Nadador teria mentido para entrar em livro sobre atletas olímpicos do Brasil

FOLHAPRESS
30/09/2015 às 20:15.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:54

O carioca José Claudio dos Santos, o Zequinha, 51, é o outro nadador que teria mentido para entrar no livro "Atletas Olímpicos Brasileiros", lançado em 25 de agosto, pela editora Sesi-SP.

A publicação é resultado de um projeto de 15 anos da professora e pesquisadora Katia Rubio, da Escola de Educação Física e Esporte da USP (Universidade de São Paulo).

Na obra, estão retratados 1.796 atletas olímpicos brasileiros. E, segundo a metodologia usada, compreende-se como esportista olímpico aquele que competiu, mas também os que foram a uma edição dos Jogos e acabaram cortados por lesão ou até os que completaram as equipes como reservas.

Seria o caso de Zequinha dos Santos, que relatou em vídeo que foi aos Jogos Olímpicos de Moscou-1980 como reserva da equipe de revezamento 4 x 100 m do Brasil.

Zequinha não foi a Moscou como também não foi aos Jogos Pan-Americanos de 1979, em San Juan, Porto Rico, ao contrário do que disse para o livro.

Além das entrevistas documentadas em vídeo, a autora ainda enviava os verbetes para cada um dos atletas confirmarem se não havia nada errado.

Esse procedimento não evitou que dois atletas mentissem, segundo a autora, e tivessem suas histórias publicadas: além de Zequinha, a ex-nadadora Christiane Paquelet, hoje diretora cultural do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), também criou uma história falsa.

A reportagem tentou contato com os dois ex-nadadores, mas não obteve resposta até a tarde desta quarta-feira (30).
A própria autora publicou em seu blog como farsa o relato da primeira atleta, logo foi avisada do erro na publicação.

Um dia depois do lançamento, em São Paulo, Katia foi alertada. Ela então confirmou a história com as três nadadoras que foram aos Jogos de Munique-1972 -Lucy Burle, Christina Bassani e Isabel Guerra.

Nesta terça-feira (29), o colunista da Folha de S.Paulo Juca Kfouri revelou que o nome ao qual a autora tratava em seu blog era o de Christiane Paquelet, influente funcionária do COB. A reportagem entrou em contato com o comitê, mas não obteve resposta pois ela não compareceu à sede nesta quarta-feira (30).

A primeira edição de "Atletas Olímpicos Brasileiros" teve 5 mil exemplares impressos. A versão digital, a ser lançada em breve, excluirá os verbetes relativos a Zequinha do Santos e Christiane Paquelet.

EXPLICAÇÕES

Segundo Rubio, Paquelet a procurou em um dia no qual estava gravado depoimentos na sede do COB, no Rio.
A ex-nadadora disse à professora e pesquisadora que tinha ido aos Jogos de Munique com a delegação brasileira, mas teria se contundido no terceiro dia de treinamento antes das disputas.

De acordo com a autora, Paquelet descrevera detalhes sobre o desembarque no aeroporto, a Vila Olímpica e a piscina de Munique, na qual teria machucado o ombro após um salto -o que a teria feito voltar ao Brasil.

Um dia depois do lançamento do livro, porém, Katia foi alertada da farsa, pois Paquelet não obtivera sequer índice para os Jogos.

A autora diz que outros erros foram encontrados na pesquisa antes da publicação, mas que o caso de Paquelet foi o primeiro relatado em relação ao material já impresso. Dias depois ela descobriria outra farsa, novamente alertada por um ex-atleta. Era Zequinha, outro nadador que, segundo a autora, mentiu e acabou tendo seu verbete publicado na obra.
"Soa como roubo. Significa mexer na história que é dos outros", afirma Rubio.

COB

O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, afirmou que a diretora cultural da entidade terá que se explicar sobre ter supostamente forjado um depoimento para o livro.

"Nós não tivemos conhecimento. O COB publicou um livro dos atletas olímpicos do século passado, no qual a Cristiane não consta. Entendemos que ela deve dar as explicações cabíveis", afirmou o dirigente após evento em São Paulo.

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