Primeiro brasileiro na final da MLB cita 'destino e oportunidade'

Estadão Conteúdo
26/10/2015 às 17:15.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:13

Na última sexta-feira (23), Paulo Orlando entrou para a história ao se tornar o primeiro brasileiro a garantir presença na final do maior torneio de beisebol do mundo, a World Series, grande decisão da Major League Baseball (MLB), nos Estados Unidos. Defendendo o Kansas City Royals, o defensor de campo externo terá pela frente o New York Mets em uma série melhor de sete jogos que começa nesta terça-feira (27).

"É um orgulho. Na vitrine do beisebol, grande competição do mundo e ter um brasileiro representando. Acho que é destino e oportunidade. Poderia ser outro jogador, claro, mas penso mais que é o momento certo, na hora certa, tudo certo", respondeu o camisa 16 em entrevista exclusiva ao Estado de S. Paulo.

Paulo Orlando chega à final apenas três anos depois da estreia do primeiro brasileiro na MLB, com Yan Gomes, em 2012. Sua presença é assunto entre os jogadores, que questionam sobre sua fama no Brasil. "Eles falam 'cara você é brasileiro, representando seu País aqui na World Series, deve estar repercutindo bastante, pedidos de entrevistas'. Respondo que tem mesmo. Tentamos mudar o cenário no Brasil. Ter o beisebol como um esporte grande e um dos mais praticados."

Apesar de não ser titular, Orlando foi bastante acionado durante a temporada. Das 162 partidas do time, ele esteve presente em 86 delas. Nos playoffs, a situação é parecida, com participação em sete das 11 partidas da fase mata-mata. A situação é clara para o brasileiro, que sabe seu papel no time.

"Desde o começo do ano eles estavam com um plano de trazer um jogador extra caso um titular sinta dores. Então minha função aqui é esta. Sei bem o que tenho que fazer e estou preparado para jogar na defesa. Se o placar estiver mais largo, também entro para correr ou rebater", explicou Paulo Orlando.

Antes de chegar à World Series, o Kansas City Royals derrotou o Toronto Blue Jays por 4 jogos a 2. Já o Mets "varreu" o Chicago Cubs por 4 a 0 e teve maior tempo de descanso. Mas isso não é exatamente uma vantagem, já que pode quebrar o ritmo de jogo. "Alguns jogadores se sentem bem à vontade quando não tem esses dias de folga, uma rotina mais parecida com a temporada regular. Outros preferem repousar. Eu penso que é uma boa sempre estar na ativa, no ritmo das partidas."

Da estreia de Yan Gomes, em 2012, à primeira partida de Paulo Orlando, neste ano, o Brasil também teve André Rienzo, que começou na MLB em 2013. Os três são amigos e trocam mensagens em um grupo de WhatsApp. "Sempre conversamos, até quando estávamos na temporada regular, também com outros jogadores dos times menores (ligas inferiores da MLB). Para mim, é um orgulho estar passando tudo isso e ainda compartilhar com eles, mesmo que por mensagens de texto."

Ao contrário, por exemplo, do futebol brasileiro, onde a concentração é intensificada nos momentos de decisão dos campeonatos, Paulo Orlando dorme em casa, com a esposa. Nos jogos fora de casa, ela também o acompanha, já que cada jogador tem seu próprio quarto. "Posso descansar com a família. O que importa é quando vamos para o estádio, na hora do treino e depois, no jogo". Sua filha, Maria Eduarda, de seis anos, ficou no Brasil, já que está em período escolar.

O Royals foi vice-campeão na temporada passada, quando perdeu a Série Mundial para o San Francisco Giants, por 4 jogos a 3, sendo a última partida em Kansas City. Esta foi a primeira final desde 1985, ano do último título da equipe. Apesar do jejum e da derrota em 2014, Paulo não vê uma pressão para erguer o troféu na atual temporada.

"É bem ao contrário. Depois do ano passado, o time e os fãs têm apoiado muito. E isso de seca não tem tanto no beisebol. Claro que todos querem um título, mas estar nos playoffs já é um grande momento. Tem times que estão há cem anos sem ganhar nada. Agora é a hora do Kansas City, que colhe os frutos dos últimos cinco, dez anos, que apoiaram bastante as Ligas Menores."
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