Natação brasileira vive um momento delicado e busca se reerguer

Émile Patrício - Hoje em Dia
29/04/2013 às 08:06.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:14

A natação brasileira vive um momento delicado. Recentemente um dos maiores clubes, o Flamengo, dispensou todos os nadadores, e a maioria dos atletas, campeões brasileiros de 2012, se viram “órfãos”: sem condições e locais para treinos. Além disso, no último dia 1º, o Parque Aquático Júlio Delamare, principal palco de competições do país, foi fechado e pode ser demolido para obras do estádio Maracanã, no Rio.

A menos de três anos para os Jogos Olímpicos, que acontecem justamente na capital fluminense, os competidores se veem cheios de incertezas e temem pelo desempenho brasileiro em 2016. O presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Coaracy Nunes, se diz confiante na retomada do Parque Aquático, mas nem tanto aos rumos da seleção em relação aos Jogos do Rio. “A sede da CBDA não saiu ainda do Júlio Delamare, devido a uma liminar que ganhamos na Justiça e impede a demolição. Estou confiante de que a juíza irá decidir a nosso favor. Ela se mostrou solidária à reivindicação”, analisa.

Segundo ele, cerca de 70 atletas de nível olímpico, da categoria adulto da natação, polo-aquático, nado sincronizado e saltos ornamentais, estarão sem local de treino caso o complexo realmente seja demolido. “Isso sem contar os projetos sociais para crianças e adolescentes que funcionam dentro do parque”, ressalta Nunes.
Ele acredita que, até o fim desta semana, haverá uma solução para o impasse. “É um absurdo jogar ao chão um complexo esportivo desse porte. Se formos esperar construir um novo lugar, todo o trabalho para a Olimpíada de 2016 estará comprometido”, finaliza.

Desempenho

Mas, com tanta confusão, já pode ser tarde para a natação brasileira. A modalidade foi o grande sucesso na Olimpíada de Pequim-2008, quando chegou ao topo com a primeira medalha de ouro, conquistada por Cesar Cielo nos 50m livre, a principal do esporte. Ele também levou o bronze nos 100m livre. O impulso para novos atletas, porém, não aconteceu.

Em Londres, no ano passado, o desempenho foi aquém das expectativas. E o sonho era de que, no Rio, o hino brasileiro pudesse ser tocado mais vezes, o que parece cada vez mais distante. O sinal de alerta está ligado.

“Pelos resultados que vemos de uma Olimpíada para outra, a natação é uma das modalidades mais dinâmicas. Tirando as exceções, como Michael Phelps (EUA), há grande rotatividade de campeões. Eles surgem cada vez mais cedo, a exemplo da chinesa Ye Shan, de 16 anos, e da lituana Ruta Meilutyte, 15, que brilharam na piscina londrina. Sem lugar adequado para dar suporte aos iniciantes, fazer essa transição é impossível. Não dá para contar somente com os clubes”, ressalta o dirigente. 

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