Parceiros de sucesso na década passada, Perrella e Itair se enfrentam na crise do Cruzeiro

Lucas Borges
03/10/2019 às 15:34.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:03
 (Pedro Gontijo/Arquivo Hoje em Dia e  Vinnicius Silva/Cruzeiro)

(Pedro Gontijo/Arquivo Hoje em Dia e Vinnicius Silva/Cruzeiro)

Protagonistas da parceria mais bem-sucedida entre um time da capital e um do interior na história do futebol mineiro, Zezé Perrella e Itair Machado travam uma batalha na grave crise institucional, política e financeira que o Cruzeiro atravessa.

Presidente do Conselho Deliberativo da Raposa, Perrella defende a saída provisória da atual diretoria celeste, a qual Itair faz parte como vice-presidente de futebol.

Uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo foi convocada por Zezé, para o dia 21 de outubro, com o intuito de votar o afastamento temporário da atual gestão, que é capitaneada por Wagner Pires de Sá.

Itair, por sua vez, se mobiliza nos bastidores do clube para tentar conter a ações da oposição.

Parceria de sucesso

Atualmente em lados opostos, os dois dirigentes foram responsáveis pela parceria entre Cruzeiro e Ipatinga, que foi determinante para o sucesso do clube do Vale do Aço, no início dos anos 2000.

Recebendo o aporte financeiro da Raposa - que tinha Zezé na diretoria -  e que cedia vários jogadores ao Tigre, além de pagar cerca de 70% dos salários dos atletas, o Ipatinga, então presidido por Itair, alçou grandes voos tanto no cenário regional, quanto no nacional. 

Sob a vigência da parceria, o time quadricolor venceu o Campeonato Mineiro de 2005 – em cima do próprio Cruzeiro – foi semifinalista da Copa do Brasil e vice-campeão do Estadual, em 2006, ano em que a sociedade entre os clubes chegou ao fim, após cinco anos. 

Pedido surpreendente

Em meio à queda de braço envolvendo situação e oposição à atual gestão, Itair teria tentando uma manobra para permanecer na sua função, mesmo se Wagner Pires de Sá for afastado, como revelou Perrella, em entrevista ao programa Redação Sportv, nessa quinta-feira (3).

“Ele (Itair) me procurou ontem através do meu irmão, Alvimar (de Oliveira Costa, ex-presidente)), estava querendo falar comigo há 60 dias, eu não o recebia. Meu irmão acabou com a possibilidade de uma renúncia dele, eu o recebi por isso, achando que a proposta dele era essa. Mas, não, a proposta dele era continuar no Cruzeiro, ainda que o Wagner fosse afastado”.

Em relação ao pedido de Machado, o presidente do Conselho Deliberativo da Raposa foi enfático, descartando tal hipótese.

“Não existe a menor possibilidade dele continuar. Ele é o pivô dessa crise toda. Ele tem uma participação hoje no Cruzeiro mais importante que a do presidente. Não precisamos pedir o afastamento dele, porque ele é um funcionário do clube. A gente não consegue entender como o Wagner deixa uma situação dessa, o cara continuar”, completou.

Críticas

Em relação ao papel desempenhado pelo vice-presidente de futebol, Zezé Perrella voltou a subir o tom, citando, inclusive, a última negociação do clube, que envolveu a troca no comando técnico.

“Eu, particularmente, não tenho nada contra ele, como pessoa, mas acho ele um péssimo gestor, completamente irresponsável. No episódio do Rogério Ceni o Cruzeiro gastou quase R$ 4 milhões nessa operação. Isso é gestão? Por isso o Cruzeiro chegou na situação que chegou. Não tenho nada pessoal contra ele, mas eu gosto do Cruzeiro e acho que ele hoje é uma pessoa que faz mal ao Cruzeiro. Ele e toda a diretoria. Então, óbvio que, a gente assumindo isso aí, ainda que temporariamente, a possibilidade de ele ficar é zero”.

Afastamento

Zezé também deu detalhes da reunião marcada para o dia 21 de outubro, destacando que, mesmo com o parecer favorável para a oposição, Wagner Pires de Sá não deixaria de se presidente do Cruzeiro, neste momento.

“O afastamento temporário é porque, para pedir o afastamento definitivo da diretoria, nós precisaríamos de dois terços do Conselho deliberativo, mais dois terços da Assembleia Geral, ou seja, todos os sócios votariam. Mas não temos isso hoje. O que nós queremos? Pedir esse afastamento temporário, vamos montar um conselho gestor para tocar o Cruzeiro nesses 90 ou 120 dias e, depois, num segundo ato, se entendermos que temos que pedir o afastamento definitivo, nós o faremos a partir de janeiro ou fevereiro”.

Conselho de notáveis

Caso consiga um desfecho favorável na votação, Perrella indicou como ficaria a estrutura administrativa do clube.

“O nosso Estatuto diz que, em caso de vagas de cargos, sendo destituída toda a diretoria, o presidente do Conselho assume. Neste caso, eu assumiria. Mas eu já falei que não quero ser presidente do Cruzeiro nem um dia. Em 24 horas, vou montar um Conselho Gestor com cruzeirenses notáveis, com quem realmente quer trabalhar, vou ajudar, com minha experiência no futebol, mas não quero voltar a ser presidente do Cruzeiro”.

Hoje em Dia tentou contato com Itair Machado para comentar as declarações de Zezé Perrella, mas não obteve retorno até o momento.

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