
O primeiro título nacional do futebol mineiro não foi conquistado por um clube, mas pela seleção que representou o Estado no Campeonato Brasileiro de Seleções de 1962. E aquela grande equipe comandada pelo técnico Mário Celso, que na decisão venceu os dois jogos contra o esquadrão da Guanabara, começava por Marcial, um dos grandes goleiros da nossa história e que completaria 80 anos nesta quinta-feira (3).
Natural de Tupaciguara, no Triângulo Mineiro, Marcial de Mello Castro passou pelas categorias de base do Sete de Setembro antes de chegar ao Atlético, onde estreou no time principal com 19 anos, em 15 de agosto de 1960, quando substituiu Válter no gol alvinegro num amistoso vencido por 4 a 2 contra o Belgo-Minas, em João Monlevade.

Marcial foi campeão mineiro de 1962 pelo Atlético, sendo um dos destaques do time apesar da pouca idade
Naquela época, Fábio e Ruy dividiam a titularidade no time comandado pelo técnico Yustrich, que logo depois caiu para a entrada de Osni Pereira em seu lugar.
A titularidade absoluta no Galo só foi conquistada na temporada de 1962, quando ele foi destaque do time que impediu o tetracampeonato em sequência do Cruzeiro.
Mas ele chamou a atenção do futebol nacional com a presença na Seleção Mineira. A caminhada da equipe teve uma dura semifinal contra os paulistas e, depois, uma decisão contra um time da Guanabara recheado de estrelas como Castilho, Jair Marinho, Zózimo, Altair, Gérson, Joel e Dida, entre outros, sob o comando de Flávio Costa, treinador brasileiro na Copa do Mundo de 1950.
Título
Minas Gerais venceu o jogo de ida da final no Independência, por 1 a 0, gol de Ari, e voltou a derrotar a Guanabara no Maracanã, na volta, por 2 a 1, de virada, com Dida abrindo o placar e Luiz Carlos e Marco Antônio também balançando a rede.
Os dois jogos foram em janeiro de 1963. Em fevereiro do mesmo ano, Marcial foi campeão mineiro com o Atlético. A vitória por 2 a 1 sobre o Cruzeiro, no Independência, que garantiu a taça, foi sua última partida pelo clube alvinegro.
Seleção Brasileira
A grande campanha no Campeonato Brasileiro de Seleção fez da Seleção Mineira a base do time que representou o Brasil no Campeonato Sul-Americano (Copa América) de 1963, na Bolívia.
E Marcial era o dono do gol na equipe dirigida por Aimoré Moreira. Na preparação para a Copa América e na competição ele disputou cinco dos seus seis jogos pela equipe Canarinho. O último, em 19 de maio de 1963, uma goleada por 5 a 0 sobre Israel, em Tel-Aviv, ele já atuou, entrando no lugar de Gylmar, como atleta do Flamengo.
Flamengo
Isso porque logo depois de ganhar o título mineiro de 1962, em fevereiro de 1963, ele foi contratado pelo time da Gávea, que era treinado justamente por Flávio Costa, o comandante da Guanabara que tinha visto seu esquadrão parar nas defesas de Marcial.
Em 15 de dezembro de 1963, Marcial foi campeão carioca pelo Flamengo com o empate por 0 a 0 diante do Fluminense, que tinha na zaga Procópio, capitão da Seleção Mineira campeã brasileira no início daquele ano. Este jogo teve 194.603 pessoas, recorde mundial numa partida entre clubes.
Em 1965, Marcial deixou o Flamengo para defender o Corinthians, onde ficou até 1968, sendo campeão do Torneio Rio-São Paulo em 1966.
Ainda jovem, com 27 anos, Marcial abandonou a carreira de jogador de futebol para se dedicar à Faculdade de Medicina. Ele exerceu a profissão por vários anos em Pitangui e também em Belo Horizonte. Era anestesiologista.
Em 1º de agosto de 2018, Marcial morreu em Belo Horizonte, aos 77 anos, vítima de um infarto. Nesta quinta-feira, completaria 80 anos. Para sempre, será uma lenda do futebol mineiro.