O coordenador médico da Comissão Antidoping da Confederação Brasileira de Atletismo, Rafael Trindade, criticou nesta quinta-feira (8) a forma como o futebol nacional controla o uso ilegal de medicamentos por parte dos atletas. Segundo o dirigente da CBAt, o esporte mais popular do País deveria incluir em seus testes a busca ao hormônio eritropoietina (conhecido como Epo).
"O futebol tem 80% dos exames no País, mas nenhum teste é feito fora da competição e também não testa para eritropoietina. Não quero acusar ninguém, mas, quando vejo atletas com idade avançada tendo um desempenho muito grande, comparável ao dos jovens, acho que a CBF deveria fazer um esforço para testar fora de competição e para eritropoietina", afirmou o médico, em entrevista ao Sportv.
De acordo com Trindade, o hormonio gera um "ganho de performance gigantesco" a quem usa, mas só as federações de atletismo, natação e ciclismo combatem a substância. "Nós ficamos estupefatos quando vemos que esportes que geram grande volume de dinheiro não fazem controle para eritropoietina no Brasil", acrescentou.
Recentemente, o deputado federal Romário acusou a Federação Paulista de Futebol de não realizar seus exames no único laboratório brasileiro credenciado pela Agência Mundial Antidoping. A informação foi confirmada durante o programa pelo médico Marco Aurélio Klein, que é diretor da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem, um órgão anexo ao Ministério do Esporte.
"A partir de 2014, os exames do futebol paulista também serão feitos em laboratórios credenciados. Existem 33 em todo o mundo, sendo apenas três no Hemisfério Sul: Rio de Janeiro, Joanesburgo e Sidney", explicou Klein.
Segundo Rafael Trindade, exame antidoping "só é reconhecido quando feito em um laboratório acreditado", sendo anulado em caso de realização em outras instituições. Até este ano, a FPF fez as avaliações na Universidade de São Paulo (USP).