Resultado de sindicância aponta 'vultuoso aumento' nos gastos na atual gestão do Cruzeiro

Guilherme Piu e Luciano Dias
31/07/2019 às 21:31.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:48
 (Vinnicius Silva/Cruzeiro)

(Vinnicius Silva/Cruzeiro)

O trabalho da Comissão Transitória de Apuração apresentou uma lista de dados apurados após análises de documentos referentes ao primeiro ano de gestão do presidente Wagner Pires de Sá. Os dados são do exercício de 2018.

O grupo, nomeado pelo presidente do Conselho Deliberativo do Cruzeiro, Zezé Perrella, listou ao menos oito pontos críticos nos documentos. A análise detalhada foi apresentada em 70 slides e tratou de assuntos diversos, como salários de funcionários, pagamentos a empresários, direitos de imagem, ingressos, conselheiros remunerados, dentre outros.  

O resultado do relatório, produzido pelos conselheiros Jarbas Matias dos Reis e Walter Cardinali Junior, os membros da Comissão Transitória de Apuração, foi entregue aos presidentes Wagner Pires de Sá e Zezé Perrella no dia 18 de julho. 

Folha de pagamento de funcionários

A análise do Conselho Fiscal apurou crescimento no número de funcionários entre dezembro de 2017 e abril de 2019. O aumento foi de 15%, já que eram 624 colaboradores e chegou a 717 profissionais contratados. Esse aumento gerou também oneração na folha de pagamentos em um ano. 

Em dezembro de 2017 o Cruzeiro pagava R$ 12.728.458,00. Um no depois esse valor saltou para R$ 18.720.392,00, quase seis milhões a mais em 12 meses. 

Em 2019 o valor aumentou mais R$ 2,2 milhões deixando a folha na casa dos R$ 20,2 milhões no mês de abril. 

No acumulado de dezembro de 2017 a abril de 2019 o crescimento da folha de pagamento foi de 59%. 

“Gostaríamos de salientar que mais de 90% dos funcionários tiveram mais de 10% de aumento no período”, destacou o grupo de análises em um dos slides apresentados.

De acordo com o levantamento o custo anual dos aumentos das remunerações ultrapassa a casa dos R$ 90 milhões (R$ 90.493.596,00).

Conselheiros remunerados

A lista mostra que 30 conselheiros do Cruzeiro são contratados como Pessoa Jurídica (PJ). Esse número é de abril de 2019. Esse tipo de contratação foi feita na atual gestão do presidente Wagner Pires de Sá. 

O relatório que lista esses números cita que na gestão de Gilvan de Pinho Tavares não existia esse tipo de contratação de serviços.

O Cruzeiro gastou até abril desse ano com essas contratações o valor de R$ 670.592,00, mais de R$ 25 mil do que era gasto até dezembro de 2018. 

No acumulado de 12 meses o Cruzeiro gasta mais de R$ 8 milhões com os conselheiros remunerados (R$ 8.051.424,00). O valor mais alto pago a um conselheiro atinge os R$ 125 mil. Quem recebe menos angaria R$ 1,6 mil. A relação não aponta nome de ninguém, apenas o valor que o clube desembolsa. Reprodução 

Acordos de intermediação

Em 2018 o clube gastou R$ 23.693.800,50 com contratos firmados com intermediários nas negociações de atletas. 

Direitos de imagem

Com direitos de imagem o Cruzeiro gastou entre janeiro de 2018 e abril de 2019 o valor de R$ 63.961.955,00. 

Público pagante x Público presente

O trabalho da Comissão Transitória de Apuração apresentou uma lista de dados apurados após análises de documentos referentes ao primeiro ano de gestão do presidente Wagner Pires de Sá. Os dados são do exercício de 2018.

O grupo, nomeado pelo presidente do Conselho Deliberativo do Cruzeiro, Zezé Perrella, listou ao menos oito pontos críticos nos documentos. A análise detalhada foi apresentada em 70 slides e tratou de assuntos diversos, como salários de funcionários, pagamentos a empresários, direitos de imagem, ingressos, conselheiros remunerados, dentre outros.  

O resultado do relatório, produzido pelos conselheiros Jarbas Matias dos Reis e Walter Cardinali Junior, os membros da Comissão Transitória de Apuração, foi entregue aos presidentes Wagner Pires de Sá e Zezé Perrella no dia 18 de julho. Reprodução / N/A

A diferença entre público presente e público pagante em jogos no Mineirão no ano passado mostra que o Cruzeiro poderia ter embolsado uma renda extra de R$ 13.257.100,00. Segundo o relatório, foram distribuídos pela diretoria cruzeirense, de forma gratuita, 119.559 ingressos. O destino dos bilhetes não foi informado. 
Jogadores emprestados

O custo mensal de R$ 582 mil (R$ 6,98 milhões por ano) com 22 atletas emprestados para outros clubes também chama atenção no relatório. 

Compliance

O relatório explica e apresenta o termo compliance da seguinte forma: “agir de acordo com uma regra, uma instrução interna, um comando ou um pedido”. Desta forma, “manter o Cruzeiro Esporte Clube em total harmonia e em conformidade com seu estatuto e ambiente interno”. 

O documento destaca que foram sugeridas 242 ações pelo Compliance e somente 13 foram implementadas, e em diversos momentos foram informados os riscos desta não implantação.

Para manter um setor de compliance, em um contrato de abril a dezembro de 2020, o Cruzeiro teve um custo de R$ 1.260.006,00, divididos em 33 parcelas de R$ 38.182,00.Reprodução

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