Rescisões com Edílson e Robinho podem custar mais de R$ 18 milhões aos cofres do Cruzeiro

Guilherme Piu e Alexandre Simões
@guilhermepiu
05/06/2020 às 14:24.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:41
 (Montagem sobre fotos de Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

(Montagem sobre fotos de Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

Montagem sobre fotos de Gustavo Aleixo/Cruzeiro

 O Cruzeiro tenta se restabelecer após ser dilacerado financeiramente e ter arranhada de forma profunda sua imagem nos mercados nacional e internacional. Sem dinheiro, o clube toma medidas drásticas agora sob o comando do presidente Sérgio Santos Rodrigues. E o primeiro corte na carne acontece no elenco principal com a rescisão dos contratos do meia Robinho e do lateral Edílson. Mas essa medida pode gerar economia aos cofres já combalidos do clube? 

A verdade é que, segundo advogados trabalhistas especializados em causas jurídicas no futebol ouvidos pelo Hoje em Dia, o Cruzeiro pode ter administrado mais uma dívida. Em tese, no caso de rescisões unilaterais - desejada apenas por uma das partes -, o clube deve pagar 100% do valor previsto em contrato. Fato diferente aconteceria no caso dos próprios jogadores abrirem mão de algum valor específico, o que dependeria, claro, de uma negociação entre clube e advogados dos atletas. 

Contratos

Portanto, como o vínculo do meia Robinho tinha validade até o fim de 2021 e o do lateral-direito Edílson até o fim desta temporada, o Cruzeiro teria como despesa R$ 18 milhões a quitar com a dupla após as duas rescisões. Isso, levando-se em conta os salários registrados de cada um conforme as Consolidações das Leis do Trabalho (CLT), as parcelas de 13º e salários atrasados de 2019. Caso haja premiações em atraso, o valor devido ainda aumentaria. 

O Cruzeiro, em péssima condição financeira, já havia feito um acordo prévio no começo do ano, segundo apurou o Hoje em Dia, para quitar atrasados ainda relacionados à temporada anterior.

O Conselho Gestor, conforme informações obtidas pelo HD, negociou com os atletas no começo deste ano da seguinte forma: os salários vencidos e não pagos de setembro, outubro, novembro e dezembro de 2019, mais o 13º e os valores além do teto de R$ 150 mil instituído como pagamento máximo em 2020, começariam a ser quitados a partir de abril do ano que vem. E isso em até 20 parcelas. Edílson e Robinho aceitaram esses termos e por isso foram mantidos no elenco. 

Pagamentos a Robinho 

Individualizando cada situação dos atletas o valor total a ser pago pelo Cruzeiro não é baixo. 

O contrato de Robinho com o clube era válido até dezembro de 2021. Portanto, sem levar em conta a redução salarial prevista (teto de pagamentos a partir de 2020 no valor de R$ 150 mil), a dívida total da Raposa na integralidade do contrato com o meio-campista é de R$ 9,1 milhões, somando salários e dois pagamentos, um em cada ano, de 13º salário.

A esse montante se soma quatro parcelas atrasadas de 2019 e o 13º do referido período. Aí se chega a uma dívida total de R$ 11,2 milhões só com Robinho. 

Abatimento

Desse montante de R$ 11,2 milhões já foram pagos pelo Cruzeiro R$ 900 mil, ou seja, seis meses do teto salarial de R$ 150 mil instituído neste ano. Diminuindo o que já foi pago, a quebra contratual faz o time celeste ter compromisso a quitar com Robinho no valor de R$ 10,3 milhões. 

Pagamentos a Edílson

O contrato do Cruzeiro com o lateral-direito Edílson terminaria no fim deste ano. Levando-se em conta o valor cheio do salário no último contrato do atleta com o clube chega-se ao valor de R$ 6,5 milhões, contando o 13º salário. 
Além desse valor, o clube também deve a Edílson quatro meses de salários atrasados (setembro, outubro, novembro e dezembro) e o 13º da temporada passada. Isso soma mais R$ 2,5 milhões. 

A dívida total do clube em 2020 com o lateral é de R$ 9 milhões. E desse valor se desconta também R$ 900 mil (teto de pagamentos a partir de 2020 no valor de R$ 150 mil) por seis meses salariais quitados neste ano. O que revela uma dívida total de R$ 8,1 milhões do Cruzeiro com Edílson. 

A reportagem fez essa conta baseando-se nos salários registrados para a dupla na CLT. 

Rescisão amigável

Em nota o Cruzeiro afirma que entrou em acordo de forma amigável com Robinho e Edilson para as rescisões contratuais. De acordo com informações recebidas pelo Hoje em Dia, em casos específicos a esses e se de fato houve "rescisão amigável", o clube poderia ficar livre desses pagamentos e os atletas livres para negociar com qualquer equipe. Mas, ao que tudo indica, não foi isso que aconteceu.

Em contato com o a reportagem, o lateral-direito Edilson ressaltou "surpresa" com a rescisão contratual. O jogador disse em mensagem no celular que havia reduzido seu salário em 70% para "participar do processo de subida do Cruzeiro à Série A". 

De acordo com informações repassadas ao HD haverá um encontro dos empresários dos jogadores com o departamento de futebol e membros do jurídico da Raposa para discutirem a rescisão contratual de seus agenciados. 

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