Neto de ex-atacante do Galo relembra o título da ‘Copa dos Campeões’, sob a perspectiva do avô

Letícia Lopes
@leticialopesou
30/12/2021 às 14:36.
Atualizado em 04/01/2022 às 00:16
 (Arquivo/Hoje em Dia)

(Arquivo/Hoje em Dia)

“Eu estava no time campeão dos campeões” é uma afirmação que Luiz Bazzoni, ex-jogador do Atlético de 1935 a 1938 e depois em 1945, sempre dizia com muito orgulho para seu neto, Bruno Bazzoni, que herdou dele a paixão pelo futebol e pelo time alvinegro. O título em questão, a Copa dos Campeões, conquistada pelo Galo em 1937, era motivo de orgulho a torcedores e jogadores da época, e seu significado segue em pauta nos dias atuais, pois o clube deseja que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) o reconheça como Campeonato Brasileiro. 

Bruno, que ouviu mais de uma vez as histórias da época, contadas por seu avô, não concorda com a diretoria atleticana por um simples motivo: “eu ouvia meu avô dizer com muito orgulho que o título de campeão dos Campeões tem sua importância. Não vai ser mais importante pois ele é importante por si só. Na época, era muito raro ter campeonatos interestaduais, e isso mostra como a vitória foi significativa”.

O título de 1937 foi consumado pelo Galo um jogo antes de o campeonato acabar. A disputa era no formato de pontos corridos e, no dia 3 de fevereiro, em um embate contra o Rio Branco, no Estádio Antônio Carlos, no Lourdes, o time mineiro goleou por 5 a 1 e se tornou matematicamente campeão. Quem fez o segundo gol da virada foi Bazzoni, que saiu do banco de reservas e, aos 43 do primeiro tempo, mudou a história do jogo.

Nesse duelo, o Galo, do técnico Floriano Peixoto, jogou com Kafunga; Florindo e Quim; Zezé Procópio, Lola e Bala; Paulista, Alfredo Bernardino (Bazzoni), Guará, Nicola e Resende (Elair). Bruno conta que seu avô citava sempre os companheiros, principalmente Kafunga e Guará, ídolos da época.

Além das memórias do título de 1937, Bruno conta o que viveu com Luiz fora dos campos. O ex-atacante se aposentou após lesionar o tornozelo. “Ele falava que naquela época, machucar alguma coisa era praticamente encerrar a carreira. E foi o que aconteceu com ele. Ele parou aos 30 anos mais ou menos e foi estudar para ser dentista”, relembrou. 

Pelo Atlético, Bazzoni fez 59 jogos e marcou 28 gols. Faleceu no dia 3 de setembro de 2002, aos 88 anos, mas deixou lembranças “sólidas” para Bruno. Foi do avô que ele ouviu histórias únicas sobre bastidores das partidas. E, ao lado dele, assistiu a duelos inesquecíveis, como Atlético e Democrata, em 1998, que terminou em 5 a 3 para o Galo. Foi  com o avô que Bruno brincava de gol a gol, religiosamente, todas as manhãs. 

A partir dessas memórias que o neto criou suas perspectivas sobre o Atlético e o título de campeão dos campeões. Para embasar sua opinião a respeito da não necessidade de incluir o título de 1937 como Campeonato Brasileiro, Bruno usou outro argumento. “A vitória foi tão expressiva para o Galo, que o título faz parte do hino do clube, escrito por Vicente Motta em 1967: ‘nós somos campeões dos campeões, somos o orgulho do esporte nacional’.Arquivo pessoal

Luiz Bazzoni com seu neto, Bruno Bazzoni, em 1995. 

Possível desfecho para a petição do Atlético

Em 2015, o Hoje em Dia entrevistou o jornalista Odir Cunha, responsável por criar o “Dossiê pela Unificação dos Títulos Brasileiros a partir de 1959” e que foi aprovado em 2010, pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Sobre as chances de o Atlético também entrar na lista, ele comentou:
"o pessoal ligado ao Atlético não pode esperar que a CBF vá se envolver neste trabalho porque eles (CBF) não têm essa preocupação. A CBF é uma entidade muito mais política do que histórica. O esforço do clube deve partir de pesquisadores. A proposta é factível pelo que estudei. Havia representantes de quatro estados que eram considerados os mais fortes. Foi um torneio representativo, um título nacional importante porque foi inédito naquela época. Ocorre que foi organizado por uma entidade que não existe mais, e isso pode dificultar um pouco".Jornal O Globo — Foto: ReproduçãoA mídia de 1937 apontava o Atlético como campeão. Manchete “A derrota do Rio Branco deu o título máximo ao Athletico”; “O Club Athletico Mineiro conquistou para Minas Gerais o Título de Campeão Brasileiro” entre outros títulos de vitória.

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