'O gol de mão contra a Argentina foi um presente aos brasileiros' conta Túlio Maravilha

Henrique André
hcarmo@hojeemdia.com.br
14/07/2017 às 16:33.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:34
 (Willian Tardelli/AEC)

(Willian Tardelli/AEC)

Folclórico, mas sem dúvida alguma um dos maiores centroavantes do futebol brasileiro na década de 1990. Assim pode ser descrito Túlio Maravilha, ídolo dos botafoguenses e personagem conhecido nos quatro cantos do país.

Contestado por muitos em relação aos mil gols que afirma ter feito na carreira, o goiano, de 48 anos, bate no peito e rechaça qualquer erro de cálculo.
Autor de 13 gols em 15 jogos com a camisa da Seleção Brasileira, Túlio marcou o nome com a Amarelinha na Copa América de 1995, ao balançar as redes da Argentina ajeitando a bola com o braço.

Em entrevista exclusiva ao Hoje em Dia, o ex-atacante (político, garoto propaganda, ator e cantor) relembra momentos importantes da carreira, fala sobre o presente e comenta a importância de Araxá e Cruzeiro em sua vida.

Os gols mil são coisas da imaginação do Túlio, como muitos dizem, ou você realmente os fez?

Lógico que não. Me lembro como se fosse hoje, o quanto tive que me esforçar para chegar a essa marca tão importante.

Seu gol 500 foi pelo Cruzeiro e o milésimo pelo Araxá. Minas Gerais está para sempre marcada na cabeça do “Maravilha”? O que estes dois momentos representam na sua vida?

Os dois gols são muito especiais para mim, assim como este estado tão especial. O gol de número 500 foi como um despertar de um sonho que parecia impossível naquele momento. Eu estava chegando em um momento da minha carreira que eu escolhia parar e ser esquecido, ou tentar chegar na marca do meu grande ídolo Pelé. Graças a Deus tomei a decisão acertada. Foi um caminho de muitos desafios e comprometimento comigo e com o meu sonho. Missão cumprida felizmente.

“Os gols por Cruzeiro e Araxá são especiais para mim, assim como este estado tão especial (Minas). Estava num momento em que parava e era esquecido, ou tentava chegar na marca do meu grande ídolo Pelé”

Você é o único a ser artilheiro em três divisões diferentes do futebol brasileiro, e foi, em três oportunidades, artilheiro da Série A (1989, 1994 e 1995). Por que não teve tanto espaço na Seleção Brasileira?

Eu verdadeiramente venci muitas guerras entre gigantes, fui rei do Rio de Janeiro em um tempo que havia Romário, Edmundo, Renato Gaúcho e tantas outros feras competindo. Estava com o faro aguçado para fazer gols, porém não tive a oportunidade que merecia naquele momento. Mas não decepcionei os fãs que me seguem. Minha marca ficou registrada.

Na Copa América de 1995, você marcou um gol de mão contra a Argentina. Curiosamente, a seleção de “La Mano de Diós”. Foi o momento mais especial da sua carreira, ainda mais por ter sido contra o país de Maradona?

Qual outro jogador brasileiro vai ter a honra de dizer que fez um gol de mão pela Seleção Brasileira contra a Argentina? Certamente é um presente que deixo pra sempre na memória de todo brasileiro apaixonado por futebol.

Você foi revelado pelo Goiás, mas ficou marcado mesmo foi por tudo que fez pelo Botafogo. O clube ainda o reconhece como ídolo? Você tem tratamento especial em General Severiano? E com os torcedores espalhados pelo país?

General Severiano é minha segunda casa. Amo o Rio de Janeiro e sou apaixonado pela torcida do Botafogo. Sempre fui bem tratado por todos. É um dos maiores clubes desse país e pra mim é uma honra ter escrito parte da minha história nele.Reprodução/Internet

Fotos para revista masculina, reality show em TV aberta, e mandato de vereador. Túlio Maravilha é muito mais do que um ex-jogador. Você tem a intenção de, assim como Dadá, ser visto como um personagem folclórico no país?

Sou uma pessoa positiva, alegre e sempre encarei os desafios como apenas mais um obstáculo a ser vencido. Trato meus adversários com respeito, mas tenho confiança de que entro em campo pra vencer. É o que quero passar para essa nova geração. Acreditar no seu potencial, lutar pelos seus sonhos e ser o autor da sua história. Não deixe que as críticas ou as dificuldades o impeçam de seguir o caminho que você escolheu. Vá, vença e seja muito feliz.

Qual foi a maior amizade que você fez no mundo da bola? E o maior desafeto? Conte um pouco...

Graças a Deus, passei por muitos times, conheci muitos craques e excelentes jogadores, tenho muita amizade e portas abertas em todo esse Brasil. Não tenho desafetos e não guardo rancor.

“Eu venci muitas guerras entre gigantes. Fui rei do Rio num tempo que tinha Romário, Edmundo, Renato Gaúcho e tantos outros feras competindo. Estava com o faro aguçado para fazer gols, mas não tive a oportunidade que merecia naquele momento na Seleção”


Você sabe quantos clubes defendeu na carreira? Tem o número exato em mente? Acha que ter corrido atrás do milésimo jogando em vários pequenos desmerece o feito?

Foram 21 times. O futebol é minha carreira. Todos os times, mesmo os que estão começando e ainda não têm tamanha expressividade merecem respeito. Estamos falando de sonhos. De um exército de pessoas apaixonadas e acreditando que um dia serão tão grandes quanto os maiores clubes do mundo. Tive a honra de participar desses times e continuo à disposição, seja em campo ou fora dele, para contribuir com tudo o que aprendi superando a mim mesmo todos os dias.

Se tivesse aparecido para o futebol após os anos 2000, qual seria o destino de Túlio Maravilha? Seria ídolo no Brasil, estaria num grande clube da Europa, ou não resistiria aos milhões da Ásia?

Como profissional estamos sempre dispostos a aceitar a melhor proposta. Todos nós temos o nosso time do coração, porém no campo sou apaixonado por fazer gols. Nada mais.

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