Queda na arrecadação é indício de dificuldades em 2016 para Cruzeiro e Atlético

Alberto Ribeiro e Frederico Ribeiro - Hoje em Dia
17/12/2015 às 07:24.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:22

Atlético e Cruzeiro mais do que dobraram os gastos com o futebol profissional entre 2011 e 2014. Isso foi fundamental para os clubes viverem anos memoráveis em 2013 e 2014, quando Minas Gerais foi o principal centro do futebol brasileiro.
 
Mas a conta pelos excessos chegou neste ano. E a perspectiva é que ela continue sendo paga em 2016, quando a dupla passa a conviver com outra realidade, pois a adesão ao Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut), permite que no máximo 80% da receita seja comprometida com o futebol profissional.
 
Com base no balanço patrimonial de 2014, o Atlético gastou R$ 189 milhões para manter o time no ano passado. A arrecadação total na temporada foi inferior, perto de R$ 179 milhões.
 
O caso cruzeirense foi parecido, pois o clube teve uma arrecadação total de R$ 223 milhões em 2014, mas gastou R$ 193,5 milhões com o futebol.
 
O gasto com a folha salarial é o principal motivo para os grandes prejuízos acumulados. No ano passado, o Cruzeiro teve déficit de R$ 38,6 milhões. O do Atlético foi ainda maior, chegando a R$ 48,4 milhões.
 
Com base nas rendas já definidas para 2015, é possível afirmar que a arrecadação deste ano sofrerá queda nos dois lados, sendo o caso cruzeirense mais grave.
 
Só com rendas de jogos e premiações em competições, a Raposa perderá R$ 37 milhões numa comparação com o ano passado. No Galo, as perdas com rendas de jogos e premiações será de R$ 10 milhões.
 
Desmanches
 
Os prejuízos acumulados, principalmente a partir de 2012, obrigaram os dois lados a promover um desmanche dos times que dominaram o futebol nacional em 2013 e 2014.
 
O ano já começou sem que os três melhores jogadores do Brasil no ano passado estivessem em Minas. O Atlético vendeu Diego Tardelli, e o Cruzeiro perdeu Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart.
 
Mas não ficou só nisso. A Cidade do Galo viu ainda as saídas de Réver, Guilherme, Maicosuel e Jô. E a Toca da Raposa II deixou de ser frequentada por Lucas Silva, Egídio e Nilton.
 
O grande desafio da dupla na próxima temporada, podendo gastar bem menos que nos anos de glória, será atender ao torcedor, que ficou mais exigente pelo passado recente de vitórias.

Prioridade na Raposa é reduzir a folha de pagamento
 
Os grandes investimentos ficaram para trás. O principal objetivo do Cruzeiro é reduzir a folha de pagamento. Atualmente, quase 80 atletas têm vínculo com o clube, um número considerado elevado pela direção. “O Cruzeiro aderiu ao Profut e precisa abaixar essa folha”, reconhece o vice-presidente de futebol, Bruno Vicintin.
 
“Nosso grande desafio é contratar com qualidade, mas diminuindo a folha. Temos uma série de atletas que voltam de empréstimo, que vão ser emprestados, ou que podem ser vendidos. O Cruzeiro tem 79 atletas sob contrato hoje”, acrescenta o diretor de futebol, Thiago Scuro.
 
Diante desse cenário sem perspectivista de reforços, a tendência é que o Cruzeiro invista pouco no mercado em 2016. Até agora, nenhum nome foi anunciado pela diretoria.
 
Esse panorama, porém, deve mudar nós próximos dias. O clube já tem bases acertadas com o atacante Douglas Coutinho, do Atlético-PR. Outro que está perto de reforçar a equipe em 2016 é o argentino Sánchez Miño, de 25 anos.
 
Revelado nas categorias de base do Boca Juniors, o meia-atacante pertence ao Torino, da Itália, e deve chegar à capital mineira por empréstimo de uma temporada. O diretor de futebol Thiago Scuro negociou o acordo com o Torino durante viagem à Europa, no início de dezembro.
 
As contratações para 2016 devem ser finalizadas com a vinda de um volante, atendendo a um pedido do técnico Deivid.

Galo aposta em criatividade e competência para se reforçar
 
Um aumento de 640% no orçamento disponível para contratações. É com essa progressão que o Atlético trabalha para reforçar a equipe. Se para este ano estavam previstos R$ 2,5 milhões na aquisição de novas peças, para a próxima temporada, serão R$ 16 milhões.
 
Entretanto, o Galo irá enfrentar dificuldades. Com jogadores supervalorizados no mercado interno, o jeito é usar a criatividade para monitorar os países vizinhos.  Da Argentina, o clube mineiro estuda a vinda de Juan Cazares. O diretor de futebol do Galo, Eduardo Maluf, disse que o meia foi o único estrangeiro procurado.
 
O Atlético conta com a saída definitiva de Juanito do Banfield (Argentina), clube para o qual havia sido emprestado, para negociar com 50% dos direitos econômicos do meia com o Independiente Del Valle, (Equador). A outra metade pertence a empresários.
 
A demanda alvinegra é de dois meias, um volante e um atacante. Para tanto, o clube não descarta o uso de investidores como arma. Além disso, o poder da barganha é outra estratégia jamais descartada.
 
“Vejo o Atlético cada vez mais consolidado para fazer contratações. O investidor no jogador, a Fifa proibiu. Mas a Fifa não proibiu o investidor de colocar um investimento no clube. E o Atlético é uma grande vitrine”, disse Maluf.

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