Entrevista: Demetrin Leandro Veal

Felippe Drummond Neto - Hoje em Dia
20/01/2016 às 07:58.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:05

“A minha volta ao Brasil foi um dos três momentos mais importantes da minha vida”, lembra Demetrin Leandro Veal, o pioneiro do Brasil na NFL, a liga profissional de futebol americano dos Estados Unidos. Hoje aos de 34 anos, ele concedeu entrevista exclusiva ao Hoje em Dia por e-mail. Confira:

Você se mudou para os EUA quando tinha apenas cinco anos. Como isso aconteceu?

Tive a sorte de ser adotado diretamente em Salvador. Sei que nem todas as crianças têm a chance que eu tive. Por isso, sou grato todos os dias por isso ter acontecido comigo.

Como foi a carreira na NFL?

Fui escolhido pelo Atlanta Falcons em 2003, depois joguei pelo Denver Broncos, entre 2004 e 2006, e terminei minha carreira no Tenessee Titans, em 2007. Talvez eu tivesse jogado mais tempo na NFL, mas na minha primeira semana com os Titans, rompi parcialmente o ligamento colateral do joelho e perdi o resto da temporada. Depois tentei voltar antes da hora, jogando na UFL (United Football League), em 2009, pelo Florida Tuskers, que era tipo uma segunda divisão nacional. Infelizmente, eu não estava pronto. Em 2010, já recuperado, joguei pelo Omaha Nighthawks, sonhando em voltar para a NFL. Voltei bem, fui um dos melhores defensive tackle da liga. Porém, a NFL entrou em greve (lock-out), em 2011. Por isso decidi me aposentar. Assim acabou a minha carreira no futebol.

Qual foi o time da NFL que você mais gostou de jogar? Por quê?

Meu time preferido na NFL foi o Denver Broncos. Os torcedores de lá eram ótimos. Mas os melhores com certeza são os da faculdade. Joguei em uma defesa que conquistou o recorde de passar 13 quartos sem sofrer nenhum Touchdown.

Você sempre jogou na defesa? Ou atuou em alguma outra posição?

Quase sempre joguei na defesa. Mas na escola o técnico tentou me colocar como linebacker, defensive end, runningback, tight end e até no time de especialistas. Acho que por ter jogador polo aquático e futebol, o técnico sempre achou que eu poderia correr. Eu era alto, rápido e forte, o que normalmente são características de linebacker, e na faculdade joguei de defensive end e defensive tacker; foi quando vi que meu lugar era como DT.

Depois de parar de jogar futebol americano, você lutou MMA. Por que decidiu tentar MMA?

Assim que parei de jogar futebol americano, comecei a treinar com alguns lutadores de MMA, já que meu treinador no Colorado era o mesmo de muitos lutadores. Perguntei se podia participar do grupo para me manter ocupado. Mas, após um tempo treinando, comecei a ficar bom. Treinava com vários lutadores pesos pesados do UFC, como Shane Carwin, Brendan Schaub, Nate Marquardt, Cody Donovan, Elliott Marshall e Bobby Lashley. Acho que por isso fiz essa transição da NFL para o MMA tão rápido. Fiz quatro lutas (três delas como amador) e venci as quatro, mas, parei porque era difícil encontrar lutas. Até hoje, quando tenho a oportunidade, treino com lutadores. É divertido e me ajuda a manter minha competitividade.

Depois de tudo isso, você veio em 2012 ao Brasil. Como foi essa experiência?

Voltei ao Brasil em 2012, muito mais para aprender como é ser baiano. Me encontrei com dois caras que assim como eu foram adotados quando crianças, e tinham voltado para fazer a mesma coisa. Um deles foi adotado e mudou-se para a Suíça, e outro para a Alemanha. Me senti em casa, por saber que não era o único. Foi tipo montar um quebra cabeça, tudo foi se encaixando normalmente. Hoje coloco aquilo entre os três melhores momentos da minha vida.

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