Eram pouco mais de seis horas da tarde quando a iluminação externa do Mineirão começou a ser acesa, anunciando o início da noite que marcaria o retorno do time canarinho a Minas Gerais, após quase cinco anos de hiato. Com ela, chegava um público que tinha saudade de expressar o orgulho em vestir as cores verde e amarelo, fazendo parte daquela que é, com o perdão do chavão, a torcida mais democrática de que se tem notícia: a da Seleção Brasileira.   

Por onde viaja, o “escrete” canarinho promove uma verdadeira mistura de sotaques e faz com que pessoas, que antes eram “torcedores rivais”, se unam pelas cores. No entorno do estádio, era facilmente perceptível essa mistura. Que o digam os futuros doutores em administração André Zogahib e Ricardo Nogueira. Naturais de Manaus, capital do Amazonas, eles viajaram rumo à capital mineira  buscando concluir seus estudos de doutorado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Como a instituição é vizinha ao Mineirão, eles aproveitaram uma das poucas horas de lazer que o doutorado permite para conferir o amistoso. Vestidos com uma camisa verde da Seleção Brasileira e os nomes “Dr. Zogahib” e “Dr. Nogueira” às costas, os manauaras chegaram cedo ao estádio e já teceram elogios à estrutura que foi reconstruída visando a Copa do Mundo.

“É a primeira vez que venho a esse novo Mineirão. Já estive aqui para conferir alguns jogos do Cruzeiro, mas só agora estou tendo a oportunidade de vê-lo remodelado. Ficou bacana. A iluminação está bonita. Agora é ver lá dentro”, comentou Zogahib, que é professor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

André ficará na capital mineira até o final de junho. Ao lado estará seu amigo, que é professor na Universidade Federal do Amazonas (UFAM). O período vai coincidir com a realização da Copa das Confederações e Ricardo Nogueira já se mostra empolgado para conferir o “Festival de Campeões”. “Estamos tentando comprar os ingressos. Já que estaremos aqui em Belo Horizonte, vamos ver se conseguimos conferir alguma das partidas. Quem sabe até mesmo a semifinal”, disse o futuro doutor, que pretende assistir aos jogos da Copa do Mundo em Manaus, uma das cidades sedes. Porém, como ele mesmo disse, “se sobrar um tempinho, dou um pulo aqui (em Belo Horizonte)”.

Os dois lados de uma moeda

O uniforme alvinegro com o número 49 cravado nas costas não era um acaso. O empresário e atleticano João Flávio Morais saiu de Itaúna para conferir a Seleção Brasileira e seu ídolo, Ronaldinho Gaúcho, que nesta noite será o dono da camisa 10 canarinho. Ao seu lado estava sua namorada, a fisioterapeuta Michelly Araújo. Parecia um casal comum, não fosse o fato dela vestir o manto azul-celeste e não ter tanta convicção no sucesso do craque alvinegro.

Michelly preferia depositar suas confiança em outro astro da noite desta quarta-feira, o zagueiro Dedé, recém-contratado pelo Cruzeiro e que fará sua estreia no Mineirão. O fato dele não vestir as cores azuis em sua primeira partida após ser confirmado como jogador da Raposa não incomoda a torcedora, que aposta no sucesso do defensor. E, segundo ela, as boas atualções já começarão nesta noite. “Vai ser 3 a 0 Brasil. Dedé fará um dos gols. Ele vai arrasar”, disse a cruzeirense.

Sorrindo, João discordou da amada, preferindo “puxar a sardinha” para seu lado. “Que nada! Hoje é 5 a 1 Brasil. Ronaldinho fará um e o Réver também deixará o dele”, brincou o torcedor alvinegro.

Porém, os dois concordaram na estrutura montada ao redor do estádio. “Deixamos o carro perto da Igreja da Pampulha e viemos à pé até o Mineirão. Está muito seguro, só entra quem estiver com ingresso”, destacou Michelly.

O único porém segundo o casal, é a presença de flanelinhas ao redor da Lagoa da Pampulha, nos pontos onde é possível estacionar. Eles cobraram R$ 20 pelo serviço. Nada que desanime os namorados, que se mostram empolgados com a festa. “Está lindo o Mineirão. Tem tudo para ser uma grande noite.