José Aldo: ‘Vou fazer o que sei e voltar com o cinturão’

Felippe Drummond Neto - Hoje em Dia
06/12/2015 às 11:36.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:14
 (Inovafoto/Divulgação)

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Não são apenas os fãs que estão empolgados com a chegada do UFC 194, marcado para o próximo sábado (12), em Las Vegas, nos Estados Unidos, quando será disputada a aguardada luta pelo cinturão peso-pena (até 66kg), entre o campeão linear José Aldo e o interino Conor McGregor. Em entrevista exclusiva ao Hoje em Dia durante a preparação para o duelo contra o irlandês, o brasileiro falou sobre o que espera do combate de maior repercussão nos últimos anos da organização, até mesmo se comparado à segunda luta entre Anderson Silva e o também falastrão norte-americano Chael Sonnen.


O que podemos esperar do José Aldo nesta luta?
Podem esperar o José Aldo que todos se acostumaram a ver, agressivo, andando para a frente o tempo todo e buscando acabar com a luta a qualquer momento. Existe uma expectativa muito grande em cima dessa luta, todo mundo quer ver, mas na minha cabeça penso que vai ser só mais uma, como todas as outras. Vou entrar lá, fazer o que sei e voltar com o cinturão para casa.


O que você realmente pensa a respeito do Connor McGregor?
Ele é um bom lutador, perigoso em pé, não chegou até a disputa do título à toa. Mas eu não estou preocupado com ele. Já enfrentei atletas tão duros ou até mais do que ele, por isso penso apenas em mim e no tenho que fazer para vencer. Garanto que, depois do dia 12 de dezembro, ninguém mais vai ter qualquer dúvida sobre quem é o verdadeiro rei da divisão dos penas.

Além do habitual, você acha que precisará mostrar mais armas contra o jogo do McGregor?
Acho que não. Me vejo como um lutador bem completo e já demonstrei isso nas minhas lutas. Vou fazer o que vai ser traçado pelo Dedé (treinador) e pela nossa equipe. Encaro essa luta como todas as outras, e minhas armas para vencer vão ser as mesmas de sempre.

Se você pudesse escolher um método para vencer, qual seria?
Eu quero vencer antes do cinco rounds. Se for por nocaute ou finalização, tanto faz.

Como foi montado seu camp? Adicionou alguma novidade para essa luta?
Foi muito bom, treinamos muito, e o foco agora está em 200%. A única coisa de diferente desta vez foi que trouxemos o Andy Souwer e uns holandeses companheiros dele para essa reta final. Isso me ajudou bastante. Um cara com a técnica e a experiência do Andy tem muita coisa pra ensinar. Foram muito importante esses treinos com ele.

Como você acha que o McGregor vai tentar desenvolver a luta?
Para ser sincero, procuro não ficar pensando nisso. Acho que, se eu entrar lá e fizer o meu jogo, não importa o que ele vai fazer. Mas, para tudo que ele tentar, podem ter certeza que estarei bem preparado para defender e contra-atacar.

Existe a possibilidade de você querer levar ele para o chão, para evitar trocar com ele?
Existir sempre existe, afinal lutamos MMA, e não boxe ou muay thai (risos). Mas isso depende de como a luta vai se desenrolar. Se tiver que ir para o chão, vai ser o maior prazer, até porque o jiu-jitsu é especialidade da casa.

Você identificou alguma brecha no jogo dele? Como aproveitá-la?
Várias, mas não posso ficar falando, vai que ele fica sabendo (risos). Brincadeiras à parte, como todo lutador, ele tem seus pontos fracos. Na última luta contra o Chad Mendes isso ficou claro. Então, é concentrar e explorar as falhas dele para sair com a vitória.

Qual importância do Dedé Pederneiras no seu trabalho?
Toda. O Dedé está comigo desde o início, me conhece mais do que minha mulher (risos). Além de ser meu treinador e mentor, também é um paizão, está sempre do meu lado para qualquer situação e, sem ele, eu dificilmente teria chegado onde cheguei. Nossa relação é de pai para filho mesmo.

