Mesmo chamado de 'mercenário' e vaiado, Arrascaeta dividiu corações em seu retorno ao Mineirão

Guilherme Piu
16/06/2019 às 22:52.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:08
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

O status de titular absoluto em jogos no Mineirão não é mais a atual condição de Giorgian De Arrascaeta, jovem meia uruguaio que de 2015 a 2018 vestiu a camisa do Cruzeiro. Em seu retorno ao Gigante da Pampulha, agora vestindo o azul celeste da Seleção do Uruguai, o camisa 10 sequer pisou no gramado durante os 90 minutos, já que foi preterido pelo técnico Óscar Tabárez na vitória por 4 a 0 sobre o Equador na noite deste domingo (16). No entanto, durante o aquecimento, o meio-campista ouviu vários "elogios" vindos das arquibancadas.

Alem das vaias, Arrascaeta foi chamado por alguns torcedores de "mercenário", por ter trocado no começo do ano o Cruzeiro pelo Flamengo, em uma negociação que fez o jogador abandonar o centro de treinamento estrelado.

E na zona mista do Mineirão o jogador falou a respeito da experiência, visto que em um certo momento ele foi bastante xingado em aparições que fez na área técnica. 

"Cada um pode se manifestar da forma que quiser, mas eu sempre me doei no trabalho dentro do campo quando estive aqui (no Cruzeiro). Era de esperar por tudo o que aconteceu, da forma que sai. Mas estou tranquilo", disse em relação às críticas, que segundo o próprio Arrascaeta não o abalaram.

"Nós jogadores temos que lidar com isso, mas não podemos deixar que atrapalhe dentro do campo. Tento tirar o lado positivo. Dentro do  campo fiz uma história bonita por aqui", reiterou. 

No Mineirão vestindo o azul do Cruzeiro, o jovem De Arrascaeta mostrou muito do seu potencial. Só no Gigante da Pampulha o meia marcou 30 gols e se tornou o grande artilheiro do estádio pós-reforma, finalizada em 2013.

Maior artilheiro estrangeiro da Raposa com 49 gols, Arrascaeta marcou 61% dos seus tentos pelo Cruzeiro no Mineirão. Justamente onde pela primeira vez com a

Seleção do Uruguai ficou a todo o tempo no banco de reservas. Algo não tão comum para o camisa 10 em Belo Horizonte, onde foi titular absoluto pelo clube estrelado. 

"Eu estava preparado para jogar. Quem entrou o fez bem, agora é trabalhar para jogar bem quando for acionado", comentou. 

À espera para vaias

Se Arrascaeta afirmou estar preparado para as vaias, houve quem se preparou para vaiá-lo se o camisa 10 tivesse entrado em campo para jogar. E os xingamentos partiriam de cruzeirenses, por motivos óbvios, e até de atleticanos.

"Eu vaiaria bastante. A atitide que ele teve como jogador profissional foi ridícula, um jogador não pode fazer algo desse tipo. Ele deveria ter conversado com a diretoria numa boa, falar dos interesses, e sair de uma forma mais digna", comentou o personal trainer Jeferson Abreu, de 32 anos.

Acompanhando de amigos atleticanos, Jeferson ainda comentou sobre as vaias dos torcedores do Atlético.

"Os atleticanos meus amigos gritaram o nome do Arrascaeta esperando que ele entrasse em campo, porque também queriam vaiá-lo", completou.

Um desses amigos foi enfático: "Jogou no Cruzeiro, vou vaiar com certeza", disse o assistente financeiro Carlos Garro, 33 anos. 
O desenvolvedor Lucas Duarte, de 25 aos, torceu para que Arrascaeta entrasse no jogo para vaiá-lo bastante.

"Eu queria que ele tivesse entrado para vaiá-lo, justamente por que ele desrespeitou o Cruzeiro com a atitude dele na saída. Não por ter saído do clube, mas pela forma como saiu. Se tivesse entrado em campo seria vaia e mais vaia", afirmou  

Também teria apoio

Ao contrário dos que torceram para o jogador entrar em campo pelas vaias, houve quem o elogiaria.

"O Arrascaeta, independentemente da forma que saiu, sempre será Arrascaeta. Fiquei na adrenalina a cada substituição, mas ele não entrou. Se entrasse seria sensacional", disse a assistente de marketing Sabrina Alves, 33. 

Nem aí

Dos que vaiariam aos que elogiariam, houve também os torcedores que, mesmo chateados, não se manifestariam. Caso do estudante cruzeirense João Marcos, de 23 anos. 

"Não vou reagir. Entendo a vontade dele ir para o Flamengo por dinheiro, mas ele poderia ter saído de outra forma, como ídolo. Cada um faz da sua vida o que quer, não iria aplaudi-lo nem vaiá-lo. Independentemente do que ele fizesse seria aleatório. Fiquei chateado pela forma como ele saiu, se que foi por dinheiro, mas a maioria dos cruzeirenses  ficaram chateados.  

E o gerente de projetos Rafael Horta, 38 anos, pensou parecido com João Marcos. 

"Arrascaeta é um grande jogador, fez o caminho certo, teve uma proposta e saiu. Demorou um tempo no Cruzeiro para jogar o futebol que ele é capaz, acredito que na Copa do Mundo ele foi reserva e isso foi fator preponderante para a eliminação do Uruguai, mas eu não vaiaria. Vida que segue. A relação nãp foi boa no momento da saída, mas eu sei que ele escolheu o melhor para ele, mesmo não sendo o Cruzeiro. Se ele fizesse gol eu também não comemoraria", frisou. 

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