Mudar o estatuto para permitir adequação das atuais regras que regem o Cruzeiro à realidade da sociedade. Com esse pensamento, membros do alto escalão celeste se reuniram com diversos conselheiros, nessa segunda-feira (10), em uma churrascaria na região Centro-Sul de Belo Horizonte.
No evento denominado "Muda Estatuto" estiveram presentes 183 conselheiros, dentre esses o ex-presidente do conselho deliberativo Hermínio Lemos, além de torcedores convidados, familiares dos conselheiros e ex-presidentes, como César Masci, que dirigiu o Cruzeiro na década de 1990.
O Hoje em Dia, assim como no encontro da última semana - que reuniu correligionários do pré-candidato à presidência do Cruzeiro (oposição) Zezé Perrella - obteve informações privilegiadas sobre o evento dos favoráveis à mudança estatutária. Reunião que mostrou força em, quem sabe, emplacar uma futura assembleia do conselho para se discutir um novo estatuto nos próximos meses.(veja galeria de fotos ao fim do texto)
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Convidado a discursar no evento, o presidente Gilvan de Pinho Tavares - muito cumprimentado por aqueles que estiveram presentes à churrascaria - reiterou a importância de haver mudanças no estatuto, modificado pela última vez em 2011 ainda na gestão do então presidente Zezé Perrella.
Junto a seus “braços direitos”, como o superintendente das categorias de base Antônio Assunção e o vice de futebol Bruno Vicintin, Gilvan fez de tudo para mostrar os pontos positivos da sonhada modernização do texto que regulamenta o funcionamento do Cruzeiro.
No salão da churrascaria Fogo de Chão, que ficou iluminada por luzes azuis e teve projeções de frases de impacto nas paredes (veja foto), Gilvan falou o quão prejudicial será ao clube, na visão do atual presidente, caso sejam mantidos os impeditivos de candidaturas de "gente nova" ao maior cargo da instituição.
A favor de mudanças, o chefe maior do Cruzeiro hoje tem a intenção de oficializar, se em um futuro breve for possível, a candidatura do jovem empresário Bruno Vicintin à presidência do clube. A ideia é ter o atual vice como cabeça de chapa no pleito que deve acontecer entre outubro e dezembro próximos.
Em um discurso caloroso, Vicintin destacou a honestidade como ponto forte da atual gestão. E agradeceu o apoio de todos os conselheiros que, em um primeiro momento, se mostraram favoráveis à alteração no estatuto.
“Às vezes nessa caminhada, nesses momentos, você pensa se está sozinho e no caminho certo. Mas olho aqui e vejo esse salão cheio (da churrascaria), rodeado de gente importante, pessoas que vivem o Cruzeiro. Aí você vê que não está sozinho. Que você toma conta, como vice de futebol, como presidente, de oito milhões de corações. Isso é muito importante. Mais importante que isso é que o presidente deixa um legado muito grande. Gilvan e o doutor (Francisco José) Lemos deixam um legado no Cruzeiro de honestidade e dedicação ao clube. Eu, de família italiana, queria agradecer. A gente pensa no bem maior do Cruzeiro. Pelo Cruzeiro tudo, do Cruzeiro nada. Isso que tem nos motivado. Independentemente do que for acontecer”, disse Vicintin.
Impeditivos
Para conseguir fazer com que o seu atual vice-presidente de futebol seja um dos postulantes à cadeira presidencial, a maioria dos conselheiros celestes precisam votar a favor da mudança do estatuto. Como Vicintin não reúne atualmente condições burocráticas de participar do pleito, a situação necessita de "novas regras do jogo", para seguir jogando com o seu preferido e para ele assumir o clube no próximo triênio.
Associado conselheiro, Vicintin não cumpre os requisitos necessários para se tornar ao menos "nato", status que lhe daria garantias estatutárias - nos moldes atuais do documento - para ser o candidato oficial da situação, e concorrer ao pleito no fim do ano. Por isso a vontade em se mudar as regras.
Pré-candidato da oposição, o senador Zezé Perrella já mostrou indignação pela tentativa de se alterar o estatuto. Tanto que um de seus correligionários, o ex-superintendente do Cruzeiro, o advogado Sérgio Santos Rodrigues, organizou um manifesto assinado por juristas cruzeirenses também contrários à mudança.
No entanto, nem isso preocupa Bruno Vicintin, que mostra tranquilidade pela decisão do candidato à presidência pela situação.
“Quando fui convidado pelo doutor Gilvan para assumir a diretoria de futebol do Cruzeiro e para ajudá-lo a carregar o desafio que seria administrar o clube, vínhamos de anos gloriosos e estávamos passando por momento turbulento. Ele falou algo que marcou, que tinha chamado um companheiro, um amigo. Me senti orgulhoso. Honestidade é obrigação, mas pelo momento que o Brasil está passando, temos que enaltecer muito essas pessoas como o doutor Gilvan. O futebol é um meio muito sujo e a gente que vive no meio da bola, por onde anda, vê o doutor Gilvan sendo muito exaltado, justamente pela honestidade. Seguir os passos do doutor Gilvan, do Lemos, Hermínio, (José Gustavo de Mattos, conselheiro Nato) Gatti, todos que eu citar são exemplos muito grandes para mim”, reiterou Vicintin.