'Ordem e Progresso': na vida de Sampaoli há 24 anos, lema volta à tona em primeira decisão pelo Galo

Henrique André
@ohenriqueandre
24/08/2020 às 12:22.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:21
 (Alexis Valoppi/Arquivo Pessoal/Divulgação)

(Alexis Valoppi/Arquivo Pessoal/Divulgação)

Conquistar um título em território brasileiro é missão que o técnico Jorge Sampaoli assumiu desde o ano passado, quando bateu na trave pelo Santos, com o vice-campeonato da Série A. Na próxima quarta-feira (26), ele inicia, contra o Tombense, um caminnho teoricamente mais tranquilo para, enfim, dar uma volta olímpica em solo tupiniquim.

No domingo (30) data marcada para a decisão do Mineiro, ele completará 8.680 dias da primeira conquista da carreira, quando comandava o modesto Atlético Belgrano, equipe com sede em Arequito - cidade do interior da Argentina com menos de 10 mil habitantes.

Curiosamente, o escudo da equipe hermana leva consigo o mesmo lema do brasão da bandeira brasileira, de "Ordem e Progresso". Cabe lembrar que a frase foi criada por um pensador do positivismo, o francês Auguste Comte.

Nascido em Casilda, distrito de Santa Fé, Sampaoli chegou ao Belgrano quando o time vivia um jejum de 18 anos sem conquistara a Liga Casildense (campeonato amador da cidade-natal e arredores). Para dificultar mais ainda, o rival 9 de Julio chegava ao campeonato como tricampeão consecutivo: 1993, 1994 e 1995. 

“Ele sempre manteve esse espírito, desde aquele campeonato que ganhamos em 1996. O formato e o sistema de jogo eram os mesmos. A linha era de 4, não de 3, mas sempre mantivemos um espírito de time agressivo, intenso e corredor. Uma equipe que pressionava o rival. Seu trabalho sempre esteve baseado nisso. Tratava de automatizar o ritmo, a agressão, o desgaste”, contou o ex-lateral Horacio Vailatti em entrevista ao jornalista Bruno Núñez (portal Ga).

Outro fato curioso desta história é que, além do Atlético Belgrano, o atual comandante do Galo também comandava  o Argentino de Rosário, time que, naquela época, disputava a terceira divisão do Nacional. Para ganhar dinheiro, o treindor exercia também a função de caixa de um banco e, posteriormente, secretário de um juiz no Juizado de Paz de Los Molinos.Alexis Valoppi/Arquivo Pessoal/Divulgação 

 O grande dia

Em 24 de novembro de 1996, Sampaoli soltou o grito, após vitória por 3 a 1 sobre o Huracán de Chabás, que vivia imenso luto naquele momento. Autor de um gols gols na vitória por 2 a 1, no jogo de ida, Rubén Omar Morelli, El Ratón, morreu de forma trágica no hiato para a decisão.

Faltando três dias para a partida da volta em Arequito, Morelli trabalhava em cima de um andaime com cartazes - ele também era pintor -, e o sol escaldante o fez tirar a camisa. O suor, em contato com os cabos de alta-tensão, resultou numa descarga elétrica mortal; uma história triste que abalou os argentinos.
Porém, voltando às quatro linhas, o triunfo do Belgrano entrou para a história do atual técnico do Atlético. 

“Foi a maior festa da história de Arequito. Começou no dia 24 de novembro, em Casilda, e na volta para casa começou a se formar uma caravana de carros nunca antes vista. Em Los Molinos, povoado da região, cortamos a estrada festejando. Quando chegamos em nossa cidade existia uma fila de 5 km de carros. Tiramos as mágoas de 18 anos sem títulos. No dia seguinte a comemoração continuou no meio da rua. Foi assim até o dia 11 de janeiro, quando aconteceu a cerimônia oficial”, relembrou Alexis Valoppi, um apaixonado pelo Belgrano de Arequito, ao Gandulla.  Alexis Valoppi/Arquivo Pessoal/Divulgação 

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