Aos 35 anos e no Lajeadense-RS, o goleiro Lauro apenas sonhava em voltar a um time grande. O desejo quase utópico virou realidade. Agora, já apresentado oficialmente como novo goleiro do Atlético e com contrato até dezembro, o jogador revelou a amizade com Victor e ainda citou que "inveja" o titular (veja abaixo as fotos do primeiro treino no clube).
Lauro ficou conhecido mundialmente por ser carrasco do Flamengo. Em um espaço de 10 anos, fez dois gols de cabeça no Rubro-Negro. Victor, entretanto, tem glórias debaixo das traves, principalmente na Libertadores de 2013. Os dois se conheceram em Porto Alegre, quando estavam nos rivais Internacional e Grêmio. Há três anos, Lauro marcou o segundo gol diante do Fla, defendendo a Portuguesa. Naquela temporada, vibrou junto com a torcida do Galo quando Victor defendeu o pênalti de Riascos.
"Tive a oportunidade de fazer dois gols, ainda mais contra o mesmo time, o Flamengo, algo marcado na história do futebol. Mas vou te dizer, invejo o Victor, porque ele foi herói debaixo do gol. Vibrei muito com ele, porque quando cheguei no Internacional, travamos grandes duelos. Victor no Grêmio, e eu no Inter. Nunca deixamos de ser amigos, morávamos no mesmo condomínio, as esposas compartilharam tempo. Eu invejo ele, fez o papel dele defendendo. Espero fazer o mesmo, se for necessário", afirmou Lauro.
O novo goleiro do Galo deverá ser inscrito no lugar de Giovanni na Copa Libertadores. O diretor de futebol do clube, Eduardo Maluf, criticou o regulamento da Conmebol, que libera a substituição de goleiros na lista de inscritos a qualquer momento, desde que comprovada lesão. Mas o goleiro que sair não pode mais voltar na mesma edição do torneio.
Maluf reuniu a comissão técnica do Atlético, e o martelo foi batido em relação à contratação de Lauro. Há quatro meses na Lajeadense, que luta contra o rebaixamento no Campeonato Gaúcho, Lauro não poderia deixar a oportunidade passar, até porque, após ter defendido equipes de menor porte, voltar a um grande clube foi como um sopro de vento no verão quente.
"Não gostaria de estar na situação do Giovanni e do Victor. São goleiros que estão lesionados e que não estão aptos para a Libertadores. Hoje foi uma sensação maravilhosa para mim entrar em um CT como este, companheiros de qualidade, comissão técnica e diretoria que irá brigar por títulos. Me sinto privilegiado de vestir a camisa do Galo", completou.
Lauro também lembrou que está completamente ciente da condição que lhe trouxe ao Atlético. Ou seja, sabe que foi um chamado de emergência. Maluf disse que a ideia era assinar com Lauro por 120 dias. Mas, pensando melhor, resolveu fazer um vínculo até dezembro para que ele "não ficasse desamparado após a Libertadores".
Confira outros trechos da entrevista:
Disputa com o jovem goleiro Uilson
"Essa diferença de idade hoje não é tão significativa. Haja vista que o goleiro da Seleção é o Alisson, chegou e tomou a posição. Lógico que experiência ajuda em determinados momentos, você administra a partida de forma mais simples. Mas juventude lhe dá ímpeto, força, é destemido. É uma disputa sadia, vou me procurar me apresentar para a comissão técnica, buscar confiança e que o Atlético esteja sempre bem servido de goleiros".
Será um "conselheiro" de Uilson?
"Para se ter uma conversa assim, é preciso ter intimidade. Agora é só um "oi". Mas, como goleiro concentra junto, há uma conversa sobre a carreira. Na Lajeadense, me concentrava com o Paulo, de 24 anos, cheio de dúvidas e ansiedade. Nos quatro meses que estive lá, me ligou, agradeceu, chorou. Faz parte do meu perfil ajudar de alguma forma. Somos companheiros, e tentarei passar coisas boas para ele e para os demais".
Chegada ao Galo para suprir lesões
"Eu sou consciente da situação na qual estou sendo contratado. Não poderia deixar passar a esta oportunidade, voltar em um time de alto nível. Lógico que fundamental é passar confiança, e essa confiança para o torcedor é importante, por isso houve essa contratação. É algo cirúrgico, esperar o Victor se recuperar, e ter um suporte, segurança com a minha presença. Tentarei trabalhar, mostrar meu valor para, em um segundo semestre, não havendo a necessidade de minha presença aqui, que haja uma nova oportunidade em outro grande clube".
Saída do Internacional e passagem por clubes de menor expressão
"Tive proposta para jogar, mas me desanimou o futebol nos últimos clubes que eu estava passando. Estrutura ruim de trabalho, falta de pagamento e profissionais qualificados para te colocar no melhor nível. Achei que poderia respirar novos ares. Determinei na minha vida um ano sabático, para dedicar às minhas filhas. Mas bateu a falta de adrenalina, compromisso e desafio que o futebol traz. Me arrependi, e rapidamente tive a oportunidade do Lajeadense. Durante esse período, tive propostas vantajosas, mas determinei que teria de ter foco com o que tinha me comprometido. Acho que o resultado foi positivo. Estou ao lado de vocês aqui e pronto para alçar voos maiores. Mesmo com 35 anos, me sinto jovem para os próximos passos".
(Bruno Cantini/Divulgação)
(Bruno Cantini/Divulgação)
(Bruno Cantini/Divulgação)
(Bruno Cantini/Divulgação)
(Bruno Cantini/Divulgação)
(Bruno Cantini/Divulgação)
(Bruno Cantini/Divulgação)
(Bruno Cantini/Divulgação)