‘O Cruzeiro é minha casa’: em entrevista ao HD, Adriano fala da carreira, da Raposa e da família

Thiago Prata
@ThiagoPrata7
22/09/2021 às 16:25.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:55
 (Bruno Haddad/Cruzeiro)

(Bruno Haddad/Cruzeiro)

Natural do Rio de Janeiro (RJ), Adriano Firmino dos Santos da Silva chegou ao Cruzeiro em 2018 para fazer testes na base e logo no ano seguinte já integrava o elenco principal. Na ocasião, vivenciou o pior momento da história do clube, assistindo de perto ao rebaixamento dos celestes (mas sem entrar em campo naquela campanha).

Apesar da fase ingrata do Cruzeiro em 2020 e 2021, o volante vem ganhando oportunidades e evoluindo dentro de campo, sobretudo com o técnico Vanderlei Luxemburgo no comando.

Nesta entrevista ao Hoje em Dia, o jogador de 21 anos fala a respeito de sua trajetória desde que chegou à Raposa, dos primeiros passos na base celeste, do crescimento de seu futebol, do que representa o clube em sua vida e das cobranças da família para marcar o tão sonhado primeiro gol pelo time mineiro.

Individualmente, qual o balanço que você faz do seu futebol? Aliás, você ultrapassou a marca de 50 jogos pelo Cruzeiro, 58 para ser mais exato. O que representa essa marca e esse seu crescimento dentro de campo?
É uma marca extremamente importante para minha carreira, desde que subi para o profissional do Cruzeiro em 2019. Sempre busquei uma sequência de jogos. E começou no ano passado, quando o Felipão chegou. Graças a Deus tenho mantido as boas atuações.Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Nesta temporada, você soma mais de 30 partidas, são 33 até agora. Já são oito a mais que em 2020. E cada treinador mostrou confiança no seu futebol, certo? Como foi o aprendizado com cada um?
Sempre procurei tirar o melhor de cada um dos treinadores que passaram aqui pelo Cruzeiro, sempre procurei aprender algumas coisas. Claro que cada um tem seu estilo e sua maneira de jogar. Então, a gente procura extrair o melhor de cada um deles para melhorar pessoalmente e ajudar o Cruzeiro dentro de campo.

O Vanderlei Luxemburgo sempre que pode tece elogios a você. E ele fala da sua postura tática, afirmando que você tem muito potencial. Quais têm sido os ensinamentos do professor?
Desde que ele chegou ao Cruzeiro, passou confiança para a gente, nos deixa livres para jogar. Mas a importância tática é algo que ele cobra muito, defensiva e ofensivamente. Fala para a gente pisar na área sempre que puder, que um dos dois volantes apoie. E é importante essa postura tática que ele nos pede. Defensivamente, então, é muito importante, haja vista que tomamos poucos gols nos últimos jogos.

E você mesmo percebe que houve uma evolução do seu futebol de uma temporada para a outra? Em quais aspectos você crê que houve um crescimento e quais ainda precisa aprimorar?
Com certeza, houve um crescimento, principalmente ao longo desta temporada, em que venho jogando mais e já fiz mais de 30 partidas (neste ano). Evoluí bastante na parte física, melhorei bastante com ganho de massa. Isso é nítido. Desde que o professor Vanderlei Luxemburgo chegou, ele tem batido nessa tecla. A cada dia, nos treinamentos, tento melhorar alguma coisa, partes tática, física e técnica. É extremamente importante.

Coletivamente, o time está melhorando na Série B. Por mais que ainda seja um desafio muito difícil, o percentual do time com Luxemburgo dá esperanças pelo acesso. Como vêm sendo as preleções do time antes de cada jogo nesse sentido? O que o Cruzeiro vem fazendo de diferente com o Luxemburgo que fez essa esperança renascer?
Desde que teve essa volta dele ao Cruzeiro, deixou bem claro que não estava pensando em rebaixamento, e estávamos perto da zona. Deixou bem claro que iríamos brigar pelo acesso. Colocamos esse espírito dentro de campo e nos treinamentos. Fica nítido nosso jogo com ele, bastante ofensivo, sabendo atuar na Série B. Como ele sempre diz, o Cruzeiro é time de Série A, mas que está na B. Então a gente coloca esse espírito dentro de campo, e estamos tendo essa sequência de jogos sem perder.Bruno Haddad/Cruzeiro

O Luxemburgo sempre diz que Série B é mais garra do que técnica. Como você disputou duas Séries B, a de 2020 e a de 2021, viu alguma diferença nesse sentido? E ainda neste gancho, percebe que o Cruzeiro tem mais garra do que no ano passado para buscar o acesso?
Com certeza que neste ano a gente já sabia melhor como disputar uma Série B. Ano passado foi nosso primeiro ano na competição. Neste ano entramos com mais garra e mais espírito, apesar do começo que não foi tão bom. Acredito que evoluímos bastante nesses últimos dez, 11 jogos. Estamos há 12 partidas sem perder, o que é muito importante para nossa sequência no campeonato, sempre somando pontos para buscar o acesso.