Que treinadores você teve nessa preparação?
Muita gente me ajuda. Aqui na Nova União somos uma família e estão todos bem unidos para me ajudar. Fica até difícil citar alguns nomes, porque posso esquecer de alguém, mas é a mesma galera que sempre esteve comigo. Dedé como head coach e no jiu-jitsu, Pedro Rizzo e Alex Chadud no muay thai, Daniel Piratiev no wrestling, Isidoro Nicolas no boxe, Orlando Folhes na preparação física, tirando todos meus companheiros de treino. É muita gente.

O que você se sentiu quando McGregor ‘roubou’ seu cinturão durante a turnê de apresentação da luta?
Na hora eu fiquei com raiva, queria bater nele ali mesmo. Mas, depois que a raiva passou, fiquei tranquilo, porque sei que ele faz esse show na frente das câmeras, mas quando me vê nos bastidores e não tem ninguém por perto, fica ‘pianinho’, parece até outra pessoa. Não ligo para o que ele fala ou deixa de falar. Meu negócio com ele é dentro do octógono, e é lá que vamos ver quem vai falar no final.

Muitas pessoas consideram que você vai ganhar até com certa facilidade. Você acredita nisso?
Não vejo dessa forma. Como eu falei, o Conor é perigoso e não chegou até essa disputa à toa. Não posso encarar nenhum adversário achando que vai ser fácil, até porque já tivemos exemplos no MMA de que isso não dá certo. Sempre respeito o meu oponente e acho que a luta vai ser dura, mas tenho as armas certas para vencê-lo.

Você já lutou contra adversários mais complicados, porém ainda não enfrentou um falastrão como ele. Isso muda alguma coisa?
Não muda nada. É justamente isso que ele quer, mexer com a minha cabeça e fazer com que eu mude meu estilo, mas isso nunca vai acontecer. Primeiro, porque nenhum adversário vai conseguir me afetar psicologicamente. Segundo, porque em time que está ganhando não se mexe. Se eu estou vencendo assim, vou continuar com meu jeito de lutar sem mudar nada.

Tem muita gente torcendo para você dar uma verdadeira surra nele. Já recebeu muito pedidos?
É o que eu mais ouço (risos). Mas podem ter certeza que eu quero isso mais do que ninguém. O objetivo é entrar lá, dar meu melhor e vencer essa luta. Se vou dar uma surra nele ou não, só esperando até o dia 12 para saber.

Caso você o derrote, praticamente não sobra ninguém que mereça te enfrentar. Pensa em mudar de categoria?
No momento, estou totalmente focado nessa luta. Não parei ainda para pensar no que vai acontecer depois. Antes de prever o futuro, preciso viver o presente, e o presente é bater no bobo (risos).

Em 2015, o Brasil voltou a brigar com os Estados Unidos pelo domínio dos cinturões. Como você avalia o momento?
Fiquei muito feliz com as vitórias do Fabrício Werdum e do Rafael dos Anjos. São dois atletas que merecem estar onde estão. Temos o Ronaldo Jacaré aí brigando nos médios também, e a torcida é que os brasileiros cheguem cada vez mais nas cabeças. O período em baixa não significou muita coisa. Se você for ver, temos atletas brasileiros entre os tops de todas as categorias. Podemos ter um campeão hoje, e cinco amanhã. Não é isso que vai definir o bom ou mau momento do MMA brasileiro. Acho que estamos bem servidos nos principais eventos do mundo.

Qual você considera a grande luta da sua carreira?
Difícil dizer, tive muitas lutas marcantes. Vou ficar em cima do muro nessa.

O Anderson Silva já declarou que acha você mais completo que ele. Como você recebe este elogio?
Fico muito feliz. O Anderson é uma lenda do esporte, todos os brasileiros que praticam MMA deveriam se espelhar nele, e ouvir isso do Anderson me deixa muito satisfeito, com a certeza de que estou fazendo o meu trabalho direito.

Você esta próximo de alguns recordes. Tem alguma marca que você já traçou como objetivo?
O objetivo é continuar ganhando e me aposentar invicto no UFC. De resto, não ligo muito para os recordes não.

Recentemente, você completou dez anos invicto e bateu o recorde do Fedor Emilianenko. O que significa essa marca?
Fico muito feliz. O Fedor também foi uma lenda do nosso esporte, e poder ser comparado a ele em qualquer situação é uma honra pra mim.

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