Seleção Brasileira cada vez mais distante da torcida

Wallace Graciano - Enviado Especial
01/06/2014 às 09:39.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:49
 (Wallace Graciano)

(Wallace Graciano)

TERESÓPOLIS - O sol nem tinha aparecido em meio ao horizonte quando o corretor de imóveis João Paulo de Oliveira, de 45 anos, colocou a mochila no carro. Ao lado de dois amigos, ele partiu de Ubá, na Zona da Mata mineira, tomando como rumo Teresópolis, no Rio de Janeiro. Tudo para assistir a um treino da Seleção Brasileira. Os 228 quilômetros que separam os dois municípios foram superados facilmente em questão de três horas. Complicado foi convencer a cúpula da CBF que eles mereciam uma oportunidade de apoiar Felipão e seus comandados, na Granja Comary.    Desde o início da semana de treinos, somente alguns dos moradores do Condomínio Comary, onde está localizado do “QG da Seleção Brasileira”, ou convidados de patrocinadores conseguem visualizar, mesmo de longe, Neymar e companhia durante os treinos.    João Paulo sabia disso. Por isso, já previa que o acesso não seria fácil, o que se comprovou. Porém, não gostou da medida. “A Seleção Brasileira é festa. Aproveitei que tenho um amigo aqui em Teresópolis e vim para cá para vê-la. Mas, como já imaginava, não tive como acessar a Granja Comary. Uma pena. Em 2010, durante a preparação pré-Copa, eles liberaram o acesso em alguns dias”, reclamou o torcedor.   Quem também não gostou nem um pouco da postura foi a estudante Michele Araújo, de 17 anos, que mora em Teresópolis. Ao lado de João Paulo, ela e outras centenas de torcedores se amontoaram em frente ao Condomínio Comary, desde as primeiras horas do dia. Do local, trouxe só a frustração.    “Estou aqui desde cedo. Sabia que era difícil, mas bem que poderiam abrir os portões somente um dia, né? [sic] Vou continuar vindo aqui, quem sabe consigo depois. Quero ver o Neymar”, afirmou a estudante.   Condôminos barrados   Mesmo os moradores do Condomínio Comary encontram dificuldades para assistir aos treinos. Com a Seleção no local, a rua que separa o lago da Granja Comary foi cercada. Assim, a visão para do campo de treinamentos só era perceptível através da lente de um binóculo.   Foi assim que os pequenos Pedro, Rafael e Felipe conseguiram assistir um pouco do toque de bola dos ídolos. Cerca de 100 metros distantes do gramado principal da Granja Comary, eles comemoravam a cada jogador que conseguiam identificar.    Pedro é filho do engenheiro José Carlos Neves, de 37 anos, e da médica Michelline Neves, 42. Eles moram no Rio de Janeiro e subiram a serra neste sábado especialmente para conferir um dos treinos da Seleção. A mãe do garoto foi quem não gostou nem um pouco de saber que não conseguirá satisfazer o desejo do filho e dos amigos dele.    “Não é privilegiada nem um pouco (a vista). Não tivemos acesso aos treinos. A gente vem todo final de semana, andamos até o lago, mas hoje, que é bom, não deixam chegar perto. Viemos com os amigos dele, mas não conseguimos ver nada daqui”, reclama Micheline.   Somente os moradores da parte de trás do condomínio conseguem uma boa visão dos treinamentos. Eles tiveram, inclusive, contato com Julio Cesar e David Luiz, que pularam as grades do local durante a semana de treinos para aproximar o contato.   A cúpula da CBF prometeu que irá liberar o acesso, mesmo que limitado, de torcedores ao local. Ainda não foi confirmado como ou quando será feito. Há a promessa, inclusive, que vítimas da tragédia que assolou Teresópolis em 2011 consigam assistir a um treino da Seleção. Até lá, a torcida aguarda a oportunidade de transmitir carinho aos ídolos. 

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