Com relação aos seus primeiros passos no Cruzeiro, gostaria que nos relembrasse como foi seu início de trajetória no clube, na base. Como foi o início de tudo? Com quantos anos você chegou ao clube? E o que o Cruzeiro representa para você?
Cheguei ao Cruzeiro em 2018, próximo de completar 19 anos. Eu estava no profissional do Resende e vim para uma semana de testes. O professor Ricardo, que na época era treinador do sub-20, me chamou para fazer um teste aqui. Fiquei cerca de três semanas fazendo testes, e graças a Deus pude passar. Fiquei cerca de um ano no sub-20. Se não me engano, em março de 2019, pude ser chamado pelo professor Mano Menezes para integrar o elenco profissional. E estou aqui até hoje, graças a Deus, podendo ajudar. O Cruzeiro é minha casa, me formou como homem, como atleta. É minha segunda casa. Passamos mais tempo aqui que com nossa família. A gente tem que botar o Cruzeiro na Série A de novo. Sempre pensamos nisso, e é o mais importante.

Essa maturidade alcançada com a camisa azul e branca rende reconhecimento por parte da torcida e também surgem sondagens ou até propostas. O que acha dessas duas formas de reconhecimento?
É muito bom ter o carinho da torcida. Sempre procuramos jogar bem para ajudar o Cruzeiro. Esse reconhecimento é muito bom, mostra que é fruto do nosso trabalho. Quanto às sondagens, sempre têm. Sempre existem sondagens. Mas estou focado no Cruzeiro, o mais importante é o Cruzeiro. E quero ajudar a levar o Cruzeiro para a Série A.

A torcida sempre apoia jogadores oriundos da base. E sempre exige sua titularidade. De alguma forma isso aumenta sua responsabilidade quando traja a camisa do Cruzeiro?
Estar no Cruzeiro por si só é uma responsabilidade, representar essa camisa gigante, de tantos títulos. Já tem uma responsabilidade. E eu que sou da base também sei como é essa pressão em jogar por esse clube. É uma pressão boa jogar num clube acostumado a ganhar e com uma torcida acostumada a ver títulos. E eu estou acostumado também, apesar desses dois anos na Série B. Sem pressão não saímos da zona de conforto. Então procuramos melhorar a cada dia para ajudar o Cruzeiro.Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Você faz parte de um setor por onde desfilaram grandes jogadores, como Piazza, Ricardinho, Maldonado e tantos outros atletas que fizeram história como volantes do Cruzeiro. Como é levar adiante essa tradição neste momento tão difícil do clube?
É um peso e uma responsabilidade, mas trabalhamos para isso, de cabeça erguida, falando pouco, trabalhando muito. Temos o Henrique, que é nosso capitão e está tratando de lesão. Sempre busco dicas com ele, que sempre me dá alguns conselhos. Ele me diz o que fiz certo e errado nos jogos. Ele está sempre ajudando a nós, os mais novos. Então, a gente sempre tenta tirar de letra essa responsabilidade, por mais que seja difícil.

Existe alguém que você se inspira na posição, seja alguém do Cruzeiro ou de outro clube?
Que eu sempre vi os jogos e vejo até hoje (por vídeos) é o Zidane, uma referência para mim na posição; o Henrique também, sempre o procuro depois dos jogos para ver o que fiz certo e errado. Esses dois são os principais, o Henrique, por estar no clube, e o Zidane, por ser minha preferência na profissão.

Por fim, qual a importância da sua família e de seus amigos na sua vida? Além de conselhos e apoio, também tem alguma cobrança, no bom sentido, claro, para você fazer um gol, por exemplo?
(Risos). A família me ajuda bastante. Trouxe minha esposa e meus dois filhos para cá, minha filha é recém-nascida. Depois dos jogos, quando às vezes não dá tudo certo, a gente vai para casa meio ‘bolado’. Mas quando chego em casa, tem os filhos e a esposa, e isso me acalma bastante. E cobrança tem do paizão ali (risos). Mas é uma cobrança boa, eu entendo, ele já jogou também. Sempre pede para eu finalizar mais e fazer um golzinho.

Muito obrigado pela entrevista, Adriano. Fica aqui seu espaço para você deixar uma mensagem à torcida celeste.
A mensagem que eu tenho para essa torcida é que continue nos apoiando. Foi muito bom a volta de vocês, torcedores, nesses últimos jogos, pude estar presente. É outra energia. Que continuem nos apoiando, que se Deus quiser vai dar tudo certo.Bruno Haddad/Cruzeiro

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