‘Me cuido para disputar a Copa de 2022’, afirma Renato Augusto, meia da Seleção Brasileira

Henrique André
hcarmo@hojeemdia.com.br
28/09/2018 às 19:12.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:42
 (Beijing Guoan/Divulgação)

(Beijing Guoan/Divulgação)

Campeão olímpico em 2016, peça importante na Copa do Mundo da Rússia e um dos remanescentes neste início de novo ciclo da Seleção Brasileira. Aos 30 anos e ídolo no Beijing Guoan (China), o meia Renato Augusto se tornou um dos homens de confiança do técnico Tite e tem presença garantida nos amistosos do time canarinho contra Arábia Saudita e Argentina, em 12 e 16 de outubro, ambos na Ásia.

Neste Papo em Dia, o jogador relembra o surgimento no Flamengo, comenta o protagonismo alcançado na Seleção, analisa o futebol chinês e afirma que defender Atlético ou Cruzeiro seria um grande prazer.

Lá se vão 13 anos desde a sua estreia na equipe principal do Flamengo, em 2005. Quais são as principais diferenças do Renato Augusto de lá para cá?

Como pessoa, sou o mesmo, com os princípios de sempre, um cara família e amigo dos amigos. A única diferença é que hoje sou pai e tenho novas responsabilidades. E, como profissional, estamos sempre em evolução física e tática. Aquele garoto do Flamengo amadureceu muito. Aprendi demais no futebol europeu, onde passei a jogar em outras posições, a ler melhor o jogo e a ser mais disciplinado taticamente. Veio Seleção Brasileira, Olimpíada, Copa do Mundo... Novas conquistas no Brasil, em outro clube de massa (Corinthians), e agora a China, uma experiência incrível. Posso dizer que sou uma pessoa bastante realizada.

Quando subi para o profissional, eu era um meia clássico. Mas logo percebi que essa função praticamente iria acabar no futebol. No ano passado, joguei um bom tempo como atacante. E neste, cheguei a jogar como zagueiro”

Quando surgiu no Flamengo, você atuava como um camisa 10, um meia clássico. Qual foi o treinador que ‘mudou o seu estilo’ e aprimorou o seu poder de marcação? 

Quando subi para o profissional, eu era um meia clássico. Mas logo percebi que essa função praticamente iria acabar no futebol. Daí, tive que me adaptar a outras. No próprio Flamengo fiz novas funções, com o Ney Franco, jogando de volante pela direita e de atacante. Na Alemanha joguei um pouco mais aberto, como um ponta. Depois, com o Tite, me encaixei nessa função que eu faço hoje, que é a que eu mais gosto. Procuro me adaptar a cada momento do jogo, às vezes mais atrás, às vezes mais à frente. Aqui na China acabo fazendo um pouco de cada, troco de posição muitas vezes. No ano passado, joguei um bom tempo como atacante. E neste ano, cheguei a jogar até como zagueiro. Procuro estar sempre evoluindo e aprendendo.

Você se tornou um dos homens de confiança do Tite na Seleção. Prova disso é a presença nas convocações para os amistosos após a Copa do Mundo. Como é assumir esse papel de protagonismo?

Não me vejo dessa forma, e sim como mais uma peça na engrenagem que o Tite montou na Seleção. Ele é um profissional da mais alta qualidade, com quem eu sempre tive a facilidade de trabalhar, desde os tempos de Corinthians. O trabalho dele até aqui tem sido muito bem feito. Não aconteceu o que esperávamos na Copa, mas estão chegando bons nomes para darmos sequência a essa metodologia que foi implantada.Lucas Figueiredo/CBF/Divulgação

Armador tem 31 partidas e seis gols com a camisa da Seleção, um deles na última Copa do Mundo

 Em algum momento você temeu não ser mais lembrado por ele e ficar de fora do ciclo da Copa América de 2019?

Não procuro pensar nisso. Eu procuro, sim, é fazer sempre o meu trabalho da melhor maneira possível para continuar sendo lembrado. Servir à Seleção sempre foi e será um prazer. É o auge da carreira do jogador poder representar o nosso país.

