Mago Menezes: dificuldades superadas e um hexa cheio de escritas quebradas e marcas alcançadas

Alexandre Simões
asimoes@hojeemdia.com.br
19/10/2018 às 15:50.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:19
 (Alexandre Simões)

(Alexandre Simões)

Já passava de 1h30 da última quinta-feira (18) quando Mano Menezes deixou a Arena Corinthians, após a conquista do bicampeonato da Copa do Brasil. Caminhando para o ônibus, o treinador respondeu a última pergunta, que era se ele tinha ideia de quantas escritas tinha quebrado nesta temporada com o Cruzeiro e quantos recordes foram alcançados pelo seu grupo na temporada. Com um bom humor que nem sempre é sua marca, mas que após uma conquista tão significativa não tinha como estar ausente do seu rosto, ele sorriu e respondeu: “um monte, né?”.

Apesar da ausência de precisão numérica, a resposta do treinador cruzeirense está correta. E apesar de todas as dificuldades, ele teve o mérito de não deixar com que elas impedissem a conquista de um título que entra para a história do futebol brasileiro por ser o primeiro bicampeonato em sequência da Copa do Brasil.

E esse bi decretou uma marca, pois o Cruzeiro, pela primeira vez desde 1989, quando o torneio foi criado, é o maior campeão da Copa do Brasil de forma isolada, posição que já ocupou por várias vezes, mas sempre com a companhia do Grêmio, que era o único a já ter alcançado o feito.

E para chegar ao bicampeonato, o time de Mano Menezes quebrou duas escritas, pois nunca tinha vencido no Allianz Parque, onde fez 1 a 0 sobre o Palmeiras, na ida das semifinais, nem na Arena Corinthians, onde o Cruzeiro é o primeiro clube mineiro a ganhar.

Nessa rota da primeira vitória nas novas arenas, há ainda os 2 a 0 sobre o Flamengo, nas oitavas da Libertadores, no novo Maracanã, onde o Cruzeiro ainda não tinha triunfado desde a reinauguração do estádio, em 2013.

Na história do hexacampeonato da Copa do Brasil, nos cinco títulos anteriores, o Cruzeiro nunca tinha vencido os dois jogos decisivos, como aconteceu agora em 2018.

Foi apenas a quarta vez que isso é registrado na decisão da competição, que teve sua 30ª edição agora em 2018. Antes o feito foi alcançado por Corinthians (1995), Flamengo (2006) e Atlético (2014).

Além disso, a conquista veio com 100% de aproveitamento fora de casa, algo que dificilmente será novamente repetido na história da Copa do Brasil, mesmo para os times que entram na competição nas oitavas de final, por virem da Copa Libertadores.

Na sua caminhada, fora do Mineirão, o Cruzeiro venceu, como visitante, Atlético-PR (2 a 1), Santos (1 a 0), Palmeiras (1 a 0) e Corinthians (2 a 1).

“Não dá para ficar escolhendo onde a gente vai ganhar. O pessoal está ficando cada vez mais exigente. Você tem de ser competente para ganhar”, revelou Mano Menezes, que aproveitou para colocar lenha na rivalidade mineira: “O Cruzeiro está se tornando hoje bicampeão de fato, na sequência, haxacampeão no total e agora o seis passa a ter um significado grandioso, de hexa, que é melhor”.

Para o treinador, entender que mata-mata é para se jogar diferente é fundamental para se alcançar resultados: “á preciso saber jogar a competição. Ela é diferente. Tem de entender bem como funciona. Ganhamos fora de casa, é saber administrar dentro de casa. Não ganhou? Mas não precisava. Só corremos risco contra o Santos”.

ESTADUAL

Em nível estadual, um jejum que o Cruzeiro não vivia desde a década de 80, pois não vencia o Campeonato Mineiro há quatro ano, foi quebrado nesta temporada com a conquista da taça em cima do Atlético.

E os 2 a 0 do jogo da volta no Mineirão, após a derrota por 3 a 1 na ida, no Independência, são a maior vitória cruzeirense sobre o rival na nova arena, reinaugurada em 2013 para as Copas das Confederações e do Mundo.

Em toda essa sua trajetória no Cruzeiro, Mano Menezes, por muitas vezes, foi “acusado” por parte da torcida de não respeitar a tradição de futebol ofensivo do clube.

No gramado da Arena Corinthians, pouco antes de ter a taça nas mãos e ir mostrá-la à torcida, ele garantiu: “Não vou ter nunca a petulância de desrespeitar a história do Cruzeiro. Mas o torcedor cruzeirense também é inteligente o suficiente para saber que Dirceu Lopes parou, infelizmente, que Alex também já parou. E que agora é outro grupo, que vai ganhar do seu jeito, como está ganhando. Eu tenho certeza que o torcedor fica absolutamente feliz, tanto quanto foi feliz no passado”.

A festa da China Azul nas ruas de Belo Horizonte provou que Mano Menezes tem razão. O torcedor, não só o cruzeirense, gosta é de ganhar. A maneira não importa. Ela só entra em discussão mesmo, quando se perde. E o treinador cruzeirense sabe bem disso.

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