Atletas veganos

Veganismo: uma maneira saudável de atingir alto rendimento e contribuir com causas sociais

Letícia Lopes
@leticialopesou
15/04/2022 às 07:00.
Atualizado em 15/04/2022 às 13:34
Macrís, levantadora do Minas Tênis e da seleção brasileira, é vegana desde 2017 (Divulgação: Inovafoto/CBV)

Macrís, levantadora do Minas Tênis e da seleção brasileira, é vegana desde 2017 (Divulgação: Inovafoto/CBV)

A alimentação influencia diretamente na performance de todo ser humano. Para um atleta, ela é um dos pilares mais importantes e que mais interferem no rendimento. Em 2021, a Sociedade Vegetariana Brasileira realizou uma pesquisa e concluiu que cerca de 46% dos brasileiros já deixam de comer carne e alimentos derivados de animais em algum momento. De um tempo pra cá, o termo veganismo ganhou força, mas qual a diferença entre ser vegano e ser vegetariano? 

Uma pessoa vegetariana não consome carnes, enquanto uma vegana adota um estilo de vida que não inclui alimentos, roupas, ou qualquer outro produto que proceda de animais. A maioria relata um progresso na saúde e no bem-estar. 

A jogadora de vôlei Macrís Carneiro afirma que extinguir proteínas animais de sua dieta só trouxe benefícios. A atleta do Minas Tênis e da Seleção Brasileira fez a transição para o veganismo em 2017, e a principal motivação foi a causa animal. No entanto, ela garante que os benefícios foram muitos.

“Me senti com muito mais energia e mais leve. Tive muitas vantagens em relação a minha performance. Meu corpo passou a ter uma energia diferente, muito mais ativo, melhor para se recuperar após exercícios intensos, a fadiga após jogos e treinos ficaram menores”, afirmou.

Mesmo com declarações como a de Macrís, o veganismo ainda é recebido com muito preconceito por parte da sociedade. No esporte ainda mais. Acredita-se que um atleta de alto rendimento precisa que sua dieta seja constituída de carnes e outros alimentos provenientes de animais, logo, não poderia ser vegano. 

Para o biomédico e especialista em fisiologia humana e do esporte Leonardo Rossi, essa discriminação tem a ver com a falta de conhecimento da população. Ele afirma que a dieta vegana não impede que uma pessoa seja atleta.

“Os atletas veganos têm que consumir alimentos que contêm quantidades de aminoácidos muito maiores do que atletas que comem carne. O corpo digere aquilo de forma diferente, mas nada impede que um atleta de alto rendimento seja vegano, ele apenas precisa de uma dieta e acompanhamento personalizados, afirmou Rossi.

Falta de informação

Este preconceito em torno da alimentação vegana para atletas acontece pela falta de informação, segundo o fisiologista. 
Macrís faz a parte dela contra a desinformação. A jogadora conta que está “armada” de boas informações, e, dessa forma, as críticas viram curiosidade. E “matar” as dúvidas não é um problema para ela, pelo contrário, é um prazer.

“Existe dúvida e desconfiança por parte das pessoas. Alguns acreditam que vou ter falta nutricional, passar fome ou queda no desempenho. Essas dúvidas do senso comum somem quando eu passo as informações e conhecimento. Também pelo exemplo que dou no dia a dia, minha performance, vai trazendo mais tranquilidade”, disse.

A alimentação vegana, embora traga muitos benefícios, precisa ser inserida aos poucos. Macrís decidiu fazer de forma direta, sem passar pelo vegetarianismo (quando só carnes não são ingeridas) e, no caso dela, o organismo respondeu bem.

“Minha transição foi bem rápida, foi direta para o veganismo, e me senti super bem, não tive problema com ela. Pesquisei muito e tive embasamento científico sobre alimentação de origem animal. Como eu sou atleta, tive um cuidado muito grande em me informar. Pesquisei e me informei com profissionais da área para saber se eu poderia fazer essa transição e continuar sendo atleta e vi que não era problema nenhum”, explicou.

No entanto, Rossi indica que os interessados em se tornarem veganos, principalmente se forem atletas, tenham calma e faça isso aos poucos, observando as reações do corpo. Ele também orienta que nestes casos, é indispensável o acompanhamento médico.

Prós e contras

Embora os ganhos do veganismo sejam grandes, a pessoa precisa ter alguns cuidados. Um dos benefícios é a diminuição da inflamação corporal. Carnes e alimentos provenientes de animais são altamente inflamatórios e, ao longo dos anos, uma pessoa que ingere grandes quantidades poderá apresentar problemas de saúde causados por essa inflamação. 

Em contrapartida, os adeptos ao veganismo precisam se atentar, principalmente, à vitamina B12. Por ser uma vitamina proveniente da fermentação de um aminoácido no estômago de animais, ela só pode ser adquirida naturalmente através do consumo de carnes. A falta da B12 no organismo pode causar anemia perniciosa, muito difícil de ser tratada.

Suplementação
Para minimizar os fatores negativos, existe a suplementação. No caso da Macrís, ela contou que é adepta dos suplementos quando enxerga necessidade, como rotinas de treinos, viagens e competições mais intensas.

“Se aparece alguma demanda específica por causa do esporte eu uso algum tipo de suplemento para complementar. Proteína vegetal e carboidratos, principalmente. Também dou atenção às vitaminas e mantenho meus exames em ordem. Se alguma coisa precisa ser ajustada e a alimentação não conseguir, é feita uma suplementação, sim. Mas é tranquilo. E claro: orientado por um profissional”, enfatizou a atleta.  

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