O presidente Sérgio Santos Rodrigues mostrou insatisfação com o futebol apresentado pelo Cruzeiro, mas nem mesmo isso, pelo menos por enquanto, fez com que o dirigente optasse pela troca no comando técnico da equipe.
Após a derrota para o Brasil de Pelotas, na sétima rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, Rodrigues, mesmo após inúmeros pedidos dos torcedores pela demissão de Enderson Moreira, resolveu optar pela manutenção do treinador no clube.
“Muito triste, como todo cruzeirense. Mas acho que não é a hora de abandonar o Cruzeiro, de desistir do Cruzeiro, nem de tomar medidas extremas. Acho que ontem nós somos injustiçados, os números mostram isso, a partida mostra isso. Quem assistiu, no primeiro tempo fomos dominantes, chances claríssimas de gol foram perdidas. No segundo, voltamos um pouco mais devagar, mas ainda assim não voltamos mal. Tomamos um gol em que bola no meio da área, como vários outros que temos tomado, um descuido ou outro, não é uma falha sistêmica da defesa. Ontem, realmente, eu acho que no âmbito do jogo a gente teve uma melhora”, comentou em entrevista à Rádio Itatiaia.
A delegação celeste retornou a Belo Horizonte nesta quinta-feira após o tropeço no Sul do Brasil. E o presidente da Raposa admitiu que várias conversas foram feitas para tentar mudar o atual quadro de crise, com o Cruzeiro mais perto da zona de rebaixamento do que do G-4 na Segunda Divisão.
“Tivemos várias conversas internas, não só diretoria e Enderson, mas diretoria e jogadores e os jogadores entre si. O clima do vestiário estavam todos muito chateados, se cobrando uns aos outros. Não acho que o desempenho do time é bom, Cruzeiro é um time que deveria estar muito além, mas acho que podemos melhorar e vamos melhorar”, opinou.
Vários técnicos foram demitidos recentemente no futebol nacional. E usando justamente estatísticas iniciais do trabalho dos substitutos é que Sérgio Santos Rodrigues justifica o “fico” de Enderson Moreira na Toca II.
“Peguei até uns exemplos hoje. O Goiás trocou de técnico, perdeu (saiu Ney franco e entrou Thiago Larghi). O CSA trocou e perdeu (chegou Argel Fucks e saiu Eduardo Baptista). O Bragantino trocou de técnico e perdeu (saiu Felipe Conceição e chegou Maurício Barbieri). Athletico-PR empatou. Então, temos que pensar em um sistema. O Belintani (Guilherme, presidente do Bahia) defendeu o técnico (Roger Machado em postagem no Twitter antes do jogo com o Flamengo), mas mandou embora. Aí hoje tem reportagem xingando ele porque mandou embora”, explicou.
Para acabar com especulações sobre jogadores que não têm assimilado o trabalho do treinador, o presidente falou que os atletas entendem que houve melhora com Enderson à frente do grupo.
“A gente não tem uma análise específica de que tem que fazer x pontos. Conversamos com o elenco e ele está acreditando que o trabalho está melhorando, está evoluindo. Acho que ontem teve uma melhora de jogo, não só eu, os números mostram isso. Não precisa de muito esforço para ver que ontem foi realmente um acidente, diferentemente (do revés) para o América que jogou muito mais e a gente fez uma péssima partida. Ontem não foi o caso”, disse.
Em dificuldade financeira o Cruzeiro garante que multa não é o problema para tomar a decisão pela saída do treinador.
“Não é a questão principal. O que a gente avalia é sempre o trabalho. No ano passado, é um erro que não podemos repetir. Eu costumo dizer que o que importa é como termina e não como começa. No ano passado, o Cruzeiro começou maravilhosamente bem, e olha como terminou (...) não é só a questão da multa. Acho que iniciar um novo trabalho neste momento, sendo que a gente vê que há certa evolução e, sobretudo, há uma resposta do grupo em relação a isso, eu acho que a gente deve continuar vendo como vai ser a reação do time nos próximos jogos”, analisou.