Odir Cunha, jornalista e autor do dossiê, fala porque da unificação

Hoje em Dia
21/12/2015 às 08:02.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:25

Por que o senhor defendeu a unificação?

Era praticamente o mesmo campeonato de 1971, só mudou o nome. Mas o nível técnico era muito forte. Era só a “crème de lá crème” do futebol brasileiro. Vivíamos o auge do futebol nacional. Como podia a Seleção Brasileira já ser campeã do Mundo três vezes e a gente não ter um campeão brasileiro? Essa unificação contribuiu para resgatar os campeões da era de ouro do futebol brasileiro. Fui contratado pelos clubes para fazer a pesquisa e achei uma causa justa.

Baseado em que o senhor teve tanta certeza?

Eram as competições mais importantes da época. Todos os jornais e veículos daquele período reconheciam os vencedores como legítimos campeões brasileiros. Os títulos da Taça Brasil e de Prata sempre foram oficiais da CBD. Precisavam apenas serem reconhecidos pela CBF. Se o trabalho não fosse fundamentado em fatos e em argumentos sólidos, não teríamos sucesso nesse trabalho.

Algumas pessoas contestam o fato do número de jogos ser bem menor. Isso interfere?

Eram as fórmulas de disputa da época. O próprio Campeonato Brasileiro, que começou a ser disputado em 1971, já mudou várias vezes sua fórmula. Vamos imaginar o Mundial de Clubes, por exemplo. Um clube é campeão com apenas dois jogos. Vamos supor que resolvam mudar a fórmula com jogos em turno e returno a partir do ano que vem. Aí todos esses vencedores até ontem não serão mais chamados de campeões mundiais?

É justo o Cruzeiro se considerar tetra brasileiro?

Foi um dos títulos mais justos já conquistados. O Cruzeiro, em 1966, venceu um dos melhores times do Mundo, que era o Santos, de Pelé, e não tinha o título reconhecido.

Os atleticanos não gostaram da unificação, pois perderam o posto de primeiro campeão brasileiro. A reclamação é justa?

Eu sinto muito pelo Atlético, mas não é nada contra o Atlético. É só uma pesquisa histórica que precisava ser feita e reconhecida. Acho até que diretoria deveria tentar fazer o mesmo com a conquista de 1936 e tentar o reconhecimento deste título de campeão dos campeões, que reuniu os campeões estaduais de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Acredita ser possível o reconhecimento?

O pessoal ligado ao Atlético não pode esperar que a CBF vá se envolver neste trabalho porque eles não têm essa preocupação. A CBF é uma entidade muito mais política do que histórica. O esforço do clube deve partir de pesquisadores. A proposta é factível pelo que estudei. Havia representantes de quatro estados que eram considerados os mais forte. Foi um torneio representativo, foi um título nacional importante porque foi inédito naquela época. Ocorre que foi organizado por uma entidade que não existe mais e isso pode dificultar um pouco.

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