Entraves técnicos e aval dos Bombeiros condicionam a volta da geral no Mineirão
Concessionária estima custos de até R$ 900 mil para adaptação e posterior reinstalação antes da Copa Feminina
A retirada de cadeiras no setor amarelo do Mineirão, autorizada por projeto aprovado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), depende de parecer do Corpo de Bombeiros e de adequações técnicas indicadas pela concessionária Minas Arena. A medida busca criar um setor popular no estádio, permitindo que torcedores acompanhem as partidas em pé.
O Projeto de Lei (PL) 3.319/25, de autoria do deputado Bruno Engler (PL), aprovado em definitivo nesta semana, derrubou a limitação de 20% da capacidade para espaços sem assentos e passou a permitir a adaptação em todos os estádios, incluindo os administrados em regime de concessão. Já o deputado Coronel Henrique (PL), presidente da Comissão de Esporte da ALMG, apresentou requerimento para visita técnica ao estádio com o objetivo de avaliar a mudança.
Segundo o gerente técnico da Minas Arena, Otávio Goes, a retirada das cadeiras não aumentaria a capacidade total de público, pois seria necessária a revisão de rotas de fuga, número de catracas e estrutura de bares. Ele explicou ainda que a adaptação não pode ocorrer no anel superior, devido à inclinação e largura dos degraus, incompatíveis com a instalação de barras antiesmagamento exigidas pelo Corpo de Bombeiros. Assim, apenas os setores inferiores amarelo e laranja poderiam ser modificados, com cerca de 7 mil lugares cada.
Outro ponto destacado pela concessionária é a realização da Copa do Mundo Feminina de 2027, que terá jogos no Mineirão. A Federação Internacional de Futebol (Fifa) não permite setores sem cadeiras em estádios utilizados no torneio. “O custo de retirar agora, recolocar para a competição e depois remover novamente pode chegar a R$ 900 mil”, disse Otávio Goes.
O Cruzeiro, principal mandante no estádio, defende a mudança. O diretor de Marketing e Comercial, Marcone Barbosa, afirmou que o clube busca adequar o espaço ao perfil do torcedor que o frequenta. Segundo ele, a Raposa gasta em média R$ 20 mil por partida para cobrir danos como cadeiras quebradas ou arremessadas.
O deputado Coronel Henrique destacou que a retirada dos assentos devolveria aos torcedores a possibilidade de acompanhar os jogos em pé, sem afetar quem prefere assistir sentado. Ele argumentou ainda que a mudança pode reduzir prejuízos com depredação.
Gramado em avaliação
Além da questão das cadeiras, a comissão também avaliou o estado do gramado do Mineirão. O responsável técnico pelo campo, Lucas Pedrosa, explicou que o inverno é o período mais crítico, devido à menor incidência solar e ao calendário de jogos. A cobertura instalada em 2014 aumentou o sombreamento em parte do campo, exigindo práticas como a semeadura de grama de inverno.
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater) participou da visita, realizou testes no gramado e deve apresentar um laudo técnico com recomendações para a manutenção.
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