Siderúrgica comemora 50 anos do bicampeonato mineiro que parou Sabará

Gláucio Castro - Hoje em Dia
13/12/2014 às 11:41.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:22
 (LUCAS PRATES)

(LUCAS PRATES)

“O futebol não acaba nunca. O esporte tem esse poder de estar sempre vivo na nossa memória”, filosofa Aldeir Borges Pinto, 75 anos, ao relembrar os momentos de glória vividos como jogador do Siderúrgica, de Sabará, na Grande BH. Há exatos 50 anos, este aposentado bom de prosa saía do banco de reservas para marcar o gol do bicampeonato mineiro do clube da cidade histórica que atualmente não conta mais com time de futebol profissional.   Em partida disputada no dia 13 de dezembro de 1964, no antigo Estádio da Alameda, no Santa Efigênia, o chamado Esquadrão de Aço bateu o América por 3 a 1 e levantou a taça, conquistada pela primeira vez em 1937, diante do Villa Nova.   A decisão contra o Coelho entrou para a história não só pelo feito do Siderúrgica, mas também por ter sido a última final estadual realizada antes da abertura do Mineirão, inaugurado em 5 de setembro de 1965.   “Sabará parou naquele dia”, conta o ex-centroavante Aldeir, que hoje vive com a família no bairro Caiçara, em Belo Horizonte. “Logo que terminou a partida, eu estava tão eufórico que nem esperei os meus companheiros para voltar com eles de ônibus. Peguei um táxi e fui direto para Sabará, ainda de uniforme e com a bola do jogo nas mãos. Foi uma festa quando eu apareci. Depois chegaram meus companheiros e a alegria ficou ainda maior”, relembra.   Com o passar dos anos, a bola, o uniforme e outras recordações do Siderúrgica acabaram desaparecendo. A única peça que sobrou e até hoje é guardada com muito carinho pelo goleador é o meião usado no dia da grande final. “Quando está muito frio eu uso para dormir e depois guardo com todo cuidado”, explica entusiasmado.   Mas parece que o bicampeonato do Siderúrgica não foi muito valorizado, pelo menos pelo seu maior patrocinador. Três anos após da segunda conquista estadual, a Belgo-Mineira anunciou o fim do patrocínio, o que levou o clube a fechar suas portas em 1967.   Outro remanescente daquele título, o goleiro Djair Fabrício do Vale, 76 anos, ainda vive em Sabará, mas trata a conquista com mais naturalidade e menos empolgação. “Quem vive de passado é museu. Foi uma época muito boa, mas eu não vivo em função disso".   Clube sabarense nasceu da tradicional ‘pelada’  

Só festa – jogadores do Siderúrgica comemoram o bicampeonato mineiro no gramado (Foto: Centro de Memória ArcelorMittal)   A extinta equipe de Sabará foi a primeira a disputar um jogo oficial por uma competição nacional no recém inaugurado Mineirão. No dia 29 de setembro de 1965, menos de um mês após a abertura do Gigante da Pampulha, o Siderúrgica venceu o Atlético-GO por 3 a 1, na decisão do Grupo Central da Taça Brasil, garantindo o direito de encarar o Grêmio por uma vaga nas quartas de final.   O time, que gravou seu nome na história do futebol mineiro com dois títulos, nasceu por acaso. Todos os dias, funcionários da então Belgo Mineira se reuniram após o expediente para bater aquela tradicional “pelada” entre amigos, até que o gerente-geral da empresa, Louis Ensch resolveu “comprar” a ideia e investir na turma.   Em 31 de maio de 1930, o clube foi fundado e, em 26 de julho, sacramentou sua fusão com o Recreio Club, que utilizava a praça de esportes da Praia do Ó. No local foi construído o estádio da Praia do Ó, que ainda existe. Depois de encerrar as atividades no profissional, o Siderúrgica segue em competições amadoras.   FICHA TÉCNICA AMÉRICA: Davi; Luisinho (Robson), Klebis, Zé Horta, Catocha; Zé Emílio, Nei; Geraldo, Jair Bala, Dario, Sérgio. Técnico: Moacir Rodrigues. SIDERÚRGICA: Djair; Geraldinho, Chiquito, Zé Luis, Dawson;Edson, Paulista; Ernane, Silvestre, Noventa (Aldeir), Tião Cavadinha. Técnico: Yustrich GOLS: Ernane, aos 21, Noventa, aos 24, e Aldeir, aos 44 do 1º tempo; Jair Bala, aos 33 do 2º 

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