Na Copa de 2022, você estará com 34 anos. Acredita que seguirá atuando em alto nível até lá? Tem o sonho disputar mais um Mundial?

Eu procuro pensar sempre no hoje, no agora. Não adianta atropelar etapas. Mas sempre me preocupei em me cuidar, em ter profissionais de alto nível ao meu lado para estar sempre bem condicionado, ainda mais jogando fora do Brasil. É claro que penso em jogar mais uma Copa. Quero ajudar a buscar esse título que escapou na Rússia. Mas tudo tem seu tempo certo.

É claro que penso em jogar mais uma Copa. Quero ajudar a buscar esse título que nos escapou na Rússia. Mas tudo tem seu tempo e sua hora”

A China atraiu jogadores do mundo inteiro, especialmente pela questão financeira. Hoje, porém, a quantidade de atletas brasileiros contratados diminuiu bastante. O nível técnico no país se manteve o mesmo desde aquele boom?

O número de jogadores contratados caiu porque eles diminuíram o número de estrangeiros. Quem já tinha estrangeiros não podia mais contratar, pela regra nova de ter que pagar uma multa se excedesse o valor estipulado. Isso deu uma freada nas contratações. Mas eles conseguiram movimentar o mercado, chamaram a atenção do mundo, e o Campeonato Chinês passou a ser comentado, badalado e televisionado para vários países. Agora, o futebol aqui segue o seu rumo, com um nível técnico melhor e jogos mais disputados. E tem muito a evoluir ainda.

Voltar ao Brasil ou para a Europa ainda passa pela sua cabeça?

Não tenho nada planejado em relação ao futuro. Se chegar alguma coisa interessante pra mim e para o clube, a gente vai sentar e conversar. Mas renovei recentemente com o Beijing Guoan e estou feliz na China. Deixo as coisas acontecerem.Agência Corinthians/Divulgação

Boa relação com o técnico Tite começou no Corinthians, pelo qual conquistaram juntos o Brasileirão de 2015

 O calendário asiático é muito mais espaçado do que o brasileiro. Para o jogador, mesmo enfrentando equipes mais fracas tecnicamente, é melhor atuar nesse tipo de mercado, em relação a lesões e desgaste físico? Você sente essa diferença na pele?

O calendário aqui é mais humano, não é sempre que temos jogos durante a semana. É claro que isso ajuda a nos recuperarmos e a treinarmos melhor. O desgaste é menor, assim como os riscos de lesão. O trabalho, num todo, rende muito mais.

Me vejo como mais uma peça na engrenagem que o Tite montou. Ele é um profissional da mais alta qualidade, com quem sempre tive a facilidade de trabalhar, desde os tempos de Corinthians”

As lesões que você teve em 2011 e 2012 interferiram diretamente na sua continuidade na Europa? Você chegou a despertar a atenção do Manchester City quando atuava no Bayer Leverkusen...

Com certeza, atrapalharam e me tiraram um pouco de confiança. Não foi bom, mas é difícil dizer o que aconteceria se eu não tivesse lesão ou até onde eu poderia chegar. Por outro lado, me deu a oportunidade de voltar ao Brasil para defender o Corinthians e viver momentos incríveis. Não gosto de pensar no que teria acontecido, e sim agradecer por tudo que vivi nessa minha volta ao Brasil.

Em algum momento da sua carreira, chegou a ser procurado por Atlético ou Cruzeiro? Gostaria de vestir a camisa de um deles?

Se teve algum interesse, nunca chegou nada até mim. São dois dos maiores clubes do Brasil, times supercampeões. A história fala por eles, e qualquer jogador gostaria de vestir essas camisas, pois têm um peso enorme.

Você é a favor da utilização do VAR? Chegou a ver a expulsão do Dedé contra o Boca Juniors na Libertadores? O que achou do lance?

Não sou contra o árbitro de vídeo, mas sou a favor da profissionalização do árbitro. Não se pode pagar mil reais por mês para o árbitro e gastar não sei quantos mil com o vídeo. Se há a oportunidade de fazer os dois, perfeito. Quanto à expulsão do Dedé, vi o lance e achei um absurdo. Mesmo com o auxílio do vídeo, o árbitro agiu, a meu ver, de forma equivocada.

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