Sérgio Sette Câmara acelera para se tornar terceiro mineiro na F-1

Felippe Drummond Neto
Hoje em Dia - Belo Horizonte
24/12/2015 às 08:35.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:27
 (Flávio Quick/Divulgação)

(Flávio Quick/Divulgação)

Confirmado há duas semanas como novo integrante do programa de desenvolvimento da Red Bull Racing (RBR), o belo-horizontino Sérgio Sette Câmara, de 17 anos, está cada vez mais próximo de se tornar o terceiro piloto mineiro a entrar para a Fórmula 1, principal categoria do automobilismo mundial. Até hoje, o Estado foi representado pelos pilotos Alex Dias Ribeiro, na década de 70, e mais recentemente por Cristiano Da Matta, no início dos anos 2000.

Mesmo tão próximo, Serginho faz o que pode para controlar a ansiedade. “Acredito que a F1 seja o objetivo final da minha carreira. Porém, a minha meta é um bom resultado na Fórmula 3 Europeia, ano que vem. Estar rápido e lutar por vitórias em todas as corridas. Assim, naturalmente, estarei lutando pelo título. Prefiro não fazer um prognóstico sobre a chegada à F1, mas, com certeza absoluta será uma grande honra chegar lá para representar o nosso Estado”, comenta o piloto.

 
Após ficar uma temporada na Europa, para seu primeiro ano na F3, Serginho chegou nessa quarta (23) à capital mineira com ótimos resultados conquistados. Pela equipe Motopark/Timo Rumpfkeil, ele alcançou o terceiro lugar em Zandvoort, na Holanda, e quebrou o recorde de volta mais rápida no circuito de Macau, despertando o interesse da RBR, onde espera trilhar o caminho que levou Sebastian Vettel, Daniel Ricciardo, Max Verstappen, Daniil Kvyat e Carlos Sainz Jr. à Fórmula 1.

“O apoio da RBR e participar do Junior Team são grandes oportunidades para a minha carreira, mas não me garante chegar à F1. Terei avaliações periódicas e o contrato é muito claro quanto às expectativas do investidor. Se eu tiver bons resultados, for competitivo e estiver alinhado com os interesses da marca, eles seguem comigo. Caso contrário, assim como eles me procuraram, simplesmente me agradecem e tiram o apoio”, explica o piloto.

Falta de apoio

Apesar de estar tão perto de realizar seu sonho, Serginho não está satisfeito com o atual momento do automobilismo brasileiro, que só tem formado pilotos para categoria de turismo.

“Infelizmente, as categorias de fórmula no Brasil e na América do Sul estão muito abandonadas. A principal categoria é a F3 Brasil, que usa chassis muito velhos (2001 na classe Light e 2009 na principal). Fora isso, os motores são muito ultrapassados”, avalia.
 
Entrevista Sérgio Sette Câmara

Até hoje, somente dois pilotos mineiros chegaram à Fórmula 1 (Alex Dias Ribeiro e Cristiano da Matta), como você enxerga a possibilidade de ser o terceiro?

Acredito que a F1 é o objetivo final da minha carreira. Porém, a minha meta para 2016 é conquistar um bom resultado na F3 Europeia. Estar rápido e lutar por vitórias em todas as corridas. Assim, naturalmente, estarei lutando pelo título. Prefiro não fazer um prognóstico sobre chegada a F1, mas, com certeza absoluta este é o meu objetivo e será uma grande honra, representar o nosso estado.

Qual a dificuldade de formar pilotos de fórmula no Brasil, já que o automobilismo brasileiro se converteu para as categorias de turismo?

Infelizmente as categorias de fórmula no Brasil e na própria América do Sul estão muito abandonadas. A principal categoria e a F3 Brasil mas que usa chassis muito velhos (2001 classe Light e 2009 na principal). Fora isso os motores também são muito ultrapassados. Outras iniciativas estão aparecendo em locais isolados como no Rio Grande do Sul ou no Uruguai mas sempre com pouco incentivo, quase nenhuma visibilidade e, com isso, pouco atrativo técnico para os pilotos e de retorno de imagem para os investidores. Desta forma, realmente para se desenvolver, o piloto precisa ir para a Europa (visando a F1) ou para os Estados Unidos (visando a Indy).

Com este apoio da Red Bull, falta mais alguma coisa pra você ter chance de chegar na F1?

O apoio da Red Bull e participar do Junior Team são uma grande oportunidade para a minha carreira, mas, não me garantem chegar na F1. Terei avaliações periódicas e o contrato é muito claro quanto às expectativas do investidor. Se eu tiver bons resultados, for competitivo e estiver alinhado com os interesses da marca eles seguem comigo. Caso contrário, assim como eles me procuraram um dia, simplesmente me agradecem e tiram o apoio. Claro que a história mostra que eles normalmente acertam nas apostas dos pilotos do Junior Team é já levaram vários até lá. Por isso, acredito que depende exclusivamente de mim já que a equipe vai me oferecer equipamentos competitivos.

Por ser brasileiro, já existe uma cobrança sobre você em relação ao Senna? O que o Senna representa pra você?

Tenho 17 anos e nunca vi uma corrida do Ayrton ao vivo é claro. De qualquer modo, participo de corridas desde os meus seis anos de idade e sempre ouvi muito falar dele, até mesmo na Europa, quando eu fui competir por lá. Já assisti a muitos filmes, vídeos, compactos de corrida e não há dúvidas de que ele é o meu maior ídolo de todos os tempos. Porém, não sinto que exista uma cobrança sobre mim no que diz respeito a ser um novo ídolo brasileiro na F1.

Atualmente quem é o piloto que mais te inspira? Por outro lado tem alguém que você olha e não admira?

Desde garotinho, me inspiro muito no Vettel. Acho ele um grande exemplo de piloto focado, sério, vencedor, comprometido, mas, que consegue se blindar de certa forma quanto a sua vida pessoal sem deixar de ser simpático e atencioso com todos. É realmente um cara inspirador para mim. Por outro lado, o estilo de um piloto como o Raikkonem ou Hamilton, por exemplo, eu já não acho muito legal. São caras que não existe a menor dúvida quanto a capacidade e talento deles, mas, que deixam transparecer uma imagem de que não estão muito comprometidos com tudo que envolve a presença deles lá. Seja com atitudes na pista ou fora delas, nos bastidores deixando expostas suas vidas pessoais. Não acho isso legal.

Alguma vez passou pela sua cabeça ao invés de tentar o caminho da F1, ir para os EUA tentar a Indy? E porque você optou pela Europa?

Tenho apenas um ano de fórmula, estou ainda "engatinhando" nas pistas e preciso aprender muita coisa. Aliás, uma das grandes vantagens do Junior Team e, acredito que motivo do Grande sucesso deles, e exatamente a possibilidade de ensinar e treinar os pilotos desde bem novos. A F1 é o meu objetivo e quero muito chegar lá como um piloto 100% preparado, com chances reais de ser competitivo e brigar pelos melhores lugares nas corridas.

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