Semifinais do mundo: quarteto que segue na Copa reflete novo mapa e força dos imigrantes

Frederico Ribeiro
Hoje em Dia - Belo Horizonte
08/07/2018 às 20:21.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:17
 (Roman Kruchnin/AFP e Franck Fife/AFP)

(Roman Kruchnin/AFP e Franck Fife/AFP)

ENVIADO ESPECIAL

MOSCOU – Se futebol e política não se misturam, a Copa do Mundo 2018 precisa ser cancelada. Na semifinal, o sangue africano estará bem representado, mesmo sem ter nenhuma seleção no mata-mata pela primeira vez desde 1982. São seus filhos que ditarão o ritmo do duelo Bélgica e França. Na outra ponta, a Croácia dos Bálcãs derrotou a inimiga Rússia para encarar a ex-“senhora do mundo” Inglaterra, cujo o camisa 10 não nasceu sob os olhos da Rainha.
Amanhã, às 15h, França e Bélgica colocam seus atacantes para correr. Uma disputa pela vaga na final em São Petersburgo, o berço da Revolução Russa.

Rivalidade que se iniciou na partilha da África e, indiretamente, levou os sobrenomes Mbappé e Lukaku a esta semifinal. E por questões de quilometragem, apenas, os dois centroavantes poderiam estar usando a camisa um do outro. Romelu Lukaku é descendente do Congo Belga (atual República Democrática do Congo), enquanto Kilyan Mbappé carrega Camarões no DNA. O país de Samuel Eto’o foi colonizado pela França, que pegou o território anexo ao outro Congo – a atual República do Congo.

A França que ergueu a Taça Fifa pela única vez em 1998 numa formação marcada pelos africanos e o muçulmano Zidane, se mantém nos últimos anos com seus “negros maravilhosos”. Ainda há outras etnias fora da África que formata a equipe de Didier Deschamps. Raphael Varane é da Martinica, ilha caribenha dominada pela França, cuja a população se formatou nos negros africanos das colônias imperiais. O departamento ultramarítimo também fez nascer Axel Witsel, regente do meio de campo da Bélgica, e até mesmo o ex-atacante Thierry Henry, ídolo francês e auxiliar técnico belga.

Bélgica e França não mantém domínios africanos desde o fim da 2ª Guerra, que alavancou a Rússia como potência mundial. Mas seguem bebendo o sugo das ex-colônias para tentar dominar o universo futebolístico, num momento político de criação de leis restringindo a chegada de imigrantes e refugiados para a Europa.
Jogo de xadrez

Em Moscou, no palco da decisão da Copa do Mundo, a Croácia enfrenta a Inglaterra para definir o segundo finalista do torneio. A Seleção de Modric só existe graças à independência da Sérvia em meio à queda da Cortina de Ferro. Num jogo de xadrez, encarará o English Team de Raheem Sterling, o camisa 10 nascido na Jamaica.

Por falar no jogo de tabuleiro, o maior jogador de todos os tempos, Gary Kasparov é o símbolo do conflito Croácia/Rússia vencido na bola e nos pênaltis. O enxadrista nascido no Azerbaijão (ex-União Soviética) se tornou opositor de Putin, já foi preso em protestos e é exilado político na Croácia, que tenta a final inédita da Copa, assim como a Bélgica, cujo o maior enxadrista (Mikhail Gurevich) nasceu na Rússia.

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