Primeiro clássico do reformulado Mineirão é internet x fila

Felipe Torres e João Alberto Aguiar - Do Hoje em Dia
31/01/2013 às 07:40.
Atualizado em 21/11/2021 às 21:31
 (Luiz Costa/Hoje em Dia)

(Luiz Costa/Hoje em Dia)

O clássico de domingo vai significar uma nova era no futebol mineiro, não apenas pela reinauguração do Mineirão, seu maior palco. Ele vai decretar, mesmo que de forma tardia, a entrada da era digital no que se refere à compra de ingressos.

E a novidade pode ser cruel com quem encara as filas há quase três dias. O lote de entradas é único, e as duas vendas, pela internet (www.futebolcard.com) e nas bilheterias, começam ao mesmo tempo, às 9h.

Por isso, cada ingresso comprado de forma virtual, significa um a menos para quem encara o desafio de ter nas mãos o objeto do desejo, que é a entrada para o clássico, nos postos de venda.

A diferença na operação, é que os “moderninhos”, além de depender da disponibilidade, terão que pagar 10% a mais do valor normal, referente à taxa de conveniência.

Posteriormente, a pessoa terá, ainda, que retirar a entrada em um posto de troca, possivelmente no próprio Mineirão.

Desvantagem

A torcida cruzeirense que não aderiu ao programa Sócio do Futebol, portanto, leva desvantagem na “briga” pelo ingresso, em relação aos atleticanos, pois das pouco mais de 25 mil entradas disponíveis para cada clube, até 20 mil poderão ser adquiridas pelos participantes do sócio-torcedor.

No caso do Atlético, que também tem um programa de sócios, o Galo na Veia, os contribuintes não terão nenhuma vantagem. Como o mando de campo é do Cruzeiro, não há separação de entrada para eles.

Movimento dá ar de antigo Mineirão

O velho hábito das filas não se enquadra em nada com a aclamada modernização do Mineirão, às vésperas da Copa das Confederações e a menos de 500 dias do Mundial. O caminho natural seria a maior parte da comercialização das entradas via internet, como acontece nos grandes eventos esportivos pelo mundo.

O site Futebol Card (www.futebolcard.com.br) até disponibilizará bilhetes, também a partir das 9h. Porém, a desconfiança e a falta de cultura, aliada ao pouco incentivo dos clubes, ainda fazem com que torcedores enfrentem chuva e frio na briga por um lugar no clássico.

“Tem gente que possui internet lenta, que cai toda hora. Outros nem têm acesso fácil. Aí, aparece o medo de perder o jogo e a pessoa acaba vindo para cá”, destaca Fábio do Carmo, de 28 anos. O vigilante, que chegou à sede cruzeirense na segunda-feira, é um dos primeiros na fila do Barro Preto.

Ao seu lado, o estudante Bremer Soares, 16, teme que a venda no site prejudique quem está dormindo há dias no local. “Se o pessoal comprar tudo na rede antes da gente, como vai ficar?” - questiona ele.

A preocupação de Bremer se mostra válida. Na comercialização dos 7.313 bilhetes (mais caros) destinados à Minas Arena, concessionária que administra o Mineirão, os interessados conseguiram adquirir pelo site (www.mineiraopremium.com.br) em cerca de cinco minutos, realizado o cadastro prévio.

“Por isso, acho que devia vender tudo pela internet. Hoje, qualquer um pode ir a uma “lan-house”, tem um cartão de débito e crédito. Passamos por muitos perrengues na fila”, analisa o atleticano Pedro Orsini, 21, que está há 48 horas no Mineirão.

A resposta para o sacrifício, Jean Pierre, 20, não demora a se antecipar e responder: “É a paixão”.

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