“Não se dá a devida atenção ao esporte”, afirma secretário

Felippe Drummond Neto
Hoje em Dia - Belo Horizonte
01/03/2015 às 08:58.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:11

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O Ministro George Hilton disse em sua posse que não entende profundamente de esporte. E o senhor?
Todo brasileiro entende um pouco de esporte, principalmente futebol, e eu não sou diferente. Mas não estou sozinho. Na minha gestão, temos uma equipe com profissionais altamente competentes à frente de todas as ações da secretaria. Mesmo assim, sei que teremos um desafio muito grande para fomentar a prática esportiva em todo o Estado.   Algum ídolo no esporte?
Tenho sim, o Zico. Sempre fui fã do jogador e tive a oportunidade de vê-lo jogar algumas vezes.
Assim como o governo federal, o estadual adotou critérios políticos para a escolha da pasta do esporte. Esses arranjos não são um alto preço a ser pago pela chamada governabilidade, já que os critérios deveriam ser técnicos?
Temos que aproveitar a oportunidade. Com a nomeação do deputado George Hilton para ministro do Esporte, abriu-se uma mentalidade nos governantes de ter um link diretamente com o Ministério. Sou amigo dele há mais de 20 anos, então do ponto de vista político isso gera uma expectativa muito grande. Temos que trabalhar com muita responsabilidade para cumprir as expectativas. Garanto que faremos grandes projetos com essa parceria. Além disso, minha história como vereador em Belo Horizonte tem uma ligação muito forte com a do governador Fernando Pimentel, desde que ele era o prefeito de Belo Horizonte. Não acho que vamos ter um alto preço a pagar, vamos ter grandes resultados de governabilidade.
Como vereador, o senhor aprovou ou propôs alguma lei em benefício do esporte?
Não.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a cada dólar investido no esporte, economiza-se 3,2 na saúde. Dito isso, por que o esporte não tem uma secretaria exclusiva na maioria dos estados, incluindo Minas, onde a pasta é dividida com o Turismo?   Isso ainda acontece no Brasil porque temos um modelo brasileiro de saúde que trata a causa apenas, não a prevenção. Com isso, algumas atividades da secretaria de esporte, como o Minas Geração Saúde, foi pensado nesse aspecto de prevenção. Temos trabalhos com jovens obesos, em convênio com academias em todo estado. Ainda somos uma secretaria de esporte e turismo, mas por pouco tempo. Vamos desmembrá-la em breve pois é um compromisso da campanha do governador Fernando Pimentel para dar uma atenção especial ao esporte.
O orçamento provisório de Minas para a sua secretaria é de quase R$ 42 milhões, o que corresponde a 0,05% do orçamento total. Por que Minas investe tão pouco no esporte?   Uma vez havendo o desmembramento da pasta de esportes será discutido em assembleia o orçamento que teremos para trabalhar. Também esperamos que o valor investido no esporte seja ampliado, para atendermos às políticas de esporte que são muito amplas no estado. Mas só terei acesso a este orçamento após o desmembramento acontecer. Atualmente não se dá a devida atenção ao esporte, por isso o valor é tão baixo.   Dos 95 atletas da delegação brasileira que participou dos Jogos Olímpicos da Juventude no ano passado, na China, apenas cinco eram de Minas, número similar ao do pequeno estado do Espírito Santo (4) e abaixo de Paraná (7), Santa Catarina (7) e Rio Grande do Sul (9), sem contar SP (28) e Rio (20). Não é um número muito aquém, considerando a força econômica e a importância política de Minas na Federação?   Gostaria que este número fosse maior e creio que possa vir a aumentar em próximas convocações.
Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), já afirmou que há bons trabalhos e boas parcerias do CPB com Rio, São Paulo e outros estados. Nunca citou Minas. Quais são os seus projetos para o movimento paralímpico?   O esporte paralímpico terá a atenção especial na minha gestão da secretaria. Faremos investimento para ampliar a participação tanto do CPB quanto dos atletas paralímpicos nos JEMG. Nas competições estaduais já há diversas modalidades paralímpicas, mas queremos fomentar e envolver ainda mais a participação dos atletas em todas as ações da Secretaria.
Entre os projetos olímpicos em andamento no estado, há o Geração Esporte, que é voltado para crianças e adolescentes com idade entre sete e 13 anos. De acordo com o site oficial do governo, apenas 20% dos municípios mineiros estão contemplados com este importante projeto de base. Por que tão pequena abrangência?
Ainda hoje temos uma limitação orçamentária que nos impede fazer a ampliação de projetos como este. Esperamos que o novo orçamento possa contemplar novas ações e melhorar as que já existem. Isso também já está em nossa pauta para aumentarmos essa porcentagem de participação, já que Minas conta com 837 municípios, e atualmente o programa alcança pouco mais de 150.
Outros projetos no estado, estes mais voltados para o alto rendimento, são o Bolsa Atleta e o Incentivo ao Esporte. Quais atletas mineiros beneficiados com esses projetos poderão integrar a delegação nacional na Olimpíada do ano que vem?
De acordo com o levantamento feito pela diretoria de Incentivo ao Esporte de Rendimento, em 2014, ao todo 28 atletas do Estado de Minas Gerais foram convocados para compor a seleção Brasileira nas modalidades esportivas olímpicas e paralímpicas. Com isso, há a probabilidade desses atletas estarem na Olimpíada e Paralimpíada do Rio.
Qual é a sua expectativa para os Jogos Escolares de Minas para 2015?
São as melhores possíveis. Temos um índice de satisfação muito grande nos atletas e professores envolvidos nessa competição. Essa é a nossa principal vitrine da secretaria e queremos aumentar ainda mais o número de participantes, não só de atletas, mas também de escolas e municípios.
Como a secretaria vai atuar no JEMG, no que diz respeito ao surgimentos de atletas promissores?
Os jogos visam justamente essa revelação de novos atletas. Queremos potencializar ainda mais esse surgimento para levá-los para as competições nacionais.
Propagandeados pelo governo federal e pelo COB, os projetos nacionais voltados para o Rio-2016, na verdade, miram também os jogos olímpicos de 2020 e 2024. O que podemos esperar para os próximos anos no Estado, tanto na base e nas escolas como no alto rendimento, considerando o CTE na Pampulha?
Pelo pequeno prazo, até 2016 há muito pouco que possa ser feito. Mas temos que ter um grande planejamento em longo prazo. Já temos alguns centros prontos como o CTE da UFMG que é um sucesso. Temos que usá-lo com exemplo para replicá-lo no interior. Hoje temos um equipamento público muito sucateado no interior, que não ajuda a evoluir os atletas.
Apesar de não ser a sede da Olimpíada, Minas tem sido o estado mais atuante e vai receber algumas delegações. Qual é o interesse e quais as vantagens para o Estado?   O principal benefício é dar as cidades essa aproximação com equipes olímpicas. Além disso, é uma forma de noticiar Minas Gerais para o mundo. Uma ação como essa também cria uma relação das cidades com as delegações política, comercial, cultural e principalmente esportiva.   Como anda esse trabalho para a captação de delegações olímpicas? Quais as cidades que estão disponíveis para recebê-las?   Isso é um trabalho de longo prazo da secretaria, que começou em 2010. Temos um núcleo de relações internacionais que já captou quatro delegações, mas ainda queremos trazer outras equipes olímpicas. Além de Belo Horizonte (Grã-Bretanha), Uberlândia (Irlanda do Norte) e Juiz de Fora (China e Canadá), as cidades de Barbacena, Varginha, São Sebastião do Paraíso, Governador Valadares, Viçosa e Poços de Caldas também estão aptas a receber outras delegações e estamos tentando atrair equipes para ficarem nessas cidades.

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