Campeão da Tríplice Coroa com o Cruzeiro em 2003, Thiago Gosling vive hoje uma nova fase no futebol, fora das quatro linhas. Ex-zagueiro com passagens por clubes como América, Flamengo e Genoa, da Itália, ele é o presidente do Inter de Minas, equipe de Itaúna que alia a prática esportiva a um projeto de formação de atletas e desenvolvimento social.
O clube, fundado com a participação de outros ex-jogadores e profissionais de diferentes áreas, atua com base em pilares como sustentabilidade financeira, transparência e planejamento a médio e longo prazos. Além da busca por resultados, a agremiação tem como foco principal a educação e a cidadania, exigindo que todos os atletas estejam matriculados e frequentes na escola.
Hoje, o Inter de Minas atende mais de 600 crianças e adolescentes no Centro-Oeste do Estado, sendo certificado pela CBF como clube formador há dois anos. A proposta vai além do rendimento em campo, oferecendo suporte social, incentivo a atividades extracurriculares e acompanhamento escolar, além de manter um ambiente de convivência com valores familiares.
Ao Hoje em Dia, Thiago Gosling contou um pouco mais sobre o projeto que desenvolve no interior mineiro, a experiência como dirigente e as inspirações que o guiam nessa nova etapa da carreira.
Como surgiu a ideia de assumir a presidência do Inter de Minas? E como foi para você passar por essa transição?
A ideia de assumir o Inter de Minas surgiu num momento em que se falava muito de profissionalização do futebol, antes mesmo das SAFs. Unimos um pequeno grupo com quatro profissionais de peso, pensando num projeto de formação de atletas de base com a filosofia do desenvolvimento humano aliado ao rendimento esportivo. Trouxemos conhecimento de campo, com a minha atuação e a do Elmo Molica, além de uma consultoria corporativa forte com o Euler Nogueira (contador) e o Célio Machado (advogado).
Quais são os pilares do modelo de gestão do Inter de Minas?
Nossa gestão está focada na sustentabilidade, com orçamento realista e controle de gastos; no compliance, cumprindo todas as leis; na transparência e no planejamento de médio e longo prazos, sempre visando a formação e a geração de receitas futuras.
Quais são os objetivos de curto, médio e longo prazos para o Inter? Há planos de acesso às divisões principais do futebol mineiro? E como o Inter de Minas quer ser visto pelo público?
Nossa prioridade é a formação de atletas e o desenvolvimento social do futebol. Por isso, há dois anos somos um clube formador certificado pela CBF. No curto prazo, queremos nos consolidar como um dos melhores clubes formadores do país, por meio de projetos sociais – já somos o maior projeto social do Centro-Oeste de Minas – e também como referência no desenvolvimento de atletas de alto rendimento. No médio e longo prazos, buscamos ter dezenas de atletas formados aqui atuando no Brasil e no exterior, além de fortalecer o esporte em Itaúna e região, capacitando profissionais, inserindo ex-atletas no mercado e ampliando nossa base de torcedores.
O Inter também trabalha com formação fora de campo para seus atletas, como educação e cidadania?
Este é o maior dos nossos objetivos. O Inter de Minas busca, através do futebol, trabalhar o desenvolvimento humano, social e educacional. Priorizamos a escola visando à formação do cidadão. Todos os nossos atletas estão matriculados e frequentam as aulas. Fora de campo, eles são cobrados a ter bom desempenho, assiduidade e disciplina. O clube, por meio do setor de Serviço Social, regulariza documentação, acompanha a situação escolar e garante que todos tenham a vacinação em dia. Também incentivamos atividades de lazer, como jogos de tabuleiro e outras dinâmicas extracampo.
Como é a atuação social do Inter de Minas? Quais projetos o clube desenvolve junto à sociedade?
Por meio do futebol, trabalhamos princípios humanos, sociais e educacionais. Oferecemos aos atletas um ambiente que valoriza a convivência familiar e prepara para os desafios da vida. Hoje somos o maior projeto social de futebol do Centro-Oeste de Minas Gerais, atendendo mais de 600 crianças e adolescentes.
Há algum modelo de clube ou dirigente que te inspira nessa jornada como gestor? Por que?
Ao longo desses anos de administração, busco inspiração em diferentes exemplos. Não tenho um clube ou dirigente específico como referência, mas sim profissionais e projetos que contribuíram para a minha formação. A ideia é absorver o melhor de cada experiência e criar nosso próprio modelo de gestão.
Você viveu um dos momentos mais marcantes da história do Cruzeiro, com a Tríplice Coroa em 2003. Como foi fazer parte daquele elenco?
Foi uma honra imensa. Fazer parte de uma das épocas mais vitoriosas da história do clube me enche de orgulho. Aquele grupo ficou marcado como uma das grandes equipes do futebol brasileiro e, até hoje, é lembrado com carinho por torcedores e profissionais do meio.
Qual foi o momento mais marcante para você com a camisa celeste?
Sem dúvida, 2003 foi o ano mais especial. E, dentro dele, a conquista do Campeonato Brasileiro, o primeiro da era dos pontos corridos, tem um significado ainda mais especial para mim.
A torcida do Cruzeiro tem muito carinho por aquele time. Você sente esse reconhecimento até hoje?
Sinto sim, e é algo que me emociona. Sempre que estou em algum lugar, há torcedores que demonstram carinho e reconhecimento por aquele período. É um vínculo que permanece vivo, mesmo após tantos anos.
Quais ensinamentos do período de atleta você aplica hoje na sua atuação como presidente do Inter de Minas?
Ter sido atleta me ajuda a compreender melhor as necessidades e os desafios dos jogadores jovens que estão na base. Já estive no lugar deles e isso me permite transmitir confiança, segurança e orientação, tanto dentro quanto fora de campo. No Inter de Minas, também contamos com outros ex-jogadores na gestão, como Mauro Sérgio, nosso coordenador técnico, e Elmo Molica Jr., sócio e vice-presidente. A vivência de cada um de nós no futebol profissional enriquece a troca de experiências e fortalece o trabalho de formação dos atletas.
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