Vaiado em SP, Bellucci culpa parâmetro de comparação e nega amarelar

Gazeta Press
16/10/2013 às 09:19.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:23

O tenista paulista Thomaz Bellucci saiu vaiado de seu último jogo no Brasil, no ATP 250 de São Paulo. Eliminado na segunda rodada pelo italiano Filippo Volandri no torneio, disputado em fevereiro, deixou a quadra chateado com o descontentamento dos torcedores presentes ao Ginásio do Ibirapuera e acredita que recebe cobranças excessivas por conta do sucesso de Gustavo Kuerten.

Bellucci é o segundo melhor brasileiro na história do ranking mundial, atrás apenas do ex-líder Guga, mas sofre constantemente com a falta de apoio da torcida local quando joga em casa. De perfil mais tímido do que o catarinense tricampeão de Roland Garros, tem dificuldades para empolgar os espectadores.

"Lógico que magoa quando você sai de quadra, deu o seu melhor e não é reconhecido. Além da derrota, fico chateado pelas vaias, mas tento entender que o brasileiro é crítico. Ele não quer saber se você dormiu mal, se está feliz, quer ir lá ver um bom tênis e você ganhando", disse o tenista, preparando-se para retornar ao circuito depois de se recuperar de lesão no ombro.

Os períodos afastados da quadra por conta de contusões tiveram importância na queda de Bellucci no ranking mundial este ano, em que não disputou, por exemplo, Roland Garros e Wimbledon por conta de uma lesão abdominal. Isso somado a um mau momento técnico fez o paulista sair da 32ª para a 119ª posição da lista da ATP.

Mas mesmo em seu auge, quando atingiu a 21ª colocação do ranking em 2010, recebia críticas dos torcedores brasileiros. Para ele, algumas das reclamações vêm de pessoas que não conhecem a realidade da modalidade e esperam que ele substitua Guga como ídolo nacional.

O catarinense venceu três vezes Roland Garros e liderou o ranking mundial por 43 semanas, o que contribuiu para a popularização do tênis entre a torcida brasileira, mais acostumada a vibrar com o futebol, o vôlei e a Fórmula 1.

"Os parâmetros foram mudando. Antes do Guga as pessoas tinham outro. É a mesma coisa do Senna. Também acontece com o futebol. Se a gente perder na semifinal da Copa do Mundo, é desastre porque está acostumado a ganhar. No Uruguai, que foi terceiro lugar, os jogadores viraram heróis nacionais", avaliou.

Assim como outros esportistas nacionais, Bellucci recebeu de parte da torcida o rótulo de amarelão, destinado a atletas que têm desempenho fraco em momentos importantes, geralmente por descontrole emocional. Mesmo admitindo que ainda precisa trabalhar a parte psicológica, discorda da classificação.

Desde 2012, o tenista paulista reforça seu preparo mental com a psicóloga Carla di Pierro, que o acompanha em alguns torneios e chegou a viajar para acompanhá-lo no duelo entre Brasil e Estados Unidos na Copa Davis este ano. Em Jacksonville, Bellucci perdeu o duelo contra Sam Querrey, mas conseguiu uma histórica vitória sobre John Isner, em cinco sets.

"Quando você está jogando neste nível, representando o Brasil, você não é amarelão porque isso envolve muita coisa. Quem é amarelão nem entra em quadra porque sabe que a pressão é grande", afirmou.

Uma nova chance de conquistar a torcida nacional deve ocorrer já na primeira semana de 2014, quando Bellucci pode jogar o Aberto de São Paulo, Challenger disputado no Parque Villa-Lobos. Na 119º posição do ranking por conta da temporada ruim, ele precisa disputar torneios menores para se recuperar na lista da ATP e assim poder entrar nas principais competições do circuito.

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