Faturar um título já não é das tarefas mais fáceis. Imagine obter uma de hegemonia da competição durante dez anos seguido de conquistas. Feito complicado, hein?! Não para o América, que entrou para o Guinness Book (o livro dos recordes) pela década de troféus obtida em sequência, entre 1916 e 1925, o que somente foi igualado pelo ABC, de Natal.
Porém, esse decacampeonato foi contestado por muito tempo, devido às poucas partidas disputadas em 1925, último ano da hegemonia, a falta de documentos que homologassem a sequência histórica, o que somente ocorreu em 2012, sob chancela da Federação Mineira de Futebol (FMF).
O historiador do América, Carlos Paiva, tratou de tentar explicar a confusão. Segundo ele, a princípio estavam marcados quatro jogos para o Campeonato Mineiro, mas foram adiados, a pedido do Coelho, uma vez que a seleção mineira de futebol iria disputar o Campeonato Brasileiro de Seleções e basicamente era composto por jogadores do América.
“A seleção mineira viajou até o Rio de Janeiro para disputar a competição, que era paralela ao torneio estadual. Para se ter uma ideia, 10 jogadores do América eram titulares. O único titular que não era do América era Ivo Melo, do Atlético. Tanto foi, que até ganhou da seleção do Rio de Janeiro, por 6 a 0”, explicou o historiador.
Segundo Paiva, após voltar do torneio, que teve como campeão o Distrito Federal, o América chegou a disputar uma partida contra o Atlético e a goleada fez com que o torneio fosse dado como encerrado. “Voltando do Campeonato Brasileiro de Seleções, o clube tinha que manter a hegemonia do mineiro e o único que poderia acabar com ela era o Atlético. Mas quando foram jogar entre si, ficou 4 a 1 América. No dia seguinte, os clubes se reuniram e decidiram dar o título ao América, abandonando a competição e redigiram um documento. Aquilo assustou as equipes, já que o Atlético era o único concorrente direto”, apontou.
Perguntado sobre o qual seria a conquista mais importante entre essas dez, Paiva destaca outro título que veio de forma histórica. “Para mim, sem dúvida, foi o Campeonato de 1917. Foram oito jogos, 21 gols pró e nenhum contra. Que outro time foi campeão no Brasil sem ser vazado? Nenhum”, aponta o historiador americano.