Racionalidade japonesa no coração brasileiro do técnico Levir Culpi

Frederico Ribeiro - Hoje em Dia
09/11/2014 às 10:27.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:57

Levir Culpi, ao retornar para o futebol brasileiro, sempre fez questão de atacar as feridas do esporte nacional. Usou como argumento as contrastantes organização e educação do Japão quando trata todas as esferas de sua sociedade. Contudo, na comparação entre o país tropical e a terra do sol nascente, o treinador do Galo não hesita: aqui a emoção é em dose cavalar. Ele sentia saudades disso.   Nas últimas semanas, Levir viu o Galo superar Corinthians e Flamengo da mesma forma, com goleadas em casa e classificações heroicas. Ainda ganhou o título da Recopa Sul-Americana diante do Lanús de forma dramática: prorrogação e gols de pênalti. Em outras palavras, o comandante, em seis meses de Atlético, testou o coração bem mais do que em seis anos de Japão.   “A gente vai lá para aprender, aprendi muitas coisas no Japão. Eu gosto e quero morar no Brasil. As emoções que vivi aqui, nunca vivi lá”, afirmou.   Levir passou sete anos em solo japonês, com uma passagem dividida em dois momentos no banco de reservas do Cerezo Osaka. Lá, ele conseguiu classificação à Liga dos Campeões da Ásia em 2013. E foi uma comoção. Porém, só lembrou o cenário brasileiro em situações similares.   “Houveram dois episódios parecidos, na classificação que seria a Copa Libertadores da Ásia, todo mundo saiu abraçado, chorando. Foi quando chegaram perto da nossa emoção. São mais pragmáticos, mais organizados. Mas nós somos muito mais divertidos”, completou.   Agora é a vez de consultar o cardiologista e deixar a saúde em dia. Vale se precaver com remédios e preparar para os dois jogos mais importantes da história do futebol mineiro. Final da Copa do Brasil. Torneio que ele conhece muito bem. “Estamos vivendo algo inédito. Isso vem para premiar o trabalho das equipes mineiras. Agora chamou a atenção de todos. Equipes que trabalham bem, bons resultados, principalmente o Cruzeiro que vem de sequência maior que a nossa. Motivo de orgulho de todos nós”, completou.   Estagnados   Levir sabe que haverá motivos de sobra para Belo Horizonte viver muita euforia nos próximos dias. Contudo, ele lamenta que o cenário não será 100% adequado. O grande problema, para o treinador, é a incapacidade do Estado em dar segurança adequada para as torcidas de Galo e Raposa. Com isso, a impossibilidade de torcida dividida nos dois clássicos é algo “decepcionante”.   “Fazer um jogo com uma torcida só, sinceramente, é decepcionante para mim. A coisa que mais evoluiu no Brasil foi o atraso. Nós estamos retrocedendo, a falta de educação gera esse tipo de problema. Não temos esse controle que deveríamos ter. Chego a conclusão que estamos andando para trás”, completou.

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