No Peru, clima de euforia toma conta da torcida antes da final da Copa América

Estadão Conteúdo
06/07/2019 às 08:08.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:25
 (Reprodução/Youtube)

(Reprodução/Youtube)

O Peru vive um carnaval. Nas ruas se respira, se fala e se vive o futebol, de manhã, de tarde e de noite. A vitória contra o Chile ainda é festejada. Não apenas porque se tratou de um triunfo contra um eterno rival, mas também porque vários peruanos vivem um sentimento novo, já que é a primeira vez que desfrutam de algo desta natureza: a equipe nacional jogará uma final de Copa América após 44 anos.

Nas esquinas, nos ônibus, nos canais de televisão, não se fala de outra coisa que não seja algo sobre os gols de Guerrero, as mágicas do técnico Ricardo Gareca e Cueva, as mãos sagradas de Gallese, dos bailes ao ritmo do reggaeton de Carrilo. Nestes tempos de futebol, no Peru, a vida é aquilo que se passa enquanto se espera pela grande final. O primeiro a saudar os jogadores pela vitória na semifinal foi o próprio presidente Martín Vizcarra, que apesar de ter dito que não viajará ao Rio, apoiará a seleção como mais um torcedor.

As mães, tios, primos e vizinhos dos jogadores se transformaram em celebridades. María Julia Flores, mãe de Yotún, e Mari Luz Blanco, mãe de Miguel Araujo, foram mostradas em canais abertos, abraçadas e vestidas de vermelho e branco, cantando "onde estão, onde estão, os chilenos que iriam nos vencer".

Em outro meio de comunicação, dona Bessy Saavedra, mãe de Trauco, conta sorridente que decidiu não telefonar para o filho até que acabe a competição no Brasil. Quando ela falou com ele, o resultado foi negativo. Pegou trauma. E para não ficar atrás, a avó de Carlos Zambrano, a senhora Betty, conta que anda tão nervosa que tem esquecido de comer, mas afirma que isso não importa se o seu neto voltar como campeão.

Nas redes sociais, as promessas se multiplicam: pintar o cabelo, correr sem roupa pelas ruas e fazer uma tatuagem são as mais populares. O restaurante Mi Barrunto, que costuma receber futebolistas, informa que, se o Peru vencer o Brasil, ele colocará 100 caixas de cerveja e 10 mil copos de leite de tigre, bebida preparada com suco de limão, água e gengibre.

São os mais veteranos que acreditam que é possível, assim como em 1975, quando na semifinal a seleção peruana bateu o Brasil por 3 a 1 no Mineirão. Julio Meléndez, defensor que disputou aquela partida, recorda que antes de começar o jogo, muitos acreditavam que os rivais aplicariam uma goleada. "Com humildade, nós mostramos que era possível", lembra.

São muitos os peruanos que gostariam de viajar, porém as passagens se esgotaram. A Avianca informou que aumentou em 112% o número de voos para o Brasil. Para quem ainda quer ir, a recomendação é viajar por Buenos Aires, de lá seguir para São Paulo para só depois tomar o caminho do Maracanã. Porém, não é garantido que conseguirão ingresso para o jogo.

Durante o torneio, mais de 500 mil camisetas não oficiais da seleção foram comercializadas no país, segundo Susana Saldaña, presidente de uma entidade que reúne empresários do ramo têxtil do Peru. Com a presença na grande final, ela acredita que o número passará de 1 milhão. Também são procurados gorros, flâmulas, máscaras e até cuecas com o lema: "Arriba, Perú".

Telões estão sendo preparados em vários locais do país e o maior deles será na Plaza das Armas, em Lima. Os peruanos esperaram com fé 44 anos até que esse grande dia chegasse. Chegou. Como disse o famoso narrador Toño Vargas, eufórico e que quase foi às lágrimas ao final do duelo com o Chile: "Isto é para os que estão por aqui e por aqueles que já se foram sem poder desfrutar deste momento". O Peru vive uma loucura e vai seguir vivendo, ganhe ou perca a decisão.

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