Rivalidade em Casablanca e cultura do país fazem com que #RajaDay seja ignorado no Marrocos

Henrique André
@ohenriqueandre
18/12/2020 às 11:32.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:20
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

Definitivamente, 18 de dezembro se tornou uma data que jamais será riscada da história do Atlético. Em 2013, sonhando em chegar à final do Mundial de Clubes, Ronaldinho e companhia entraram no gramado do Le Grande Stade, em Marrakesh (Marrocos) em busca da vaga na final do torneio. Contudo, não conseguiram superar o Raja Casablanca, anfitrião indigesto.

Apesar de terem se passado sete anos daquela noite fria em solo marroquino, o #RajaDay se tornou motivo para alimentar a rivalidade com os cruzeirenses que, mesmo amargando a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro, usam a hashtag para celebrar a queda do alvinegro pelas redes sociais. Contudo, o mesmo não acontece no país africano; nem por parte dos torcedores do alviverde e nem na imprensa.

Apaixonado pelo Atlético desde aquele dia, quando foi ao estádio empurrar o Casablanca, o agente de turismo Abdéllatif Masoudinho estranha tal comportamento. Em entrevista ao Hoje em Dia, ele diz que a rivalidade entre Raja e Wydad, os dois grandes de Casablanca, não permite que feitos do passado sejam celebrados anualmente. Lá, isso é visto como "atitude pequena", como ele diz.

"Aqui na cidade de Casablanca não podemos festejar as velhas conquistas, só podemos festejar o que conquistamos agora, porque temos duas grandes e fortes equipes. Se os torcedores do Raja Casablanca celebrarem hoje a conquista que foi em 2013, os do Wydad vão rir.  Então, aqui na cidade de Casablanca, comemoramos apenas no período em que vencemos, e o Raja, desde 2014, está em crise", comenta.

"Um novo presidente foi nomeado ontem no clube e a torcida não ficou satisfeita com a forma como o time tem atuado. O Raja, desde 2018, trouxe apenas 8 jogadores, além de estar vivendo  uma crise financeira", acrescenta.

Fã do futebol brasileiro e atleticano desde 2013, Masoudinho aprendeu a falar português em conversas de Whatsapp e ouvindo a Rádio Itatiaia. Em visita ao Brasil, em 2019, ele conheceu a Cidade do Galo e pôde ver um jogo do Atlético em solo tupiniquim. Ciente da rivalidade com a Raposa, o marroquino critica a postura dos celestes de zombar do fato que nesta sexta-feira (18) completa sete anos.

"Fica a dúvida: os torcedores do Cruzeiro podem comemorar isso agora, estando na segunda divisão do Campeonato Brasileiro? Acho que não podem, porque todos os torcedores brasileiros vão rir deles", diz.

"Somos diferentes do brasileiro. No Brasil você comemora todos os dias até a derrota da Seleção Brasileira contra a Alemanha, por 7 a 1. Aqui no Marrocos, comemoramos apenas a semana da coroação, depois é como se nada tivesse acontecido", finaliza.

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