PF investiga desvio de dinheiro e 'ligações perigosas' no departamento jurídico do Cruzeiro

Da Redação
13/10/2019 às 13:16.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:12
 (Maurício Vieira/ Hoje em Dia)

(Maurício Vieira/ Hoje em Dia)

Um turno inteirinho de desconfiança, de denúncias e investigações envolvendo dirigentes do Cruzeiro. Desde 26 de maio, dia de jogo da Raposa contra a Chapecoense - como acontece neste domingo (13) -, mais uma notícia que tira o clube celeste do noticiário esportivo e o coloca nas páginas policiais vem à tona. 

Se, antes, ocorrera no Fantástico, agora foi a vez do dominical Esporte Espetacular (EE), também da TV Globo, apresentar matéria com denúncia de "ligações perigosas" e desvio de dinheiro no clube mineiro.

Segundo a reportagem, a Polícia Federal (PF) investiga indícios de irregularidades no departamento jurídico do clube. Relatórios da PF encaminhados ao Tribunal Regional Federal de Minas Gerais (TRF-MG) apontaram que o diretor jurídico do Cruzeiro, Fabiano de Oliveira Costa, e o advogado e também conselheiro do clube, Ildeu da Cunha Pereira, são investigados por supostos desvios de recursos.

De acordo com as investigações, divulgadas no Esporte Espetacular, as suspeitas recaem sobre supostas irregularidades ainda nas apurações feitas pelas operações da PF denominadas de Capitu e Escobar. 

Ildeu

Ildeu da Cunha Pereira chegou a ser preso nas duas operações da PF, que investigam o vazamento de dados sigilosos de operações desse braço da polícia. Os relatórios foram enviados ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) em julho deste ano. 

A PF afirma também, segundo o EE, que Ildeu utlizava de artifícios para ocultar as movimentações e repassar dinheiro recebido pelo Cruzeiro a beneficiários. Fabiano de Oliveira Costa seria um dos que receberam valores, conforme mostrou a reportagem exibida neste domingo. 

Apurações

A reportagem mostra que a investigação apurou documentos que constam o nome de Fabiano como beneficiário em transações que movimentaram mais de R$ 300 mil em um ano. 

A lógica dessas movimentações que a PF aponta como escusas, segundo o programa da Globo, tinha Ildeu em uma ponta e Fabiano em outra. Tudo começava com a emissão de notas fiscais por parte do advogado Ildeu cobrando o Cruzeiro por serviços advocatícios, e terminava com parte dos valores pagos pelo clube nas mãos de Fabiano de Oliveira Costa. 

O Esporte Espetacular diz que uma nota de R$ 43 mil foi emitida por Ildeu da Cunha Pereira ao Cruzeiro. Deste montante, R$ 39,9 mil foram repassados a Fabiano de Oliveira Costa por meio da esposa de Ildeu. O restante do valor (R$ 3,1 mil) ficou com o escritório do próprio Ildeu. 

À reportagem da TV Globo, Fabiano disse que recebeu um único depósito da mulher de Ildeu no valor de R$ 60 mil como parte de um empréstimo feito por ele ao advogado. Ele nega que tenha recebido dinheiro do clube.

Dinheiro nas contas de Ildeu

O programa Esporte Espetacular mostrou também que Ildeu recebeu, em 2018, quase R$ 700 mil. Deste total, R$ 320 seriam referentes a um contrato para que o advogado intermediasse um acordo entre o Cruzeiro e uma grande rede de supermercados de BH. O supermercado tinha a receber mais de R$ 10 milhões do clube.

A investigação aponta que esse contrato seria de fachada, uma vez que a intermediação era desnecessária, pois o credor tinha ligações diretas com o Cruzeiro. 

Ildeu da Cunha Pereira ainda atuava, segundo apurou a PF, contra o clube ao invés de fazer contrário. O advogado incentivava o credor a entrar na Justiça contra o clube. O advogado ainda teria exigido que a rede de supermercados cobrasse percentuais de jogadores para que a dívida fosse quitada. A investigação apontou que o dono dos supermercados não quis se indispor com o Cruzeiro. 

Palavra do presidente

À Polícia Federal, o presidente Wagner Pires de Sá disse que o advogado Ildeu da Cunha Pereira tinha um contrato como comissão por serviços prestados. Eem nota à reportagem da Globo, o clube disse que "não houve nenhuma simulação. O serviço foi sem dúvida prestado e o valor pago a ele foi proporcional ao resultado do trabalho e a altíssima quantia envolvida".

Sobre o incentivo do advogado que defendia o próprio clube incentivar o credor a buscar os meios judiciais, o Cruzeiro, na mesma nota, disse que desconhecia esse tipo de ação.

A reportagem do Esporte Espetacular também mostrou que Ildeu da Cunha Pereira tem ligações próximas a um desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, espécie de "troca de favores". 

Esse mesmo desembargador votou favoravelmente ao retorno de Itair Machado, então vice-presidente de futebol afastado do clube, às suas funções no clube. E o próprio Itair, de acordo com a matéria da Globo, é cliente de Ildeu da Cunha Pereira. 

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