Estreante no UFC, lutador mineiro encara carioca neste sábado (7)

Felippe Drummond Neto - Hoje em Dia
07/11/2015 às 15:53.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:23
 (Marcelo Viana)

(Marcelo Viana)

A grande luta do UFC Fight Night 77, neste sábado (7), a partir de 22h (de Brasília), no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, é entre o brasileiro Vitor Belfort e o norte-americano Dan Henderson, que fecham uma trilogia de combates que estão empatados – com uma vitória para cada. Porém, para um mineiro, a noite promete ser eternizada.

Aos 22 anos, o belo-horizontino Matheus Nicolau, ou simplesmente Matheuzinho, realiza o sonho de lutar no UFC. E ele sequer vai precisar esperar muito tempo no vestiário, já que a luta contra o carioca Bruno Korea é a que abre o card do evento, pelo peso galo (até 61kg).

“Estou muito feliz de chegar onde eu sempre sonhei. Agora todo o meu foco está em lutar com o Korea e vencê-lo”, almeja o lutador de BH.

Matheus iniciou a trajetória na luta quando tinha apenas nove anos, treinando jiu-jitsu com o mestre Aldo Caveirinha na Gracie Barra da capital. Seis anos mais tarde, com 15 anos e a faixa azul na cintura, Matheus resolveu migrar para o MMA sob a supervisão do professor e, à época, lutador Gabriel Mudo.

Decidido quanto ao novo rumo, ele solicitou a emancipação aos pais para poder fazer a estreia no MMA profissional, em agosto de 2010, ainda aos 17 anos de idade. Lutou e venceu o conterrâneo Pedro Chalita, no extinto evento Pedro Leopoldo Extreme Fight.

Depois disso, Matheus fez outras três lutas em eventos mineiros, com duas vitórias e um empate. O talento dele começou a despertar a atenção de organizadores dos principais eventos nacionais.

Nova União

Mas foi em 2012 que a carreira de Matheus começou, de fato, a decolar. Aos 19 anos, ele resolveu mudar-se para o Rio de Janeiro, onde se juntou a equipe Nova União. Treinando com José Aldo, Renan Barão, Jousier Formiga, entre outros lutadores de destaque, Matheuzinho enriqueceu o cartel rapidamente, chegando as dez vitórias, uma derrota e um empate.

No início deste ano, finalmente a oportunidade de entrar no principal evento de MMA do planeta apareceu. Convidado para participar do reality show do UFC, The Ultimate Fighter (TUF) Brasil 3, Matheus acabou derrotado na semifinal do programa, mas a forma que ele lutou foi suficiente para que recebesse a chance de lutar em um evento oficial da franquia norte americana.

Outro Mineiro

Matheus não é o único lutador do estado que sobe no octógono hoje. Glover Teixeira, de Sobrália, enfrenta o norte-americano Patrick Cummins, na co-luta principal do evento. Em caso de vitória, Glover fica perto de ter nova oportunidade de disputar o cinturão dos meio-pesados (até 93kg).

Entrevista com Matheus Nicolau

Finalmente chegou a hora de estrear no UFC. Como você está se sentindo?

Estou me sentindo muito bem. Como sempre digo, a próxima luta é a mais importante da minha carreira. É assim que me sinto antes de cada combate e não poderia ser diferente neste. Estou bem focado, estudando bastante e também me preparando mentalmente para fazer um bom show no dia 7 de novembro e conseguir essa vitória. Não só por mim, mas também pelos meus amigos, familiares e colegas de treino.

Você tem um adversário brasileiro. Acha melhor ou pior do que pegar um gringo logo de cara?

Não penso muito nisso. Já lutei tanto com brasileiros quanto com estrangeiros. Ao meu ver, fechou a porta do cage é guerra, independente do adversário. Não me importa muito quem está lá dentro, ele é um rival que está me impedindo de alcançar meu objetivo. E tenho que passar por cima dele.

Você e o Korea estavam juntos na casa do TUF. Há como surpreender um cara com quem passou tanto tempo treinando?

Isso é até engraçado, pois o Korea, além de ter ficado na casa comigo, era também do time Shogun, e nos tornamos muito próximos. Estava com ele no vestiário antes das lutas dele e vice-versa; também nos ajudávamos bastante na preparação diária. Tem todo este fator e, na era da internet, Youtube, não dá muito para esconder o jogo dos rivais. Sabemos bem os pontos fortes de cada um. Não sei nem se a palavra certa é surpreender. Minha ideia é impor meu jogo, minha estratégia é sair com o braço levantado.

No seu jogo, um dos destaques é para o boxe, principalmente a esquiva. Acha que isso também vai impressionar a todos?

Espero que sim (risos). Os trabalhos continuam forte para continuar evoluindo neste aspecto e, quem sabe, chamar a atenção do grande público. Assim como todo o meu jogo. Acredito que o MMA seja um exercício de constante evolução. O esporte está sempre se desenvolvendo, numa velocidade, por vezes, assustadora, e o lutador tem que acompanhar este ritmo, para não se perder no tempo.

Já há algum tempo que não temos um campeão com a base no boxe (Junior Cigano foi o último). Por que acha que isso tem acontecido?

Na verdade, no MMA atual, não dá para ter apenas uma base forte no seu jogo, tem que ser completo. Hoje, vemos os campeões cada dia mais versáteis, com várias qualidades em seu jogo. Por exemplo: Fabrício Werdum, Rafael dos Anjos e, até mesmo, o José Aldo, são atletas que vieram do jiu-jítsu, mas evoluíram bastante na trocação e wrestling, se tornando campeões justamente por isso. Eu também sou oriundo do jiu-jítsu, faixa preta do Aldo Caveirinha, e diversifico ao máximo meu jogo. Trabalho bastante o boxe, o wrestling, muay thai, e tudo aquilo que puder me auxiliar a me tornar o mais completo possível.

Como é treinar ao lado de feras como José Aldo e Renan Barão?

A Nova União é um celeiro de bons lutadores. Além deles, lá treinam outros grandes nomes, como Johnny Eduardo, Roberto Corvo, Nikolas Motta, Jussier Formiga, Cláudia Gadelha, Pedro Falcão. Se eu continuasse falando, iria gastar alguns minutos para listar todos os excelentes atletas que treinam lá. O treino com eles é muito proveitoso, você tem sempre um aprendizado novo, uma atividade dura e que te impulsiona. Comento sempre que a Nova União tem um plantel muito vasto e diversificado e, independente do seu adversário, lá sempre terá dois ou três atletas com pontos fortes semelhantes ao seu rival. Isso ajuda bastante a implementar sua estratégia e ver o que funciona melhor.

Card Principal

Vitor Belfort (BRA) x Dan Henderson (EUA)
Glover Teixeira (BRA) x Patrick Cummins (EUA)
Thomas Almeida (BRA) x Anthony Birchak (EUA)
Alex Oliveira (BRA) x Piotr Hallmann (POL)
Gilbert Burns (BRA) x Rashid Magomedov (RUS)
Fábio Maldonado (BRA) x Corey Anderson (EUA)

Card Preliminar

Gleison Tibau (BRA) x Abel Trujillo (EUA)
Yan Cabral (BRA) x Johnny Case (EUA)
Thiago Tavares (BRA) x Clay Guida (EUA)
Edmilson Souza (BRA) x Chas Skelly (EUA)
Viscardi Andrade (BRA) x Gasan Umalatov (RUS)
Pedro Munhoz (BRA) x Jimmie Rivera (EUA)
Bruno Korea (BRA) x Matheus Nicolau (BRA)

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