Padrão CBF: relatórios reprovam até estádios da Copa do Mundo, mas fiscalização é duvidosa

Frederico Ribeiro, Cristiano Martins e Henrique André
Hoje em Dia - Belo Horizonte
02/08/2018 às 22:48.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:44
 (Breno Pataro/Adão de Souza/PBH/Divulgação)

(Breno Pataro/Adão de Souza/PBH/Divulgação)

O sol castiga pelo lado aberto do Independência. O refresco, porém, vem só para uma das equipes, pois apenas o vestiário do clube mandante tem ar condicionado. Já o Mineirão, reformado para a Copa do Mundo a um custo de quase R$ 700 milhões, não dispõe de geladeira ou freezer para atletas e árbitros.

Estes são apenas alguns dos 89 itens avaliados a cada partida pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) nos estádios da Série A. O “Checklist Operacional” examina detalhadamente – ou pelo menos deveria – a infraestrutura, as condições dos ambientes e até o nivelamento dos gramados, entre outros.

O Hoje em Dia analisou os diagnósticos de todos os 157 duelos realizados até o momento no Brasileirão e constatou que a quase totalidade das arenas apresenta problemas relevantes (veja o quadro abaixo). Por outro lado, existem critérios polêmicos e inconsistências na fiscalização.

A verificação da lista fica sob a responsabilidade dos delegados dos jogos, muitas vezes nomeados pelas federações estaduais. É o caso de Ernani do Carmo, que assina os relatórios de seis dos sete confrontos disputados em casa pelo América.

Vice-presidente da FMF durante a gestão Castellar Guimarães Neto (entre junho de 2014 e deste ano), Ernani não registrou nenhuma pendência nas ocasiões em que o Coelho atuou no Horto.

Por outro lado, quando avaliado nas partidas do Atlético, o mesmo Estádio Raimundo Sampaio demonstra falhas repetidas aos olhos dos observadores. Dentre elas, a estranha exigência de no mínimo três banheiras de hidromassagem para a equipe de arbitragem.

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“O estádio foi entregue a nós (empresa administradora) do jeito que estava. Colocar climatizador não é barato. Mas, se tem no vestiário do mandante, deveria ter no do visitante. Estamos discutindo com a CBF se compensa instalar e se ela vai ajudar a pagar”, afirma Helber Gurgel, gestor do Independência.

A checagem visa à padronização e melhoria e, não, ao veto de praças esportivas. As reprovações são informadas aos clubes e armazenadas em um banco de dados da CBF. Algumas mudanças exigiriam reformas complexas, mas outras, como a falta de geladeiras no Gigante da Pampulha, poderiam ser facilmente ajustadas.

O Hoje em Dia procurou a confederação para esclarecer alguns pontos do procedimento e as possíveis consequências das reprovações, mas não obteve resposta até esta publicação. Ernani do Carmo não atendeu à reportagem.

‘PADRÃO FIFA’

Dos 22 estádios deste Brasileirão, somente três (Maracanã, Mané Garrincha e Arena do Grêmio) passaram ilesos em todos os relatórios até o momento, seja por adequação plena ou por possíveis “vistas grossas” dos supervisores.

Sete das praças construídas ou reformadas para a Copa de 2014 tiveram itens reprovados, alguns deles considerados desnecessários pela própria Fifa. Por exemplo, só o Castelão possui área interna de pelo menos 30 m² para o aquecimento dos árbitros, e apenas a Arena Pernambuco oferece três banheiras de hidromassagem aos donos do apito e seus assistentes.

Poucos quesitos, porém, podem ser classificados como supérfluos ou extravagantes. A Ilha do Retiro levou "bomba" até por falta de tomadas, e sete estádios não contam sequer com ambientes separados para as mulheres das equipes de arbitragem.

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