Pelo 'Bonitão': filhos planejam homenagear pai falecido há 15 dias com totem em jogos do Atlético

Henrique André
@ohenriqueandre
22/07/2020 às 14:37.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:05
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

A vida nos reservas certas coincidências que, às vezes, parecem não ter explicação. Há alguns anos, a atleticana Brenda Oliveira, de 24, foi levada pelo pai pela primeira vez a um estádio de futebol. O jogo? Nada mais nada menos que um clássico contra o Cruzeiro. O duelo, que já era inesquecível para ela, se tornou mais forte ainda em 2020; a vitória por 2 a 1, também no Mineirão, foi último do senhor Ricardo Botelho em vida.

Acometido por um câncer, o "Bonitão" - apelido que ganhou na empresa em que trabalhou por mais de três décadas - acabou falecendo há exatos 15 dias, aos 66 anos. Em meio a dor e ao sofrimento, os cinco filhos tentam guardar apenas o lado bom desta relação; principalmente as histórias envolvendo o Atlético.

Leonardo (39 anos), Brenda (24), Renato (36), Juliana (37) e Breno (31) herdaram a paixão pelo alvinegro. Como presente ao saudoso pai, eles deverão aderir ao plano do 'ingresso virtual' para que a imagem de Ricardo esteja presente nos próximos duelos com portões fechados (como mandante).

"Ele nasceu atleticano, muito influenciado pelo pai e os irmãos mais velhos. Quando ele era jovem, antes de casar, morava perto do Independência. Por isso, sempre estava nos jogos do Galo. Meu primeiro jogo no interior foi contra o Flamengo, naquela goleada por 6 a 1, em Ipatinga", conta Breno ao Hoje em Dia.

"Ele sempre nos contava que, nos anos 80, foi acompanhar um Flamengo x Atlético com uma caranava. Chegando, fincaram as bandeiras na praia. Depois de tomar umas e outras, ele apagou na praia, só de camisa e pochete. Foi acordado quase na hora do jogo, todo ardido da ensolação. Precisou passar numa farmácia. Foi só de sunga e besuntado de creme para o jogo", acrescenta, num mix de tristeza pela morte recente do pai, mas também com alegria por ter estas histórias eternizadas.

Rebaixamento do Cruzeiro

Quando o Cruzeiro caiu, Ricardo se vestiu de fantasma e entrou na casa de vizinhos amigos para brincar com a situação. Querido por todos, nem mesmo a rivalidade era capaz de fazê-lo criar inimizades.

"Assistíamos todos os jogos juntos. Ele era cardíaco e o único que não conseguiu assistir foi o duelo de volta contra o Tijuana na Libertadores de 2013. Foi para dentro do quarto dormir. Ele acordou comigo ajoelhada após a cobrança do pênalti. Quando viu a defesa de São Victor, achou que fosse morrer", relembra Brenda.

Domingo (26), quando a bola rolar para América x Atlético, no confronto que marca o retorno do Campeonato Mineiro após a paralisação devido à pandemia, o quinteto viverá sensação diferente. Contudo, assim como fez em vida, com certeza Ricardo estará pertinho, ligado em mais um desafio do clube que dedicou parte de seu amor.

"Ele foi um atleticano na plenitude da palavra: do sofrimento à glória", finaliza Breno.

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