Judocas da República Democrática do Congo sonham em competir nos Jogos do Rio

Estadão Conteúdo
esportes@hojeemdia.com.br
03/04/2016 às 10:15.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:46

Dentre os candidatos a integrar a equipe de refugiados do COI nos Jogos Olímpicos do Rio, dois deles treinam no Brasil. Os congoleses Yolande Mabika, de 28 anos, e Popole Misenga, de 23, vivem no País desde agosto de 2013, quando fugiram da delegação da República Democrática do Congo (ex-Zaire) que veio para o Mundial de Judô, realizado no Rio.

Os dois tiveram uma infância difícil, em meio à guerra civil que assolou o país africano na década de 1990. Foram obrigados a deixar a cidade onde moravam, Bukavu, e fugir para a capital, Kinshasa. Lá, começaram a praticar judô e chegaram à seleção do país.

Na equipe nacional, a vida da dupla ganhou um novo rumo. No entanto, esse rumo acabou desviado de maneira dura quando vieram ao Brasil para a disputa do Mundial. "O técnico e o presidente (da confederação congolesa) nos deixaram em situação muito ruim. Ficamos três dias no hotel sem comer, eu passei mal. Faltando poucos dias para começar a Copa do Mundo, precisei ir para a rua procurar o que comer", relembrou Yolande.

Ela nem sequer chegou a pisar no tatame naquele Mundial. Misenga disputou a primeira luta, mas também acabou deixando a competição e começou a perambular pelas ruas do Rio atrás de auxílio.

Sem falar o português, os dois só conseguiram ajuda após Misenga encontrar um imigrante angolano, que os encaminhou a Cáritas, uma ONG católica localizada próximo ao estádio do Maracanã e que presta auxílio a refugiados. Foi a Cáritas que encaminhou a dupla ao Instituto Reação, ONG criada pelo ex-judoca Flávio Canto, medalhista de bronze em Atenas-2004.

Yolande e Misenga treinam no instituto há um ano. Sob a supervisão do técnico Geraldo Bernardes, que participou de quatro Olimpíadas. Os dois se preparam com a expectativa de disputarem os Jogos Olímpicos do Rio. "É minha vida e um sonho pra mim. A oportunidade apareceu, é incrível", afirmou Misenga, que, assim como Yolande, já consegue se expressar em português. Sobrou até uma expressão tipicamente carioca. "Disputar a Olimpíada vai ser muito maneiro".
http://www.estadao.com.br

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por