Profissionais dão toque feminino ao grande clássico do futebol mineiro

Gláucio Castro - Hoje em Dia
08/03/2015 às 10:29.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:16
 (Luiz Costa / Hoje em Dia)

(Luiz Costa / Hoje em Dia)

De um lado, a podóloga Renata Rabelo, 36. Do outro, a nutricionista Nathália Carvalho Pinto, 29. As duas não entrarão em campo hoje, no Mineirão, para o primeiro clássico da temporada entre Cruzeiro e Atlético. Mas, para que os pelo menos 22 protagonistas possam apresentar um belo espetáculo, o trabalho delas é fundamental.

Renata é a responsável pelos pés dos comandados de Marcelo Oliveira. “Trato tudo: calos, unhas encravadas, fungos, para que esteja tudo bem na hora da partida”, explica a funcionária da Raposa. Já Nathália cuida da alimentação dos atletas de Levir Culpi. “Até a sobremesa é especial. Vai ser pudim de leite, que todos amam. Só não podem exagerar, porque o jogo é muito importante”, alerta a profissional do Galo.

Em um universo dominado pelos marmanjos, Renata e Nathália são minoria, mas não estão sozinhas. Entre nutricionistas, podólogas, cozinheiras, camareiras e auxiliares de serviços gerais, a Toca da Raposa II e a Cidade do Galo contam atualmente com um staff de cerca de dez mulheres cada uma.

“Já me acostumei. No início, você pode até estranhar um pouco. Mas depois, vai mostrando seu profissionalismo e fica mais à vontade. Respeito a todos e sou muito respeitada”, avalia Renata. “Até prefiro trabalhar em um ambiente assim. Imagina se fosse tudo mulher, e todas de TPM ao mesmo tempo!”, brinca Nathália.

Caso não aconteça nenhum problema de última hora, Renata terá o domingo inteiro de folga para aproveitar o Dia da Mulher ao lado da família e assistir ao clássico pela televisão. Já a comemoração de Nathália será de muito trabalho, com a cozinha do CT de Vespasiano funcionando a todo vapor desde as 7h em dia de clássico.

E não são apenas os jogadores e a comissão técnica que ficam ansiosos às vésperas do maior duelo do futebol mineiro. As funcionárias que atuam nos bastidores dos clubes também ficam com os nervos à flor da pele. “A atenção precisa ser redobrada nestes dias”, alerta a podóloga. “Nada pode dar errado”, completa a nutricionista.

Além das responsabilidades profissionais, as guerreiras ainda cuidam das tarefas em casa. “A mulher tem que se desdobrar. Mas eu prefiro assim. Conquistamos muito espaço e estamos crescendo a cada dia”, comemora Renata. “As mulheres estão dominando. Hoje, você vê mulheres em praticamente todas as profissões, e isso é muito bom”, conclui Nathália.

Rotina de responsabilidade e muito amor à camisa

Todos os dias bem cedo, enquanto boa parte dos jogadores do Cruzeiro ainda deve estar dormindo, Maricéia Oliveira Matos, 52, já está na Toca da Raposa II limpando cada cantinho e deixando tudo brilhando para quando os atletas chegarem para treinar.

“É um orgulho trabalhar num lugar como este. Agradeço a Deus todos os dias, porque muita gente queria estar no meu lugar. Minha mãe adora. Ela manda recado para o Fábio todo dia”, conta a funcionária de serviços gerais do CT celeste. “Tiro de letra essa situação de trabalhar em um ambiente masculino. Isso mostra o quanto a mulher está crescendo”, completa.

Com 13 anos de trabalho dedicados ao Atlético, a secretária do departamento de futebol da Cidade do Galo Ana Cristina Silva, 41, já viveu bons e maus momentos no CT de Vespasiano. Mas, sempre com um largo sorriso no rosto e esbanjado simpatia, ela garante estar no emprego dos sonhos. Mesmo assim, não se acomodou. Formou-se em Direito e, agora, cursa Administração.

“Eu sempre quis trabalhar no Atlético, pois sou apaixonada pelo clube. Bati na porta e pedi emprego. Comecei no telemarketing e hoje estou aqui. Para trabalhar em um universo dominado praticamente por homens, você tem que impor os seus limites e respeitá-los. Os jogadores é que estão no ambiente deles”, explica a atleticana.

Em dia de jogos como o de hoje, Cristina fica no estádio recebendo parentes e convidados de elenco e diretoria. “A mulher estar surpreendendo mais e mais a cada ano, graças a muita luta”, diz.
 

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