Micale recebe o desafio e sai dele com o nome na história

Bruno Moreno - enviado especial
bmoreno@hojeemdia.com.br
21/08/2016 às 09:23.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:28
 (Flávio Tavares - 20/08/2016)

(Flávio Tavares - 20/08/2016)

RIO DE JANEIRO - O destino e a sorte são componentes que fazem tabelinha com a competência para que o sucesso seja alcançado no mundo da bola. E todos eles estavam ao lado de Rogério Micale, que colocou ontem o seu nome na história do futebol brasileiro como o treinador que levou a Seleção à conquista do inédito ouro olímpico.

Nas últimas cinco participações brasileiras no torneio de futebol masculino dos Jogos, antes da Rio-2016, a equipe sempre foi comandada pelo treinador da Seleção principal. Foi assim em Seul (1988), com Carlos Alberto Silva levando o Brasil à prata. Depois com Zagallo, em Atlanta (1996), quando o bronze foi conquistado.

Em 2000, em Sydney, o time de Vanderlei Luxemburgo não passou das quartas de final. Oito anos depois, em Pequim, a equipe de Dunga foi bronze. Em Londres-2012, os comandados de Mano Menezes ficaram com a prata.

No Rio, o Brasil seria comandado por Dunga, que caiu após o fracasso na Copa América. No acerto com a CBF para ocupar o cargo, Tite exigiu que não fosse o comandante do time olímpico.

PRESSÃO

E a pressão, pois o fantasma dos 7 a 1 ainda está vivo, caiu no colo de Micale, que trabalhou na base do Atlético entre 2009 e 2015 e, desde então, comandava os times sub-20 e sub-23 da Seleção.

Ontem, quando acabou a festa no gramado do Maracanã, ela recomeçou no vestiário brasileiro. E Micale teve o nome gritado pelos jogadores. Na primeira coletiva como campeão olímpico, transbordou emoção. “É uma mistura e os sentimentos são vários. Sai de um momento de muita ansiedade, que é o pré-jogo. Sabíamos que íamos enfrentar uma equipe muito difícil. E o jogo se mostrou dessa forma. O sentimento depois de uma batalha como essa é de realização, de alívio, de euforia, por esse momento inédito. Com calma vou saber identificar, mas estou muito feliz”, garantiu Micale.

O que o ouro vai significar na sua carreira, Micale ainda não sabe: “Vou continuar trabalhando, como sempre fiz. Não sei o que me reserva o futuro, mas continuarei com aquilo que acredito, a minha forma de pensar e fazer futebol. Só com o passar dos dias vou ter mais noção disso”.

Mas pessoalmente, a definição é bem clara. “Nos momentos bons e ruins, quem sempre me sustenta com palavras é minha família. Chorei muito. Passou um filme na minha cabeça, quando comecei, as dificuldades que tive, os lugares que trabalhei, alguns sem condição. Dedico isso à minha mulher, Silvana, minhas filhas, Caroline, Natália, Amanda. Fiz 25 anos de casado, dia 16, não pude passar junto, mas disse que as Bodas de Prata seriam em ouro, e aconteceu. Minas filhas mais novas estavam aqui, e a caçula faz 17 anos hoje”, relatou um emocionado Micale. 

Por regra do COI, como treinador, ele não recebeu medalha. Mas a marca que alcançou será eterna.

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