Siderúrgica tenta não ser página virada em Sabará

Henrique Ribeiro - Do Hoje em Dia
17/07/2012 às 07:17.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:36
 (Arquivo Siderpurgica Futebol Sabará/Reprodução Hoje em Dia)

(Arquivo Siderpurgica Futebol Sabará/Reprodução Hoje em Dia)

GLÓRIAS – O Siderúrgica treina tendo ao fundo as chaminés da Belgo Mineira. E nos duelos contra os times da capital, como contra o Atlético, a torcida de Sabará apoiava em peso, o que ajudou para que o time fosse campeão em 1964 - Foto: Arquivo Siderúrgica Futebol Sabará/Reprodução Hoje em Dia

Falta uma página na história da tricentenária Sabará. Desde que a Companhia Belgo Mineira interrompeu o apoio que dava ao Siderúrgica em 1967, a cidade histórica lamenta a ausência do seu campeão nos gramados. Os títulos mineiros de 1937 e 1964 e as grandes façanhas do alvianil sobrevivem apenas na memória de seus ex-atletas e nos álbuns de fotografias.

O Estádio da Praia do Ó, que foi desapropriado pela prefeitura, está em situação de abandono. As arquibancadas de madeira e instalações antigas aindam resistem, mesmo deterioradas e sem conservação. Um grupo de siderurgicanos ainda tenta recolocar o clube na elite do futebol mineiro. No ano passado, ocorreu a quarta tentativa de reativação do time profissional do Siderúrgica, que disputa, desde então, a terceira divisão do Campeonato Mineiro. No entanto, sem o apoio das autoridades locais, o clube ainda está longe de reviver os tempos do temido “Esquadrão de Aço”.

A história do Siderúrgica começou com um grupo de empregados da Belgo Mineira que se reunia para jogar bola após o expediente. E foi numa barbearia que decidiram criar um clube para disputar o Campeonato da Liga Mineira. O gerente-geral da empresa, Louis Ensch, sempre atento ao movimento dos empregados, prometeu então o apoio da usina e ainda sugeriu o nome Sport Club Siderúrgica. Em 31 de maio de 1930, o clube foi fundado e, em 26 de julho, sacramentou sua fusão com o Recreio Club, que utilizava a praça de esportes da Praia do Ó – o nome se deve ao formato circular do local.

A estreia nos gramados foi na derrota por 5 a 4 para o Alves Nogueira, em 17 de agosto de 1930. O Alves era o clube mais antigo da cidade e disputava a Primeira Divisão do Campeonato de Belo Horizonte desde 1926. Com o apoio da Belgo, a ascensão do Siderúrgica foi meteórica. Após disputar e vencer o Campeonato da Segunda Divisão em 1932, participou do movimento de adoção do regime profissional, que mudou os rumos do futebol mineiro. E em 1937, entrou para a história ao fazer a primeira final do interior contra o Villa Nova.

Todos os jogadores eram empregados e recebiam seus salários de atleta pela empresa. “A maioria trabalhava no setor de modelagem e fazia serviços leves, como pintura”, explica o ex-atacante Michel Spadano, que atuou na década de 1950. Ele foi o autor do primeiro gol transmitido ao vivo por uma emissora de televisão em Minas Gerais, na partida contra o Villa Nova, no Independência, em 1952. “Dias depois o América veio jogar com a gente na Praia do Ó. A partida foi a primeira transmitida do interior para a capital”, recorda.

Mas Michel lamenta a atuação das arbitragens, que sempre favoreceu os times da capital em jogos decisivos. “Fomos prejudicados nos campeonatos de 1950 e 1952, ganhos pelo Galo. Os juízes não deixaram o Siderúrgica levantar o caneco”, diz.

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