Marin penhorou nos EUA patrimônio maior que a receita de Cruzeiro e Atlético juntos

Alexandre Simões – Hoje em Dia
06/11/2015 às 07:13.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:22
 (CBF)

(CBF)

Os R$ 57 milhões que o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, terá de pagar à Justiça dos Estados Unidos caso viole a prisão domiciliar que cumpre em Nova York, garantidos por patrimônio pessoal, superam toda a arrecadação líquida de Cruzeiro e Atlético nos jogos da dupla mineira no ano passado, quando o primeiro venceu o Brasileirão, e o segundo, a Copa do Brasil.

Os R$ 4,4 milhões recebidos por Marco Polo del Nero, como rendimentos na CBF e na Federação Paulista de Futebol em 2014, também são mais do que 33 dos 35 clubes profissionais de Minas Gerais arrecadaram, juntos, em seus jogos na última temporada.

A crise da Fifa revelou valores relacionados a dirigentes que escancaram a realidade do futebol brasileiro: cartolas cada vez mais ricos e clubes endividados.

“É sabido que a miséria e endividamento dos clubes brasileiros tem tudo a ver com o enriquecimento dos cartolas. Na CBF, nas federações estaduais, no São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Flamengo, Vasco, etc...”, garante o jornalista Juca Kfouri, que revelou em seu blog, na semana passada, os rendimentos de Del Nero no ano passado como presidente da FPF e vice da CBF.

Decepção

 

Edvaldo Soares, presidente do Democrata-GV, faz um desabafo que resume bem o sentimento de quem faz futebol no interior.

“Tudo isso deixa a gente triste. Falam em melhorar o futebol, mas não caminha para o que se espera. Cada dia decepcionam mais. Quando se vê os órgãos que administram o futebol fazendo isso, fica ainda mais forte a necessidade de se trabalhar para que os maus dirigentes sejam afastados e punidos. Só não desanimo porque sou persistente. É a paixão da gente, e não podemos abrir mão dela”, revela o dirigente.

Alexandre Kalil, ex-presidente do Atlético e atual executivo da Liga Sul-Minas-Rio, cobra mais fiscalização sobre todos os dirigentes do futebol brasileiro.

“Tem Ministério Público, tem polícia, tem procurador. Tem muita gente para tomar conta disso. Minha opinião não adianta nada, não vale nada. Está tudo nos jornais. No Atlético, é lei. Você tem que entregar seu Imposto de Renda. Está no Estatuto. Eu entreguei. Quando saí, também, um pouco menor, pois vendi algumas coisas. Está na hora de quem tiver de direito, verificar, quebrar sigilo. Não é só deles não, é de nós todos. Isso deveria ser automático para quem mexe com o dinheiro dos outros”, analisa Kalil.

Ligas

Para o jornalista Cosme Rímoli, do portal R7, a fortuna que Marin empenhou nos Estados Unidos e os altos rendimentos de Marco Pelo del Nero são provas do atraso do nosso futebol.

“Os dirigentes são os grandes responsáveis pelo atraso do futebol brasileiro. Seguram no cabresto o progresso, a transparência, ligas independentes. E se beneficiam. O patrimônio da CBF é indecente. Mas eles têm cúmplices fundamentais: os clubes. A covardia, o comprometimento fazem com que não tenham coragem de ignorar federações e a CBF. Deveriam estar organizando seus campeonatos há muito tempo. Sem pagar taxas para nenhuma federação. Muito menos enriquecer dirigentes aproveitadores. A Liga Sul-Minas-Rio talvez possa ser o embrião de uma mudança obrigatória”, garante Rímoli.

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