Jornalista cita dificuldade em noticiar paradeiro do Deportivo Lara, que atrasa chegada ao Brasil

Guilherme Piu
11/03/2019 às 16:14.
Atualizado em 05/09/2021 às 17:44
 (Divulgação/Deportivo Lara)

(Divulgação/Deportivo Lara)

A crise política vivida na Venezuela afeta toda a sociedade local e, como não poderia ser diferente, os problemas que assolam o país atingem diretamente o futebol. Tanto que o Deportivo Lara, adversário do Cruzeiro nesta quarta-feira, às 19h15, no Mineirão, teve que alterar toda sua logística de viagem antes do duelo válido pelo Grupo B da Copa Libertadores.

O caos energético vivido na Venezuela, que passa por um blecaute no setor, atrapalha o andamento, inclusive, das atividades aeroportuárias de cidades importantes, e isso atinge diretamente o calendário esportivo.

A chegada dos venezuelanos ao Brasil estava prevista para esta segunda-feira (11), quase 48 horas antes do duelo. Entretanto, somente na terça os jogadores e comissão técnica da equipe devem chegar a Belo Horizonte, menos de um dia do horário marcado para o confronto.

“O Deportivo Lara tinha o plano de sair sábado da Venezuela, passaria pelo Panamá, e de lá iria ao Paraguai, de onde partiria para o Brasil. A ideia era descansar no Paraguai no domingo, e a delegação deveria chegar ao Brasil na segunda-feira”, explicou ao Hoje em Dia o jornalista Andrés Bolívar, que acompanha o dia a dia do clube venezuelano.  

Jogos adiados

A equipe teria que jogar no último domingo contra o Estudiantes de Caracas pelo Campeonato Venezuelano, no entanto a partida teve a data alterada por dois motivos. O primeiro por ter atuado na sexta-feira contra o Emelec, do Equador, na partida de estreia do Grupo B da Copa Libertadores. O que entraria em campo com menos de 48 horas entre uma partida e outra. O segundo pelos problemas energéticos vividos na Venezuela.

Lembrando que o jogo entre Deportivo Lara x Emelec aconteceria na quinta-feira passada, mas por falta de energia no estádio teve que ser jogado um dia depois.

Falta de informação

Andrés ainda mostrou dificuldades de informar se a delegação do Deportivo Lara já havia viajado ao Brasil. “Não temos informação, é difícil se comunicar com o departamento de imprensa do Deportivo Lara. Acredito que os atletas já estejam em viagem ou até mesmo chegado a São Paulo. Diferentemente disso, teriam pouco tempo para treinar”, opinou.

O site do Deportivo Lara também não recebe atualizações há algum tempo. Outro problema ocasionado pelo caos elétrico venezuelano.

Treino para conhecer o Mineirão?

De acordo com informações passadas à reportagem, a diretoria do Deportivo Lara também não entrou em contato com o Mineirão para informar que visitaria o estádio para o famoso treino de adaptação ou de “conhecimento do gramado”. Isso, talvez, pelos problemas de comunicação vividos no país vizinho.

“Não saberia te dar informação de hotel e nem hora de chegada pelos mesmos problemas da luz. Há uma falta de comunicação não só no clube, mas a nível nacional, em todo o país. Não se tem nenhuma informação, uma boa comunicação com respeito ao que passa dentro da equipe desde o mesmo dia da partida contra o Emelec pela falta de eletricidade. Não nos conseguimos nos comunicar com o departamento de imprensa, pelo problema que ainda persiste”, comentou Andrés Bolívar, que ainda consegue se comunicar por ter algum sinal de internet pelo wi-fi.

Caos financeiro e político

Cidades importantes da Venezuela estão sem o devido e pleno fornecimento de energia elétrica. Essa é a pior queda de fornecimento elétrico na história do país, justamente no período em que o presidente Nicolás Maduro, considerado um ditador por diversos líderes diplomáticos, enfrenta um colapso econômico pela inflação exorbitante e problemas políticos que assolam a Nação.

Os menos favorecidos há meses passam dificuldades para se alimentar e são auxiliados por doações realizadas por ajudas humanitárias. Com os problemas de energia na Venezuela, supermercados e estabelecimentos do ramo alimentício passam por problemas graves e filas quilométricas de pessoas em busca de água e alimentos são registradas em alguns pontos.

Apesar desse cenário turbulentíssimo, o jornalista Andrés Bolívar afirma que um clube de futebol escapa dessas mazelas.

“Com respeito à alimentação, como (o Deportivo Lara) é uma equipe de futebol profissional, não se vê tão afetada pela situação no País. A má alimentação afeta claramente as pessoas de menores recursos na Venezuela. Isso não afetou a equipe. (os jogadores) Estiveram concentrados antes da partida na Venezuela (contra o Emelec) e isso os favoreceu muito, pois têm nutricionistas, médicos que se encarregam que os jogadores tenham boa alimentação, não há efeitos com respeito a isso”, comenta.

Perguntado se toda essa situação caótica da Venezuela afeta a parte anímica dos atletas, o jornalista venezuelano disse que o clube faz um trabalho específico com psicólogos para manter os atletas concentrados.

“O psicológico é trabalhado com os jogadores de maneira constante, tratando de manter o ânimo em alto, mesmo com a situação que se passa no país, realiza atividades motivacionais com frequência, a ideia é manter o espírito competitivo e desportivo do Deportivo Lara o mais alto possível”, finaliza.

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