que aconteceu na última quarta-feira.

Na categoria até 100 kg, o representante brasileiro será Rafael Buzacarini, de 24 anos, que garantiu a convocação por estar melhor colocado no ranking mundial. Aos 33, Corrêa vivia a expectativa de disputar os Jogos Olímpicos pela terceira e última vez na carreira, após estar presente em Pequim-2008 e Londres- 2012. Triste com a notícia, o judoca postou em sua página no Facebook uma mensagem de agradecimento a amigos e torcedores.
 

 

Aos amigos e torcedores, Infelizmente, não fui convocado para representar o Brasil nos jogos olímpicos de 2016. Essa seria minha última participação em busca de meu maior sonho: ser medalhista olímpico. Desde a derrota amarga em Londres, penso nesse momento. Mas, o momento não veio. Estive na frente do rankeamento mundial por todo ciclo olímpico. Mantive-me na elite do Judô mundial a custo de muito esforço, o que não reclamo, pois foi o que escolhi e sei o preço que tenho que pagar. Acredito ter sido ao longo de todos esses anos, um atleta correto perante o meu clube, à Confederação Brasileira e a toda nação. Sempre respeitei meus adversários dentro e fora do tatame. Por isso, aproveito para parabenizar meu companheiro de categoria Rafael Buzacarini pela convocação, lhe desejo sucesso e, como todo brasileiro e amante do judô, torcerei por ele e toda seleção olímpica. Agradeço a torcida de todos os que me acompanharam até aqui, o momento é de dor mas, tenho plena consciência que fiz tudo dentro do meu alcance, dentro da legalidade, da ética para conquistar essa vaga e ter a honra de representar mais uma vez o meu país. Acredito ser necessário nesse momento agradecer em especial, a minha família, por absolutamente tudo que passamos juntos. Já amargamos outros momentos de derrota antes, soubemos como lidar com isso e saberemos novamente agora. Fiz do Judô minha filosofia de vida e ele me proporcionou momentos únicos, lições que levarei para sempre. Esta não é uma mensagem de despedida, é uma mensagem de agradecimento. Não farei desse momento minha última lembrança do Judô, buscarei algo mais, serei o Luciano de sempre, aquele que vai até o fim, não aprendi a ser de outro jeito e agradeço por isso.

Uma foto publicada por @correaluciano em


No basquete, o pivô brasileiro Tiago Splitter, que disputa a NBA pelo Atlanta Hawks, também ficará de fora. O jogador da Seleção se recupera de uma cirurgia no quadril direito, realizada em fevereiro. O técnico Rubén Magnano disse que esperaria a recuperação, mas, ontem, o atleta anunciou que será comentarista de TV nos Jogos. “Uma lesão me tirou o sonho de jogar no meu país, mas estarei perto dos meus amigos e companheiros”, disse.

Estrangeiros
O basquete, aliás, deverá ser a modalidade com o maior número de estrelas ausentes dos Jogos. Assim como Splitter, o norte-americano Anthony Davis, principal pivô do basquete mundial, atualmente no New Orleans Pelicans, da NBA, passou por cirurgias no ombro e no joelho esquerdos e também não estará no Rio de Janeiro.

Além dele, o pivô espanhol Pau Gasol e o ala norte-americano Carmelo Anthony também são dúvidas, mas não por lesão. Ambos já deram declarações de que podem não disputar a Olimpíada em razão do surto do Zika.

No tênis, outras duas estrelas também aderiram ao discurso duvidoso em decorrência da doença: entre os homens, o escocês Andy Murray, terceiro colocado no ranking mundial da ATP e semifinalista do Grand Slam de Roland Garros; e, entre as mulheres, a norte-americana Serena Williams, número 1 do ranking mundial da WTA.

Sharapova

Por fim, o caso mais polêmico é o da também tenista Maria Sharapova. Suspensa por doping depois de testar positivo para a substância Meldonium durante a disputa do Aberto da Austrália, a russa será convocada para os Jogos Olímpicos de 2016, porém ainda sem saber se será liberada para poder entrar em quadra no Rio.

Caso a parte
O futebol é um caso a parte. Apesar de Argentina, Portugal, Suécia e Alemanha estarem classificadas para o torneio olímpico, os expoentes das respectivas seleções Lionel Messi, Cristiano Ronaldo, Ibrahimovic, Neuer e Thomas Muller não deverão desfilar seu futebol pelos gramados brasileiros.

Isso porque a competição não é chancelada a Fifa, com isso não há obrigatoriedade dos times liberarem os jogadores, além de as seleções serem formadas por jogadores sub-23 e poder contar com três 'reforços' acima dessa idade.

Apesar disso, o Brasil deverá lecar o que tem de melhor para tentar a inédita medalha de ouro. Tanto é que a CBF abriu mão da participação de Neymar na Copa América Centenário que começa a ser disputada nos Estados Unidos, nesta sexta-feira (3).

No torneio feminino o que acontece é o inverso. Como não tem nenhuma imposição da Fifa, as seleções disputam a competição olímpica com força máxima. Porém as principais jogadoras norte-americanas ameaçam um boicote contra a Federação Americana de Futebol. Segundo as atletas Becky Sauerbrunn, Carli Lloyd, Alex Morgan, Megan Rapinoe e Hope Solo, no ano passado, as mulheres receberam quatro vezes menos que os homens, apesar de terem gerado muito mais receita no futebol do país. Mesmo assim a goleira alemã Nadine Angerer e a brasileira Marta, estão garantidas na disputa.

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