entrevista

‘Trabalhamos para que o slackline chegue rápido às Olimpíadas’, diz atleta multicampeão

Natural de Ribeirão das Neves, Alisson Ferreira é potência internacional no esporte e luta pelo reconhecimento da modalidade no país

Angel Drumond
esportes@hojeemdia.com.br
Publicado em 10/06/2024 às 07:30.
 (Nicolas Vigneron)

(Nicolas Vigneron)

Alisson Ferreira estava em uma confraternização de fim de ano em 2010 quando foi apresentado pela irmã ao slackline, esporte que consiste em movimentos equilibrando-se em uma fita de nylon. O desafio de se manter sobre a corda logo se tornou uma paixão, e hoje Ferreira é um para o atleta multicampeão.

Um dos pioneiros da modalidade no Brasil, ele precisou superar a ausência de incentivos para a prática do esporte no país. A constante busca pelo progresso trouxe importantes frutos ao atleta: em 2013, no Chile, foi o primeiro campeão sul-americano de slackline.

Para contornar a falta de informações em Ribeirão das Neves, onde nasceu, desenvolveu o “Neves na Fita”, que fomenta e oferece aulas no município da Grande BH. O atleta é patrocinado pelo Grupo Treini, fundado por Renato Loffi, fisioterapeuta com 14 anos de experiência no ramo de tecnologia assistiva. A empresa desenvolve e comercializa produtos e serviços para crianças com deficiência, nas áreas de saúde, educação e esporte. “A colaboração é o fruto de um trabalho de longos anos. Vamos fazer história e construir legado para várias gerações”, exalta Ferreira.

Aos 32 anos, Ferreira, que falou sobre o projeto e o futuro do esporte ao Hoje em Dia comemora a construção de um legado. Em maio, o mineiro se consagrou campeão pela segunda vez no Outdoor Mix, na França. No início deste mês, alcançou o quarto lugar no Slackline World Cup 2024, na Alemanha.

(Nicolas Vigneron)

(Nicolas Vigneron)

Você é considerado um dos pioneiros do slackline no Brasil. Como conheceu o esporte?

Por meio da minha irmã, em uma confraternização de fim de ano. Após o primeiro contato com o esporte e não conseguir ficar equilibrado, veio o desafio de superar esse obstáculo. Depois, se tornou uma paixão.

Quais obstáculos enfrentou quando iniciou no slackline, visto que não era uma atividade tão popular no Brasil?

Enfrentei muitos, principalmente por falta de incentivos, conhecimento e informações sobre o esporte. Isso gera muitas ideias e pensamentos negativos, e acaba atrapalhando grandes projetos e a disseminação do esporte no país.

Você se consagrou campeão no festival Outdoor Mix, na França. Além disso, alcançou o quarto lugar no Slackline World Cup 2024, na Alemanha. Qual a sua rotina de preparação para campeonatos?

Minha preparação consiste em alternar academia para fortalecimento muscular e preparação física com treinos de trickline, realizando manobras de saltos para controle corporal, equilíbrio, resistência e manobras de repetição para não errar nas competições.

Como se sente ao fortalecer o nome do Brasil na modalidade?

É uma grande honra poder representar o país e a todos que me apoiam e incentivam, mostrando que somos uma potência no esporte e que temos competência para crescer e alcançar grandes resultados.

(Nicolas Vigneron)

(Nicolas Vigneron)

Após tantos títulos, ainda existe um frio na barriga? O que faz para que a pressão dos campeonatos não te afete negativamente?

Com certeza tem um frio na barriga. Esse frio que dá o prazer de competir e dar o máximo para trazer o melhor resultado. Gosto de curtir o momento e me divertir realizando as manobras. Assim, tudo flui positivamente e dá certo no final.

Qual foi a inspiração para o desenvolvimento do projeto ‘Neves na Fita’?

Foi a falta de projetos e oportunidades para a prática do slackline em Ribeirão das Neves. Sei que o esporte traz muitos benefícios às pessoas. Com o projeto, quis semear o equilíbrio e disseminá-lo na cidade para as pessoas conhecerem e verem o quão transformador e benéfico o slackline é.

Desde a criação do projeto, quais mudanças você notou no cenário do slackline em Ribeirão das Neves?

Muitas mudanças. Hoje, as pessoas conhecem o esporte, praticam no espaço público. Jovens praticantes têm resultados incríveis de melhorias no dia a dia com a família, escola e social. Esperamos atingir maiores resultados na cidade e expandir para vários lugares.

Como você iniciou a relação com o Grupo Treini e o que a parceria representa para você?

A parceria se iniciou por meio da Instituição Cidade dos Meninos, onde tenho o centro de treinamento de slackline — atualmente, o maior do mundo indoor. A colaboração com o Grupo Treini veio em um momento muito certo e é o fruto de um trabalho de longos anos, de acreditar e não desistir dos sonhos. Sei que a parceria trará projetos incríveis, que beneficiarão muitas pessoas e trarão muitos frutos para o esporte. Vamos fazer história e construir um legado para várias gerações.

Qual a importância da democratização do acesso a esportes como o slackline?

Espero que as pessoas tenham a oportunidade de conhecer, praticar e se beneficiar com as inúmeras vantagens que o slackline traz, para a mente e o corpo.

(Nicolas Vigneron)

(Nicolas Vigneron)

Você tem esperança que o esporte possa ser reconhecido como olímpico?

O slackline é um esporte de apresentação e tem totais condições de estar nas Olimpíadas. Já existem competições em vários países no mundo, só falta a questão da regularização, um trabalho burocrático para realizar confederações e um circuito mundial, para que possa crescer cada vez mais e trazer grandes investidores. Assim, terá a chance de chegar ao patamar de um skate ou surf. Nós, praticantes e organizadores, trabalhamos muito para que o slackline chegue o mais rápido possível nas Olimpíadas.

Ao analisar sua trajetória profissional, como se sente com o legado que tem construído?

Sinto orgulho com o que tenho construído. Sei que posso fazer muito mais e espero conseguir. Tenho grandes amigos e parceiros ao meu lado para transformar e levar o slackline ainda mais longe.

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