Mãos calejadas: protagonistas de grandes clássicos, Fábio e Victor vivem momentos amargos

Henrique André e Guilherme Piu
@ohenriqueandre @guilhermepiu
14/08/2020 às 17:05.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:17
 (Bruno Haddad/Cruzeiro Bruno Cantini/Atlético)

(Bruno Haddad/Cruzeiro Bruno Cantini/Atlético)

Duas lendas vivas e em atividade em Atlético e Cruzeiro, os goleiros Victor e Fábio vivem, talvez, aquele que seja o momento mais desafiador de suas carreiras nos dois maiores clubes de Minas Gerais. Protagonistas e personagens de inúmeras matérias pré-clássicos, os arqueiros se aproximam dos 40 anos com o brilho ofuscado.

A disputa entre o paulista de 37 e o mato-grossense de 39 começou em 2012. De lá para cá, eles levantaram canecos importantes por Galo e Raposa, travaram duelos inesquecíveis, mas, na atual temporada, experimentam gostos amargos com as camisas alvinegra e celeste: o primeiro perdeu espaço no time do técnico Jorge Sampaoli, e o segundo, por sua vez, é uma das principais peças de Enderson Moreira, mas na Série B do Campeonato Brasileiro.

Presente no Twitter

Contratado ao Grêmio quando o Atlético buscava de forma desesperada por um goleiro, Victor foi anunciado no Twitter do ex-presidente Alexandre Kalil, antes mesmo do contrato assinado com o clube mineiro. A pressão era tanta para ter alguém que ocupasse de vez a posição, que o atual prefeito de BH não esperou a “canetada” para dar o presente à Massa.

Dali em diante, foram 422 jogos pelo Galo. Titular absoluto até a metade de 2019, “São Victor do Horto” conquistou três edições do Mineiro (2013, 15 e 17) e foi protagonista nas inéditas Libertadores de 2013, Copa do Brasil de 2014, quando duelou com Fábio na final, e Recopa, no mesmo ano. Os feitos, inclusive, o credenciaram a figurar no elenco da Seleção Brasileira, anfitriã da Copa do Mundo.Bruno Haddad/Cruzeiro Bruno Cantini/Atlético

Queda

Contudo, o declínio começou em julho do ano passado, quando a tendinite no joelho passou a incomodá-lo demais. Só voltou a jogar na última rodada do Brasileirão, na derrota por 2 a 1 para o Internacional, em Porto Alegre. 

Em 2020, o drama só aumentou. Com a chegada do venezuelano Rafael Dudamel, Victor foi preservado no início da temporada e, em muitas oportunidades, fazia atividades na academia da Cidade do Galo, enquanto Michael, Clayton e Matheus Mendes iam a campo com Chiquinho. Apenas em 16 de fevereiro, o “Santo” voltou a ter oportunidade entre os 11, mas com derrota, por 2 a 1, para a Caldense, no Mineirão.

Com apenas três partidas disputadasna atual temporada, o goleiro perdeu espaço no elenco e, na Era Sampaoli, corre o risco de se tornar a terceira opção, já que, além do titular Rafael, novo dono da posição, mas que foi reserva de Fábio por muitos anos no Cruzeiro, o argentino pede a contratação de mais uma peça, que tenha perfeição no jogo com os pés.

Nesta semana, inclusive, o jornalista Ademir Quintino afirmou que o Atlético usou Victor como possível moeda de troca numa negociação para ter o atacante Eduardo Sasha, do Santos. A reportagem procurou o diretor executivo Alexandre Mattos para saber se a informação procedia, mas ele apenas se limitou a dizer que “não dá para comentar sobre jogador em litígio”, se referindo à ação movida pelo atacante na Justiça, na qual pede a rescisão contratual com o Peixe.

Na alegria e na tristeza

Ao contrário do rival, o goleiro Fábio manteve a titularidade no gol do Cruzeiro. Contudo, o drama vivido pelo mato-grossense de 39 anos é ter que disputar a Série B do futebol brasileiro com o clube pelo qual se acostumou a conquistar os principais canecos do país.

Atleta que mais jogos fez com a camisa da Raposa na história, 887 no total, o goleiro se tornou a maior referência para os jovens que integram o elenco comandado por Enderson Moreira, técnico escolhido pela nova diretoria para recolocar o Cruzeiro na elite. Até o momento, foram dois jogos e duas vitórias, contra Botafogo-SP (2 a 1) e Guarani (3 a 2).

Como a Raposa perdeu seis pontos devido a uma dívida na Fifa, envolvendo o volante Denilson, contratado em 2016, os dois triunfos serviram para “zerar o débito”. Com isso, a partir de agora, cada empate ou vitória, de fato, somará pontos positivos na tabela de classificação.

Busca ‘indesejada’

Bicampeão Brasileiro (2013 e 2014), tri na Copa do Brasil (2000, 2017 e 2018) e hepta no Estadual (2006, 2008, 2009, 2011, 2014, 2018 e 2019), Fábio pode colocar a indesejada (mas necessária) conquista da Série B neste extenso currículo. Ficar, no mínimo, entre os quatro primeiros colocados, inclusive, evitará que o Cruzeiro passe todos os meses do ano do centenário na Divisão de Acesso.

Cabe lembrar que, em 2 de janeiro de 2021, data do aniversário de 100 anos, a Raposa entrará em campo contra o Cuiabá, já que a edição de 2020 foi prejudicada pela pandemia do novo coronavírus.

Completando 40 anos em 30 de setembro, o arqueiro pode dar os últimos passos da carreira escrevendo outro capítulo importante pelo Cruzeiro. Em 2021, quando completará 41, ele pode “deixar a função” defendendo o clube, novamente, na Primeira Divisão. A ver.

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